Sempre aparentei ser comportada, do tipo que não levantava suspeitas de nada. Boa moça, era preocupada com os problemas da família e dos meus amigos. Não xingava e nem conversava sobre putarias. Dava a impressão que estava esperando algum tipo de príncipe encantado para que um dia casasse, tivesse uma família, fosse mãe, essas coisas. De fato, queria isso, contudo, primeiro tinha que conseguir minha estabilidade. Havia acabado de entrar no curso de medicina, e queria ajudar as pessoas quando me formasse, até por que tinha que dar orgulho para meus pais que estavam investindo em mim. Meu pai era médico e era muito respeitado. De grande coração, me ensinou a ser do jeito que eu era, sempre falando de amor ao próximo. Não queria decepciona-lo. Garota perfeita, mas nem tanto.
Me conhecia bastante, e sempre tive curiosidade sobre as coisas que não fazia. Via minhas amigas saindo com caras que mal conheciam e fazendo loucuras. Imaginava o que elas sentiam, como isso devia ser emocionante. A vontade que eu tinha sempre era contida pelos meus planos e pela boa reputação que tinha que manter. Outro medo era sabendo que eu tinha muita vontade, podia acabar gostando e não querer parar mais. Só tive um namorado, Roberto. Ele era bem legal, pensava como eu na maior parte do tempo, contudo, nossos encontros não tinham a mesma emoção que eu esperava ter. Muito respeitador, esperou até o momento em que eu me senti pronta, e um dia quando meus pais saíram, acabou acontecendo no meu quarto.
Tinha muitas expectativas sobre sexo, queria ser possuída, sentir meu corpo todo arrepiando, sentir como é ser preenchida por um homem. No entanto, senti mais dor do que prazer. Ele não sabia muito bem o que estava fazendo, não tinha experiência, talvez fosse virgem como eu, e assim foi um desastre. Nos outros encontros, se saiu melhor, porém, nunca havia sentido um orgasmo como sentia sozinha com meus dedos. Até falei como era para usar a língua e como eu gostava, mas ele não aprendeu. Gozava muito rápido e terminava antes de me fazer chegar perto de sentir prazer. Esperava muito por gostar dele, porém, tinha que aceitar que ele era ruim de cama mesmo. Queria muito fazer mais coisas, porém, com ele, essa vontade não aparecia. O namoro que já não tinha tanta emoção terminou, e assim decidi focar em coisas mais fáceis.
As aulas na faculdade eram bem puxadas. Jamais pensei que ia estudar tanto quanto estudei para ser aprovada no vestibular. Tinha que ser perfeita em tudo, e assim, não me envolvia tanto os colegas de turma a não ser para falar sobre as matérias. Queria sim poder aproveitar mais, contudo, a cada avaliação que passava, via o quanto ainda tinha que aprender. Tinha uma amiga, Clara, diferente de mim, não se preocupava tanto com ter as melhores notas. Naturalmente inteligente, não precisava revisar toda a matéria e mesmo assim ia bem. E como diversão, saia em alguns finais de semana para festas com os colegas de outras turmas. As fotos no Instagram mostravam que ela já sabia exatamente o que eu um dia queria sentir.
Certo dia, após uma bateria de provas, ela acaba me falando de uma festa que vai acontecer na casa de um amigo. Penso comigo mesma... com certeza não era só um amigo. Ou ela já pegou ou quer pegar ele. Ia ter uma galera legal e seria bom para aliviar o stress que estava sendo o curso. Meus planos não estavam muito animados: Continuar maratonando Revenge deitada na minha cama. Ela me conhecia, então não ia ter como inventar nada para dar como desculpa.
- Sabe, Clara, até queria ir, mas não sei como agir num lugar desses, cheio de gente, cheio de homem que pode querer dar em cima de mim.
Tinha que fazer a recatada sempre, até para ela.
- Relaxa, você vai tá comigo. Eu te salvo se algum louco quiser algo com você. Faz tempo que você vê série, outro dia você assiste isso.
É, estava difícil negar. Adoraria ir nessa festa. Geralmente, o pessoal de 'Med' faz festas muito boas, só gente bonita, música alta, muita bebida, e por ser em sítios afastados, vai saber o que mais acontece. Mesmo assim não ia dizer para os meus pais o que ia fazer.
- Mas, sabe, Clara, é que não posso dizer que vou nessa festa, preciso de uma desculpa, uma boa, e ninguém pode saber que eu vou.
