Alcoólatra

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Horas em silêncio. Bianca estava profundamente agoniada e entediada.

E como mente vazia era oficina do diabo, a carioca suspirou dolorosamente por conta da dor de cabeça que tinha no momento. Ela estava preocupada com a vida lá fora. E com a vida lá dentro.

A casa do Big Brother poderia parecer entediante para quem visse de fora, mas não era. Bianca estava sempre com Flay e Mari, anteriormente Guilherme também, então não tinha muito tempo livre para pensar sobre como as coisas estavam no mundo real.

A intenção de Bianca ao entrar no programa era aumentar as vendas de sua marca, mesmo tendo sido aconselhada a não usar essa estratégia, porque polêmicas poderiam ser prejudicais. E bom, certamente Bianca havia se envolvido em polêmicas. Sua mãe deveria estar louca da vida.

Pelo menos havia entrado solteira. Ela tinha certeza que se não tivesse terminado com Diogo para entrar no programa, estaria sendo mil vezes mais julgada do que certamente já estava.

- A gente vai ficar em silêncio pra sempre? – Bianca perguntou, agoniada, falando algo pela primeira vez desde que Daniel havia apertado o botão, o que já fazia horas. Bianca havia dormido, acordado e elas seguiam mudas.

Rafaella desviou os olhos que estavam no teto branco para encarar Bianca, que estava deitada de ponta cabeça, com os pés na parede e a cabeça pendurada pra fora da cama, a encarando.

- O sangue vai todo pra cabeça. – Rafa disse, e Bianca sorriu.

- Ô, Rafa. Vamos fazer uma trégua de quarto branco? – Bianca pediu, se ajeitando na cama para poder encarar a mulher direito. Rafaella arqueou uma sobrancelha em sua direção. – Se eu ficar aqui em silêncio por mais cinco minutos eu vou enlouquecer. Se a gente se apoiar, saímos as duas com uma imunidade e com a sanidade mental. – Rafaella ainda ponderava, encarando Bianca, que revirou os olhos. – A gente não tem que se amar, Rafaella. Não estou te pedindo em casamento. Vai ser bom pra você também, sabia?

- Tá bom. – Rafaella se rendeu. Realmente, ela também ficaria louca com todo aquele silêncio. – Mas é só aqui.

- Fechado. – Bianca assentiu. – Hoje tem festa. Você acha que vão mandar cooler pra gente? Eu preciso de álcool.

Sim, Rafaella esqueceu. Ainda tinha isso: Bianca Andrade era alcoólatra.

- Não. – Rafa estava realmente pensando. – Eu acho que se o Big Boss quiser fogo no parquinho talvez. Mas tenho quase certeza que não.

- Mas agora que a gente está em trégua nem dá nada mais. – Bianca riu, e Rafa se deixou sorrir. – Eu acho que mandam.

- Não fala isso que eles não mandam. – Rafaella comentou e Bianca logo negou com as mãos.

- É brincadeira! A gente briga, a gente sai no tapa. Só manda um cooler. – pediu e Rafaella riu.

- Você mesmo toda essa falta de álcool? – Rafaella perguntou, curiosa.

- Sim. – Bianca deu de ombros. – Eu fico esperando a festa a semana toda. Lá fora eu saio sempre e estou acostumada a estar sempre tomando uma cerveja. Aqui eu me sinto em abstinência.

Rafaella assentiu. Ela estava com a resposta pra chamar Bianca de alcooltra na ponta da língua, mas achou melhor deixar pra lá. Era melhor respeitar a trégua.

- É, eu não bebo muito, não. – Rafa deu de ombros.

- Não se confia bêbada? – Bianca comentou em um tom que era brincalhão, mas ambas sabiam que era uma provocação. Mas Rafaella realmente não queria brigar.

- Não. – respondeu, sinceramente. Bianca a encarou, curiosa.

- Fica bêbada comigo hoje. – Bianca propôs e Rafaella a encarou como quem perguntava em que planeta Bianca estava. Já a maquiadora se ajoelhou na cama, animada. – É sério! Você nem acha que eles vão mandar o cooler. Vamos apostar. Se eles mandarem, você fica bêbada comigo.

