11's

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Acordei ainda abraçado com Josh. Tentei sair da cama de fininho para ele não acordar. Às vezes é bom ter alguém assim por perto. Acho que ninguém nunca fez por mim o que Josh faz, espero sempre conseguir retribuir.

Minha cabeça estava doendo um pouco por conta da festa e os gritos do meu pai. Fui até a cozinha e só estava minha irmã.

- Eles estão em casa?

- Não, mas se eu fosse você, era melhor sair daqui antes que eles chegassem. Papai ainda está bravo com você.

- Só por causa de uma festa idiota...

- Só por causa de uma festa idiota com os surfistas, Noah. Sabe que ele não gosta disso.

- Pra você é fácil, não é nem motoqueira nem surfista. Fica aí andando com seus vestidinhos e pode ser amiga de quem quiser.

- É, mas se nosso pai me ver com algum surfista vai ficar bravo também.

- Não tanto quanto está comigo, você é a queridinha dele.

- Talvez... - ela disse folheando seu livro - Eu vi você dormindo abraçado com Josh na cama dele.

- E?

- Tem algo rolando entre vocês?

- Claro que não, Linsey. Somos como irmãos.

- Não acho que seja só isso, não pela parte de Josh pelo menos.

- Por que acha isso?

- Eu só... observo - ela sorriu, pegou seu livro e saiu pela porta.

Pouco tempo depois Josh apareceu na cozinha para pegar alguma coisa para comer.

- Bom dia. Como dormiu?

- Bem. E você? Tá melhor?

- Com o que seu pai disse? É... tô indo. Valeu, cara.

- Claro. Ei, melhor irmos, meu pai já vai chegar e não quero ouvir mais xingo.

- Muito menos eu - ele riu, pegamos nossas jaquetas e saímos.

Fui ver o pôr do sol com Sina. É minha parte favorita do dia, a mais bonita. É quando a luz do sol se esvai trazendo a escuridão.

- Já parou para pensar que o sol está "descendo para baixo" pra nós, mas como o mundo é redondo, ele está "descendo para cima" em outra parte do mundo?

- Isso não faz nenhum sentido, Noah - ela começou a rir.

- Você nunca leva minha observações a sério.

- E tem como?

- Ah eu agradeceria se tivesse - eu ri.

Estávamos no telhado da casa de Sina. Ela tem os pais mais liberais dentre os motoqueiros porque eles moram bem perto de um dos pontos que os surfistas se encontram e fazem festas, e nem ligam, não reclamam.

Olhando para baixo, pude ver Any com Bailey e Sabina perto do pier. Eles estavam voltando do mar, molhados e tremendo de frio, a água devia estar tão gelado quanto o tempo hoje. Foram para a areia e começaram a limpar suas pranchas.

- Nossa. Ela mahucou feia né - Sina fez uma observação olhando para o joelho de Any.

- É... Meio que foi culpa minha.

- Sua? - ela me olhou confusa.

- Eu quase atropelei ela.

- Como assim?!

- Não vi que ela tava atravessando a rua brequei com tudo, mas ela caiu e ralou no asfalto. Tava quente aquele dia, acho que por isso tá pior.

- Uau...

- O que?

- Nada - ela riu.

- Eu não fiz de propósito - fui para a defensiva.

- Eu sei, não disse isso - ela sorriu.

Continuamos ali até escurecer totalmente. Os surfistas embaixo já haviam se aglomerado e feito uma fogueira, estavam tocando violão e cantando.

- Eles cantam muito bem meu deus - disse Sina fascinada.

- Sim - fico vendo Lamar cantar. Ele é tão talentoso - Posso te contar uma coisa?

- Claro.

- Vou te falar só porque confio que não vai contar para ninguém, né?

- Não vou, óbvio.

- Lamar e eu éramos amigos próximos. Eu sinto a falta dele.

- Ah

- O que?

- Era sobre isso que se tratava ele te chamando na porta da lanchonete aquele dia.

- Você viu?

- Sim, mas não quis me meter nos seus assuntos.

- Pelo menos você né - eu ri.

- O que quer dizer?

- Sei lá, Josh veio se metendo quando sumi aquele dia de madrugada também.

- Normal, ele gosta de você.

- Ah você também com essa história? Minha irmã disse o mesmo hoje de manhã.

- A qual é, Noah! Só você não percebe que Josh é apaixonado por você desde que se conheceram, aumentou depois que ele se mudou para a sua casa.

- Mas ele é meu amigo, como meu irmão.

- Precisava ver os olhinhos dele brilhando quando contou que você dormiu abraçado com ele essa noite.

- Ah cara...

- Não esquenta. Não é sua culpa não sentir o mesmo.

Ela me abraçou e ficamos ali mais um tempo, admirando Any e os outros cantando.

60's - NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora