Forever Changed

III

Narrador's POV.

Tom sentia sua cabeça doer, mais do que gostaria. O homem que já foi chamado de ice está longe de se parecer com gelo agora. Ele aguarda Pete entrar pela sala e conversa sobre tudo. Do outro lado da porta, Mitchell estava inseguro antes mesmo da conversa começar. Ele se sentia culpado pelo ocorrido. E deveria. Ice percebe a porta sendo aberta, e recebe Maverick de bom humor.

– Maverick... – Ice fala com dificuldade.

– Hey, Ice... – Maverick senta na poltrona do lado da maca do amigo – Eu não sei como falar isso – Pete fica encarando suas mãos trêmulas.

– Pode começar olhando para mim – Ice sorriu – Seria um bom começo.

– É verdade – Seus olhos se encontram mais uma vez naquele fatídico dia.

– Você tem noção do que ia fazer, Maverick?

– Eu não estava pensando direito.

– Porra, é tudo que tem a dizer? Meu deus, Maverick, você deixou seu filho preocupado, ele viraria um órfão e.... – Tom não consegue completar a frase, e lágrimas descem pelo seu rosto.

– E eu ia te deixar – Ele completa – Eu sei de todas essas possibilidades, mas não estava no meu melhor. Não tenho controle sobre isso.

– Ninguém tem, Mave – Tom enxuga suas lágrimas, e continua – Pensamentos suicidas são recorrentes quando a pessoa está num quadro de depressão ou algo do tipo. Você sabe que estou aqui por ti, certo?

– Eu sei sim, obrigado – Pete completa – Eu luto contra isso desde do abandono da minha esposa – Maverick revela o motivo por ter escondido tanto tempo.

– E não melhorou quando finalmente resolveu pedir ajuda? – Ice pergunta-lhe.

– Além dos meus problemas, preciso lutar diariamente com as questões de Charles – Voltando o seu olhar ao chão. Pete sente a mão quente de Tom pegando em seu rosto.

– Eu te odeio, Pete Mitchell – Essa revelação pega Pete de surpresa – Eu te odeio pelo simples motivo de não poder te odiar, não consigo ficar com raiva de ti, pelo contrário, tudo só se expande dentro de mim – Pete finaliza esbanjando um sorriso no rosto.

– Não queria te envolver nisso tudo e aliás, sinto muito pelo acidente. Não me perdoaria se algo acontecesse a ti – Pete sorri ao amigo.

– E preciso te perguntar algo – Ambos falam sincronicamente

– Você primeiro – Maverick fala mais rápido que o flash.

– Dylan não é meu marido, tudo bem? Só ficamos. Ele é casado com um cara na Alemanha ou Austrália, não lembro bem.

– Não estou entendendo seu ponto.

– E ele sabe que me importo bastante contigo – Tom continua, mas é interrompido pela piada de Maverick.

– É mesmo?

– Juro por Deus, Maverick, que vou meter o soco em ti quando sair daqui.

– E sim, eu entendi, só estava brincando – Pete acaba se entregando.

– O que me diz?

– Preciso pensar, digo, não sei muito bem. Podemos tentar?

– Dylan está com viagem marcada e não sabe exatamente quando virá, mas eu não quero estar com alguém só por estar.

– Entendo.

– Você sabe que odeio respostas assim, não é?

– Estou te escutando, caramba – Pete joga a almofada nele, fazendo Tom gargalhar. Como ele sentia falta disso.

– Eu não quero que saíamos do hospital e procuremos algum padre para oficializar o matrimônio.

– Não? Que pena.

­– MAVERICK, é sério, vamos tentar? Joseph gosta muito de Charles e sei que eles entenderiam, são crianças inteligentes e conscientes.

– Sabe de uma coisa? Eu gostei de você antes, só não falei para você na academia, pois tive medo de perder minha posição.

– Eu acabei me aceitando depois que me formei. Nada na época, sabe?

– Sei sim.

– Tudo bem então. Estou aguardando sua resposta.

A troca de olhares por alguns minutos acabou levando Pete a beijar Tom. Nunca ultrapassaram os limites. Até agora. O beijo foi leve, e Tom puxa Mitchell para perto dele. Aquele momento parecia um desfecho de contos de fadas, mas estava acontecendo. E Pete recua, deixando Tom decepcionado.

– Sim – Pete fala, e Tom não compreende a qual pergunta seria essa resposta.

– Sim?

– Eu aceito dividir a minha vida com você, só vou precisar de um tempo para organizar e me adaptar.

– Temos todo o tempo do mundo, meu caro.

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Você sente frio e perdido em desespero

Você constrói a esperança, mas o fracasso é tudo que você conheceu

Lembre-se de toda a tristeza e frustração

E deixe-a ir

Deixe-a ir

- Linkin Park.

Epílogo – Ashes of the past

Os eventos da última primavera há 6 anos foram intensos para a nova família de Pete e Tom. Eles se casaram, no civil mesmo, dois anos depois do acidente de Ice e provável suicídio de Pete. Os garotos já estão no último ano do ensino médio. Tudo parece em ordem. Pete voltou para Top Gun, não como piloto, mas sim como instrutor. Tom era um dos líderes de lá. A relação deles não influenciaram em nada dentro da instituição. Inclusive, o jantar após a cerimônia ocorreu justamente lá.

Maverick faz parte agora de um grupo de ajuda, duas vezes na semana e substitui o líder quando ele falta. Todas as crises que passou até chegar nesse nível foram aliviadas porque esteve junto com a sua família. Aquele Maverick depressivo, suicida e desacreditado perdeu espaço para um homem totalmente renovado e com perspectiva.

As recaídas de Mave eram raras e sabia como lidar com a situação. Deixou o álcool e os entorpecentes que usava escondido.

Quando a família Kazanski-Mitchell resolveu viajar pela primeira vez, Charles teve uma crise de choro que durou horas. Ninguém conseguia acalmá-lo, somente Joseph. Pete se preocupou, no início, como o casamento afetaria ambos. Charles permaneceu calado, mas Joseph falou que eles continuariam amigos, agora irmãos. E isso deixou Maverick mais calmo. Já na viagem, Pete e Tom deram o máximo de atenção aos filhos, mas eles mesmo mandaram seus pais curtirem o momento.

– Não acredito que fizeram isso – Pete fala.

– Charles e Joseph fazem uma dupla e tanto – Tom se ajusta na cadeira, ao lado de Pete.

– Eu te amo, Ice.

– Eu sei, Maverick, e saiba que te amarei o dobro.

– Seria um problema fazer amor enquanto eles curtem o mundo deles?

– Você quer descobrir? – Pete segura na mão de Tom, indo em direção ao quarto.