Rafaella a encarou.

- Não. – negou, depois de alguns segundos. Melhor não.

- Por que não? Ninguém vai ver, só tem a gente aqui. – Bianca reforçou e Rafaella riu.

- E o resto do Brasil inteiro. – lembrou, e Bianca mexeu a mão como se a informação não importasse.

- Bora, Rafinha. Você não bota fé no seu palpite da produção não mandar o cooler? – Bianca desafiou. – Se você estiver certa...

Rafaella tinha um grande problema na vida. Um dos únicos traços de sua personalidade que a colocava em problemas: Ela não sabia negar uma aposta, e Bianca Andrade estava a chamando para um x1.

Rafaella estreitou os olhos para Bianca, que a encarava com uma sobrancelha arqueada e um sorriso no rosto.

- Ok, fechado. – se rendeu e riu, negando com a cabeça, quando viu Bianca comemorar.

- Big Boss, ajuda o Brasil a ver Rafaella Kalimann bêbada! Manda um cooler pra gente! – Bianca pediu. Rafaella negou com a cabeça. Bianca era figura única, certamente. – Tá, eu vou tomar um banho e me preparar pra esse evento, então. – a maquiadora continuou, se levantando da cama. Rafaella riu com vontade dessa vez, Bianca realmente estava seguindo para o banheiro. – Não me decepciona, Big Boss! – gritou, antes de entrar no banheiro.

Rafaella se deitou na cama novamente, ainda rindo.

Ela nem acreditava que realmente havia concordado em ficar bêbada com Bianca para o Brasil inteiro. Rafaella evitava ficar bêbada por alguns motivos: Rafaella já havia bebido escondido diversas vezes durante a adolescência, o que sempre acabava em diversas experiências vergonhosas. Sempre que estava bêbada, qualquer pessoa ficava mil vezes mais atraente, o que fazia com que ela beijasse muito mais que o normal e principalmente, ficasse bem menos hétero.

Rafaella era hétero. Claro, ela achava mulheres bonitas e realmente, já havia beijado diversas. Porém, a missionária nunca se imaginaria em um relacionamento com uma mulher. Talvez por bloqueio da própria cabeça. Sua família era conservadora e religiosa. Eles não iram virar a cara para Rafa, ela sabia disso, mas geraria um clima desnecessário, uma vez que ela gostava de homens. Podia se contentar com eles.

Bianca não demorou para voltar de banho tomado, e as duas engataram em uma conversa sobre os participantes da casa, falando sobre suas qualidades e defeitos por bastante tempo, até que Rafaella decidiu que iria tomar um banho.

Bianca estava ansiosa. Talvez com Rafaella bêbada elas conseguissem se acertar. Ou talvez elas saíssem no tapa. Ela tinha que admitir que a expectativa e o fato de não saber o que vai acontecer depois era a coisa que mais gostava em sua relação com a mineira. Desde o começo do programa, elas tiveram diversos altos e baixos, momentos em que conversavam, que se abraçavam e então brigavam. O fato de Rafaella não gostar de Bianca fazia a maquiadora querer fazer Rafaella gostar de si ainda mais. E se Bianca queria algo, ela tinha.

Seu objetivo para o resto do quarto branco estava traçado: Rafaella iria sair dali gostando dela. E ela começaria os trabalhos naquela noite.

Rafaella acordou com um grito estridente de Bianca. Ela havia dormido logo após sair do banho e Bianca havia feito o mesmo. As duas haviam combinado de dormir nos mesmos momentos para ter com quem falar quando estivessem acordadas.

A mineira levantou a cabeça um tanto atordoada, focando em Bianca com um sorriso enorme no rosto, com um cooler nos pés. Rafaella choramingou, deixando a cabeça cair no travesseiro e fechando os olhos rapidamente.

Ela dormiu e Daniel desistiu do quarto, deixando as duas sozinhas. Ela dormiu e a produção mandou um cooler, e agora ela tinha que ficar bêbada com Bianca para honrar a promessa.

Estava decidido: Rafaella ficaria acordada até domingo.

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