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Caminho de volta

Tic, tac, tic, tac...

Mais uma noite, e mais uma vez a Nina, contava os segundo para se levantar da cama, sem pressa saiu dos lençóis de seda exageradamente caros que sua mãe comprou.

Sentiu um pouco de dor no quinto metatarso do pé esquerdo enquanto dava passos lentos até o quarto de banho, sinal de que a temperatura mudaria, depois que tirou o gesso a cinco anos atrás seu pé se encarregava de lhe informar sobre a metereologia.

Sem olhar no espelho escovou seus dentes, tirou o pijama de algodão rosa bebé que cobria seu corpo quase perfeito, pelo menos para ela, os riscos das dobras que ameaçavam sair em suas costelas não lhe agradavam.

Depois de abrir o chuveiro, colocou-se por baixo do mesmo enquanto a água morna escorria por seu corpo.

_merda! Exclamou assim que a água molhou um fio do seu cabelo antes Crespo, agora agredido por cremes relaxantes de cabelo, devia ela lembrar-se de agradecer a sua mãe por sua genética, seu cabelo era extremamente bonito.

Saiu assim que a água limpou toda a espuma do seu gel de banho de cerejas.

Um coque na nuca, maquiagem bem feita sem deixar de usar um batom nude, uma camisa preta, saia justa da mesma cor, pouco abaixo do joelho, scarpin e bolsa creme. Pronto,sua fantasia de Mulher de negócios estava pronta.

Desceu escada abaixo enquanto olhava o dia nublado pelas janelas enormes da casa onde vivia com sua mãe e seu irmão.

_está cheirosa filha. Nina ouviu sua mãe falar assim que entrou na sala de refeições.

_obrigada mãe. Disse sem muito ânimo

_estás muito bem disposta para uma sexta- feira. Disse à mãe da Nina, a dona Elisabeth com o seu bom humor de sempre, o que roubou um sorriso fraco da Nina.

_não dormi muito bem essa noite, me desculpe.

-pesadelos de novo? Perguntou sua mãe agora preocupada

_sim, sonhei com o papá,sinto falta dele. Disse antes de dar uma mordida em sua tosta de peito de frango e pão integral.

_eu também sinto. Disse à dona Beth, não gostava daquele assunto, afinal de contas não era fácil lembrar que seu marido havia morrido e mesmo depois de muito tempo sua família sente a dor de sua ausência.

_ e o Junior? Ainda a dormir? Perguntou Nina na esperança de furar a bolha em que sua mãe estava presa em pensamentos.

_Claro, chegou esta manhã.

_e onde ele estava?

_em uma festa,segundo ele a trabalhar como Dj. O que é DJ?

A Nina não conseguiu segurar o riso ao ver a cara confusa de sua mãe.

_um dia ele ganha Juízo. Disse por fim

_mas quando Nina?questionou sua mãe indignada, ele já tem 24 anos, terminou a faculdade a três anos, ainda assim não faz nada de jeito.

_Calma mãe, com tempo as coisas se resolvem, por enquanto eu e o Maurício comandamos a empresa.

_e te agradeço por isso filha, e agradeço ao Maurício também por sempre estar connosco, mas me preocupa o facto de não dares espaço a ele ,digo , é óbvio que ele gosta de ti, e eu sería feliz em ter netos com a genética dele.

Sorriram as duas.

Maurício era o melhor amigo da Nina, conheceram-se ainda bebés já que suas famílias eram amigas, e quando Nina perdeu seu pai, ele esteve lá, e compartilharam da mesma dor, já que o pai do mesmo havia perdido a vida alguns anos antes.

Nina formou-se em Administração de empresas, para comandar a empresa de seu pai, a construtora Abreu que já era muito prestigiada quando ela começou a Administrar, aos 21 anos, e como sempre o Maurício esteve lá, com suas três licenciaturas de Direito, contabilidade e Marketing.

Nina chegou a empresa as 7:00h o Pedro seu motorista abriu a porta do carro para que ela saísse e se foi assim que a sua chefe deu ordens para que viesse lhe buscar no fim da tarde.

Com um pé em frente ao outro e o nariz arrebitado entrou em sua empresa arrancando o olhar de todos os seus trabalhadores, ninguém imaginava que aquela Mulher tão imponente usava pijama de algodão composto por um calção e uma blusinha infantil, muito menos que tería pesadelos a noite porque o calor dos braços do seu pai lhe faziam falta.

Seus passos firmes a levaram ao elevador que subiu ao vigésimo andar, onde ficava a sua sala e a do seu Melhor amigo.

Passou pelas secretárias cumprimentando com um simples aceno de cabeça.

E entrou em sua sala.
Se surpreendeu ao ver Maurício ali, a esperando com o seu fato zinza chumbo, camisa preta e sapatos italianos da mesma cor, um relógio que ela não fazia questão de saber qual é a marca seu panque despenteado mas a barba bem feita com um corte recto no queixo.

Se aquele não fosse o Maurício, o amigo de infância, que ela conhecia bem, se ela não soubesse como fica sua cara ao acordar, se não soubesse como ele fica engraçado quando come batata frita e se suja com mayonese , ela facilmente se apaixonaria, é o tipo de homem que lhe atrai, e o cheiro do seu perfume era só para finalizar a perfeição daquele homem, Maurício Cabral.

_bom dia. Ele diz e sorri

_bom dia. Nina responde com o seu mau humor matinal enquanto se sentava em sua mesa.

_waw! Mal humorada, porque isso não me surpreende? Mau, perguntou sorrindo, aquele sorriso tão perfeito.

_não me stressa a vida!respondeu ela rudemente,espero que tenhas vindo a trabalho e não para me jogar seu bom humor na cara, sei que estiveste em uma festa ontem, e saíste de lá acompanhado.

_ andas bem informada. Estive sim, precisava me aliviar enquanto tu não me aceitas como seu esposo.

_ só informo que te vais aliviar mais vezes. Disse e sorriu

- temos uma reunião chata daqui a duas horas, e gostaria de te convidar para almoçar depois disso.

_sem problemas. Agora sai da minha sala seu perfume é extremamente bom, chega a incomodar-me.

_ tu me amas Nina, só não sabes. Maurício saiu da sala , mas antes piscou o olho para Nina e deixou um beijinho no ar.

A outraOnde histórias criam vida. Descubra agora