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Bianca

O Diego me chamou pra vir na quadra, e como estava em um tédio infinito decidi vir. Chegando aqui vi de longe um monte de gente, um funk tocando bem alto, e varias meninas dançando perto de um carro. Não tem dia nem hora pra rolar festa no Vidigal.

Sento em um banco e olho pra quadra procurando o Diego. Fico assistindo e mexendo no celular, pelo o que entendi, o time do Diego tá ganhando.

Um rapaz moreno alto se aproxima sentando no mesmo banco que eu e começa a puxar assunto, fico na minha só respondendo às perguntas dele, até ele falar que me conhece.

- Sou irmão do Ruan, moleque que tu cuida! - Ele fala sorrindo aberto.

- Sério? Você que chegou agora no Vidigal? - Pergunto. Tia Lurdes falou dele hoje, ela estava bastante preocupada, mas ele não parece ser um problema. É até muito simpático pra um cara desse tamanho. Ele fala algumas coisas sobre o pai dele, e que quer muito conhecer o Ruan. Sorrio porque ele fala muitas gírias e umas palavras erradas, quando olho pra quadra o Diego tá me olhando parado com a bola no pé. Sua cara não tá nada amigável, o que foi dessa vez será.

Acho que o menino também percebe, pois se afasta conversando com outro cara e me deixa só. Continuo assistindo o jogo até uma menina sentar do meu lado. Ela tá muito ofegante, como se tivesse correndo.

- Tá tudo bem? - Pergunto preocupada.

- Só me deixa ficar aqui por favor! Eles não podem me achar! - Fala angustiada com medo nos olhos.

- Calma! Respira! Você tá pálida. - Falo pegando na mão dela.

- Eu não quero voltar pra lá! Tô cansada demais disso! - Ela chora se abaixando e eu me aproximo passando a mão em suas costas. Sinto uma conexão imediata com essa menina, lembro do Francisco e te tudo que passei, eu tinha esse mesmo olhar de medo.

- Calma, eu vou te ajudar! Qual é seu nome? - Pergunto.

- Isabela! - Responde e olha ao redor. - Eu morava no complexo da maré, mas vim procurar minha prima que mora aqui. - Ela explica se acalmando.

- Quem tá atrás de você? - Pergunto cautelosa. O barulho ao redor é alto, tem bastante gente falando ao mesmo tempo, dançando e bebendo.

- Meu ex marido. Ele mandou os meninos me levarem de volta! Eu não posso, não aguento mais ver ele me traindo, com um monte de piranha, não consigo mais morar naquele lugar! - Ela fala chorando e eu passo a mão pelo seu braço. Acho que ela deve ter pouco mais que a minha idade, seu cabelo é preto longo, e ela é linda, mas seu rosto expõe toda sua tristeza.

- Calma Isabela! Ninguém vai te levar a força, o Diego não vai deixar! - Falo lembrando do primeiro dia em que ele me defendeu do Francisco.

- O Ferrí? Ele tá aqui? - Ela pergunta me olhando com medo.

- Sim, tá jogando. - Aponto de leve pra quadra.

- Ele é amigo do Filipe, preciso sair daqui! - Fala querendo levantar mas eu seguro seu braço.

- Calma! Se eu pedir ele te ajuda, é sério! - Tento fazer ela acreditar em mim.

- Você tá com ele? - Pergunta. Agora ela que me olha preocupada. Fico meio sem jeito com sua pergunta, mas balanço a cabeça que sim. - Eles são todos iguais.. - Me olha com pena. - Sai disso enquanto você pode! Olha pra mim! - Ela aponta pro peito. - Isso não é vida! Você se envolve até o último fio de cabelo, e pode acontecer o que for, você sempre vai querer tá com ele. Porque eles são controladores, doentes, conquistam com tudo que podem, pra depois fazer o que quiserem! O chumbo tem 10,15 amantes, mas não me deixa em paz, porque gosta de ter poder sobre mim! - Ela chora levantando e eu me arrepio toda.

Amor no Vidigal - CONCLUÍDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora