Prólogo

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Malú

Uma linha vermelha bem visível.
Ok. Mantenha a calma!

Estou no banheiro da casa de Guga, e ele está do lado de fora, esperando, provavelmente tão ansioso quanto eu.

Essa tem sido minha casa no último mês, desde que tudo aconteceu.
E quando digo "tudo" quero dizer muita coisa mesmo.

Ele me chama do outro lado.
Seu tom é compassivo e calmo, como sempre é.

— Malú, está tudo bem?

De certa forma é muito bom ter alguém me esperando do outro lado.
Hoje, Guga é tudo o que eu tenho.

Observo o teste de gravidez em minhas mãos trêmulas e noto uma segunda linha aparecer.

Não, não, não!

É clara, mas ainda assim eu a vejo.

— Malú?

Me apoio na parede e me olho no espelho do armário.
Várias perguntas começam a passar de maneira desordenada pela minha cabeça:

O que eu vou fazer?

Para onde eu vou?

Como vou cuidar desse bebê se não tenho nem mais um emprego?

E tem mais uma pergunta, uma que me destrói por dentro, corroendo tudo, me fazendo desejar até mesmo a morte, mas eu a afasto, bloqueando qualquer pensamento que me faça desmoronar aqui e agora.

Positivo.
Estou grávida!

Um outro pensamento ruim me passa pela cabeça, mas eu não poderia, eu jamais faria isso.

— Malú? — ele chama novamente.

— Oi. Guga...
— O que eu vou fazer? — pergunto. A realidade me atingindo como uma onda gigante.

Ficamos os dois em silêncio por alguns minutos, Guga compreendendo sobre o resultado sem que eu precise dizer.
Então ele pede para que eu abra a porta.

Eu abro, olhando para meus pés. Me sinto envergonhada demais para encará-lo.

Nós dois nos sentamos no chão do pequeno banheiro e eu acomodo minha cabeça em seu ombro.
Os cachinhos fazendo cócegas em meu rosto.

— Eu estou com você. Ok? Vamos dar um jeito em tudo. Você não está sozinha. Tudo bem?

Eu faço que sim. O rosto coberto por lágrimas.

Inferno!
O que eu fiz para merecer tudo isso?

É claro que nada está bem.

****

Lis me liga meia hora depois, como faz todos os dias.
É incrível que ela tenha tempo para meus problemas quando eu sei que ela está ocupada demais cuidando do Thomas.

Minha vontade é não atendê-la, mas eu não posso, porque preciso dela, agora mais que nunca.

— "Oi Malú."

Fecho a porta do quarto e depois me jogo na cama.

— Oi, Lis.

Ela faz uma pausa rápida.

— "Você me parece abatida hoje."

— Sim.

Ela suspira do outro lado. Parece tentar encontrar as palavras certas para me dizer o mesmo que tem dito por todos esses dias desde o incidente.

S. O. S Como Resgatar um BebêOnde histórias criam vida. Descubra agora