3 - ALAN

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Perdido em pensamentos, mal notei quando um dos soldados sumiu. O outro havia sacado uma espada e apontava para Vitor.

- Está na hora, vem.

Vitor levantou com dificuldade.

- Onde vão me levar? – ele perguntou.

- Cala a boca e vem logo – falei, soando mais solidário do que eu queria, enquanto pegava as tochas.

Seguir aquele plano seria pior do que eu havia imaginado. Como iria acabar? Seguimos por quase vinte metros dentro da mata quando ouvi alguns passos atrás de nós. O soldado estava com Luana. Ela estava... Bonita. Apesar do medo estampado no rosto por Vitor, ela não tinha mais nada além de paz. Nada de dragão. Nenhuma das outras tatuagens nas mãos. Ela era uma desertora completa. Mas a voz estava certa... Ela não estava sozinha. Eu podia sentir os que a acompanhavam, mas ninguém mais parecia notá-los.

Eles a empurraram em direção a Vitor.

- Faça-o ir mais rápido, ou teremos de motivá-lo – disseram para ela, mas ainda assim, com um golpe rápido, fizeram um corte em sua perna.

Desejei atirar a tocha neles.

Vitor avançou e a puxou para os próprios braços cansados.

- Eu ando, não precisa disso – falou.

Um sorriso diabólico brotou nos lábios dos dois soldados. Ela me encarou e virei o rosto. Como eu poderia continuar fitando-a sem revelar meus sentimentos conturbados? E se ela percebesse... Talvez ela não quisesse me levar junto com eles. Ela voltara por Vitor, não por mim. E era Vitor que me ajudaria a sair dali.

- Andando – um deles disse.

Prontamente me pus a andar rápido. Queria acabar com aquilo o mais rápido possível. Andamos por cerca de meia hora para a parte mais alta do campus até a cachoeira. Eu nunca havia ido ali em dias comuns, mas hoje, um denso nevoeiro cobria o lugar. Eu havia ouvido histórias sobre aquele lugar. Vitor já havia executado muita gente ali. Era uma espécie de poesia sinistra o que eles estavam fazendo?

Assim que enfinquei as tochas no chão, eles puxaram Luana de Vitor. Ele tentou segurá-la.

- Ah não, nada disso – disseram com raiva.

Um deles puxou Vitor e o jogou no chão, de joelhos. O outro colocou Luana da mesma forma com uma arma apontada para a cabeça.

- Não! - Vitor gritou.

- Você pode impedir, basta contar o que quero saber. Onde estão os desertores?

- Eu não posso...

- Certo. Vou te dar três segundos. UM.

De onde aquela arma viera? O que eu poderia fazer agora?

DOIS.

Espere, a voz me falou. Mas eu estava em pânico.

Você disse que tudo acabaria bem!

E você começou a me conhecer agora. Mal sabe que uso as coisas ruins para transformá-las em boas.

Eu queria retrucar, mas o que aconteceu à minha frente, foi tão rápido que mal tive tempo para raciocinar.

TRÊS...

- Espera! – Luana gritou.

Nós a encaramos.

- Talvez eu possa ajudar. Tenho um mapa com a localização das colônias.

- Luana - Vitor falou firme. Era uma ordem de se calar, mas ela lhe lançou um olhar de: Entra no jogo. AGORA.

A Guerra dos Mundos - Até o Fim (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora