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O cheiro mofado invadiu meu olfato no momento em que abri a porta amarronzada do apartamento no fim do corredor. Um olhar rápido parecia ser o necessário para observar todo o cômodo, com suas paredes descascadas de um amarelo sujo e o piso de madeira decadente que fazia barulho toda vez que mudávamos o peso de nosso corpo de um pé para o outro. Limpei minha garganta, me forçando a sorrir e me movimentar sobre o pequenino lugar, abrindo as janelas e me virando para o ser ruivo de cara enojada que me olhava com um misto de desânimo e desespero.

— Ok, não seja injusta. Esse, pelo menos, não tem cheiro de cachorro molhado. — pronunciei, um sorriso mais leve se desabrochando em meu rosto na medida em que via a menina sorrir de volta. — Vamos lá, esse daqui é até mesmo amarelo! Você sabe que ama amarelo. — argumentei. Observei a garota dar mais uma olhada pelo apartamento, a animação não parecendo mudar, mas já não possuía mais a feição negativa de quando havíamos visto pela primeira vez, duas semanas atrás.

Apesar de toda a maturidade que atribuía a minha irmã, Greta não deixava de ser uma garota de 16 anos que não parecia ter muito entendimento do porquê as coisas funcionavam da forma que funcionavam, se limitando em apenas não questionar muito sobre elas para não irritar os adultos. Certamente, mesmo que não tivesse feito qualquer comentário negativo sobre, a garota de cabelos ruivos e olhos azulados não compreendia o motivo de ter arrastado-a da nossa cidadezinha no Minnesota para a grande a caótica Nova Iorque.

Seria extremamente difícil de explicar que, sim, precisávamos abandonar a grande casa com jardim e três quartos em Minnesota para morar naquele quarto/sala devido as dívidas que nos foram atribuídas após a morte de mamãe e papai. Talvez ela não entendesse que a nossa única oportunidade de prosperar seria a de abandonar todos seus amigos de infância e toda a sua rotina para tentar a vida em Nova Iorque após eu ter conseguido uma bolsa integral na Universidade de Columbia. Mas, como eu disse, Greta não fazia muitas perguntas.

— O quarto é meu! — gritou antes de correr pelo pequeno corredor do apartamento, fechando a porta do cômodo ao chegar lá. Ri nasalado, sabendo que não seria tão fácil de tirá-la de lá.

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Merda, merda, merda. Meus dedos inquietos batucavam o tecido jeans de minha calça na medida que o trem se movimentava pelos túneis da grande cidade, enquanto eu respirava fundo numa tentativa falha de controlar minha ansiedade para com a forma lenta que ele o fazia. Sabia que não era culpa da construção eu estar atrasada, mas eu não estava afim de me responsabilizar por perder o horário após ter passado o Domingo inteiro arrumando o apartamento com Greta.

Assim que as grandes portas de metal se abriram e a multidão começou a se movimentar para fora da cápsula metálica, eu apertei o passo para fora do metrô, encarando no relógio de pulso o horário e calculando o tempo necessário até achar o meu prédio durante o gigantesco campus de Columbia.

7h49. Eu procurava pelas placas informativas espalhadas pelo longo pátio, tentando controlar minha respiração acelerada enquanto meus olhos percorriam todo o local em busca de mais informação.

7h52. Depois de avistar o prédio de Direito, se iniciou outro desafio: correr até o mesmo sem esbarrar ou derrubar ninguém. Tentava cobrir o meu rosto, numa tentativa que ninguém me reconhecesse posteriormente e aquela atitude me marcasse pelo resto do ano letivo.

7h55. Certo, estou dentro do prédio. Me movimentei rapidamente em direção ao grande mural de salas que estava em seu centro, procurando por "Alyssa Sullivan" em todas as listas penduradas na parede.

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⏰ Última atualização: Mar 27, 2020 ⏰

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