- Relaxa, fala que vai dormir na minha casa, que a gente vai assistir filme, sem medo.
Mesmo olhando o sorriso confiante dela, ainda me sentia confusa. Vai que alguém fala onde estou, o que iam pensar de mim lá em casa? Era adulta, contudo, achava melhor deixar tudo isso em segredo por enquanto. Se fosse ruim, ia voltar a ver minhas séries e tentar não pensar mais nisso por um bom tempo.
No dia da festa, saio de casa de calça jeans e uma blusa folgada, porém por baixo, tinha um short colado e uma blusinha pequena que mostrava minha barriga. Tinha as pernas grossas, e uma bunda avantajada. Acho que ia ser bom para valorizar usar esse tipo de roupa, principalmente porque meu rosto parecia bem meigo. Pego um Uber e vou até a casa da Clara como disse que ia aos meus pais. Chegando lá, ela pergunta se eu acho que estou indo para faculdade, todavia fica surpresa como minha transformação quando mostro o que estou vestindo de verdade.
Espero ela se arrumar para me ajudar na maquiagem e cabelo. Tinha que me produzir para minha primeira resenha. Assim que ficamos prontas, ela chama o tal amigo para levar-nos para o sitio. Era um longo caminho, e depois de uma hora, chegamos a um lugar que por fora parecia bem tranquilo, mas assim que entrei mudei de ideia. Havia uma área aberta com uma piscina e uma churrasqueira, e uma casa grande logo depois. Estava bem mais cheio do que o esperado. Tinha gente na piscina banhando, outros sentados bebendo, e outros dançando dentro da casa.
Entro de mãos dadas com a Clara e percebo alguns olhares em nossa direção. Não esperava chamar a atenção deles tão depressa. Ela cumprimenta alguns rapazes e me apresenta. Estava tímida ainda, mas já via aqueles que podia querer alguma coisa mais tarde. Diferente do que imaginei, ninguém fez nada além de um beijo no rosto, e carente como eu estava, ia até gostar caso alguém tentasse roubar um da minha boca.
Vamos até a mesa onde estavam as bebidas e Clara pede para um rapaz fazer um drink para mim. Quando fica pronto, ele me oferece sorrindo. Estava atraindo atenção, e por um lado isso me fazia me sentir bem, era desejada mais do que esperava. A bebida era forte, mas o gosto era doce, tinha vodka. Bastou uma dose para que já ficasse um pouco animada. Não era acostumada a beber e isso poderia ser um problema. Peço outra dose e assim, já estava ligada.
Clara me leva para dentro da casa e lá encontra de novo seu amigo que a beija e leva ela para outro lugar. Fico sozinha e começo a andar pela casa até achar uma galera dançando na sala. Tocava funk, e eu adorava dançar sozinha no meu quarto. Ouvia os mais pesados descendo até o chão. Sob efeito do álcool, com certeza, decido me juntar as meninas rebolando. Quando menos espero, um rapaz alto, moreno, de camisa regata e corpo musculoso, fica me encarando um tempo e eu olho de volta, já que me atraiu. Ele chega perto de mim e pergunta se estou bem. Conversa não era seu forte, contudo, era bem bonito. Como já estava afim de ver no que ia dar, começo a dançar com ele, e após um tempo nos beijamos no meio de todo mundo. Foi uma sensação boa sentir outra boca depois de tanto tempo. Ele me apertou pela cintura e me beijava com vontade. Sentia suas mãos grandes querendo descer pelo meu corpo e ir até minha bunda. Nessa hora, involuntariamente, minha mão puxa a dele de lá, mesmo querendo sentir ele me apertando toda com força.
Alguns minutos depois, minha amiga aparece e interrompe o meu momento perguntando se está tudo bem, e pede para que eu a acompanhe. E assim, deixo o meu primeiro beijo numa festa dessas.
- Mal te deixo sozinha e você já sai pegando por aí, pensei que era tímida.
Nem estava pensando nisso, já era outra pessoa. Queria tanto curtir a noite que pouco importava agora, queria fazer loucuras. Sigo ela até um grupo que estava bebendo na beira da piscina, olho para todos os rapazes. Um olhar em especial me chama atenção, e retribuo com a mesma intensidade. Se ele desejasse, podia vir agora mesmo ficar comigo e fazer o que quiser.
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Caloura
RomanceUma caloura de medicina se descobre uma nova mulher quando pode deixar de ser uma santa em uma festa do curso com direito a uma orgia.