Eu Vejo Você

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   Desaparecidos. É a palavra mais usada pelo jornal da minha cidade. A palavra que tira meu sono. A palavra que tira o meu ar.

– Eu sei. Ela não está aqui.

   De repente houve uma onda de desaparecimento de pessoas. Ninguém sabe por que, e eu fiquei com medo de perder alguém. Sabemos que para a vida desandar é um pulo, mas, por mais difícil que seja de acreditar, uma cidade inteira também pode levar o mesmo pouco tempo para entrar em desespero. Se alguém, ou algo estiver determinado a seguir por caminho de destruição, é pedra, quem somos nós, vidraças, para impedir?

   Eu achei maravilhoso ver minha tia depois de dias sem conseguir contatá-la, mas junto veio a notícia de que ela havia desaparecido. Minha mãe disse:

“Leo, querido, ela não está aqui... – Ela sussurra mais baixo para meu pai – Tadinho, acho que ele está abalado demais.”

   Rostos tristes. Rostos preocupados. Terapia.

– Não consigo ser otimista sem... com ela aqui. Eu tentei, mas é difícil não conversar com uma pessoa desesperada por alguém da família que a veja.

– Eu sei que é difícil, mas a terapia vai ajudar. Vai ficar tudo bem.

   Batidas na porta e a recepcionista entra.

– Doutora, está falando sozinha? Seu paciente não tinha chegado?

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