Especial: Tulipas

1.6K 217 172
                                    

Ato 5

— O que você faria caso um dia eu desaparecesse? — pergunta Mina, encostando sua cabeça no peito da menor.

— Eu te procuraria por todas as partes e jamais descansaria enquanto não te encontrasse.

— Não me refiro a sumir dessa forma... — ela formula a melhor maneira de explicar seu raciocínio — Se um dia isso, essa pessoa que eu sou, se tudo o que você sabe sobre mim viesse a sumir e eu me tornasse algo diferente. O que você faria?

— O que você quer dizer com isso, Minari?

— É só... Coisa da minha cabeça. — ela vira seu rosto de forma que seu nariz entre em contato com o pescoço de Son — Promete que nunca vai me deixar desaparecer?

— Eu prometo. — Chaeyoung beija sua testa — Não se preocupe, eu vou te lembrar todos os dias quem você é para não corrermos o risco.

— Eu te amo, Estrela Son.

— Eu te amo, Minari.

• • •

Ato 12

Haviam doze anos desde que Myoui Mina pisara em Seul pela última vez. Naquela noite, tudo o que se passou pela cabeça dela é que Myoui nunca retornaria; Viveria o resto dos seus dias fugindo da polícia; Fugindo da culpa; Fugindo de Nêmesis. Levou tanto tempo para que tal decisão fosse enfim tomada, e já dentro do trem, Mina não tinha como voltar atrás.

— Próxima parada, Central de Seul. — anuncia o condutor.

Mina toma em mãos a pequena mala que trazia consigo; Não pretendia ficar muito mais do que uma noite. Quando o trem abre suas portas, ela é a primeira a sair, seguindo seu rumo até o lado de fora da estação, onde procura por um táxi. Ela interrompe a leitora do velho taxista sentado no banco de madeira, o que não era ruim por um lado, as pessoas raramente solicitavam seu serviço. Ele guia os passos da moça até seu carro, abrindo a porta para que Myoui se aconchegasse no banco de trás.

No início, ele estranha o destino da moça; "O que a senhorita fará sozinha no meio da floresta com a noite quase caindo?", se pergunta em seus pensamentos. Myoui Mina fecha seus olhos e aproveita a brisa que entrava pela janela. Seus cabelos estavam mais compridos agora e tinham a cor natural novamente; Ela se lembra de como sua mãe adorava seus cabelos quando mais nova e disparava comentários maldosos quando a jovem os pintava ou cortava; "Está orgulhosa de mim agora, mamãe?", ironiza em sua mente. O carro para e Mina paga pela corrida, agradecendo o velho homem que adverte a moça sobre ficar sozinha durante o pôr-do-sol na floresta.

— Eu vou ficar bem. — tenta tranquilizar o homem.

Ele acena e dá marcha ré, voltando pela mesma estrada de terra por onde chegaram até ali. Myoui olha ao redor, ela conhecia cada parte daquela floresta. Houve um tempo em que ela fugia para lá quando estava nervosa consigo mesma ou com as pessoas ao seu redor; Mina nunca soube lidar muito bem com sentimentos ruins. De certa forma, o cantar dos pássaros e o farfalhar dos galhos com o vento lhe deixavam mais calma. Myoui Mina começa a caminhar para a direita, onde metros à frente, avista o local que gostaria. Parte do tronco da árvore ainda apresentava uma crosta escura pelo incêndio e todos os pedaços da casinha que restaram de pé foram retirados após o último incidente. Embaixo, erguia-se um canteiro de adoráveis tulipas brancas. Gravado em uma placa sob as raizes, estavam os nomes.

NêmesisOnde histórias criam vida. Descubra agora