Jaz, aqui, sua alma à descansar.

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Luz, que brilhava nos olhos e transcendia. Ela sempre transbordava, em mar, em imensidão, em sentimentos. Amava tudo, cantava liberdade para, então, desfalecer.

Era cantiga, que escorregava pela língua à voar. Era melodia, que levantava e fazia dançar. Era inspiração que carregava consigo o que acreditava, mas acabou por despencar.

Pobrezinha, menina da alma. Tanto fez para ser livre que prisão se tornou. Morria a cada dia sufocada com palavras do amor que plantou.

Imaginava, antes, que todas as pessoas tinham a mesma história. Mas a maldade se fez conhecer: borboletas tornaram bruxas; luz se fez escuridão e a magia, desaparecer.

Ingratidão, inveja, desonestidade. Faltava-lhe vontade de viver. Não enxergava mais as cores que antes encontrava nos sabores que a terra tinha a oferecer.

Queria, doce menina, que o coração voltasse a bater. Sentia o corpo pesado como culpa daquele antigo pecado que acolheu sem perceber.

Não queres, por fim, assumir o quanto errou. Pois tudo o que te fizeram foi resultado do que puseram com seu consentimento em seu interior.

Calou-se.

Esfriou-se.

Fez-se silenciar.

Com o coração partido e a alma despedaçada, entregou seu último suspiro a alma que tanto quis lhe machucar.

Jaz, aqui, sua alma à descansar.

A morte de uma alma poetisaOnde histórias criam vida. Descubra agora