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O treino havia acabado antes do previsto, por conta do clima quente. Era o auge do verão e, portanto, comum que os dias fossem repletos de brisas calorosas e raios de sol fortes. Ainda assim, Hinata sentia que ia derreter; Sentado no degrau à frente do ginásio, bebia sua água como se fosse a última garrafa do mundo.

Kageyama sentou à seu lado, olhava-o de relance. Depois de alguns segundos, virou-se completamente e passou à encarar algum ponto no cabelo de Shoyo. Havia algo de errado?

⎯ Tá me olhando assim por quê, Kageyama?

Tobio revirou os olhos em desdém, costumava fazer isso perto de Hinata. Era isso ou sorrir o tempo todo.

⎯ Não é você, cabeção. Tem uma borboleta no seu cabelo — Disse e não pôde segurar o sorriso ao ver o olhar embasbacado de Shoyo.

Ele era tão, tão bobo e terrivelmente adorável em tudo o que fazia.

⎯ Eu quero ver! Tobio, me mostra!

— Para de se mexer, ela vai voar!

Mais bobo que adorável, algumas vezes.

Kageyama pegou seu celular e tirou uma foto (ok, mais de hinata do que da borboleta. e usou como papel de parede mais tarde). Mostrou para o baixinho, que agarrou o celular em admiração.

⎯ Uau. Vou levar ela para casa comigo, hein, Kageyama? Vai ser de estimação.

⎯ Estimação? Não pode fazer isso com uma borboleta, ela vai sair voando.

Hinata ficou pensativo. Faz sentido.

— É, tudo bem. Afinal, para que eu ia precisar de mais uma borboleta? - Disse como um devaneio, sem pensar nas consequências ou em qualquer coisa. Fazia isso com certa frequência e acabava revelando mais do que pretendia.

Tobio olhou para o ruivo em confusão.

⎯ Que outras borboletas você têm, Shoyo?

⎯ Ah. As que vivem no meu estômago quando eu penso em você.

Kageyama congelou, os olhos expressando sua surpressa. Ai meu deus, do que é que esse garoto está falando? não pode ser sério.

⎯ Tobio, não me olha assim! O que foi que te deixou desse jeito?

Quê? Hinata, você se ouviu?

Não que fosse algo tão trágico, na verdade kageyama sonhava (muito secretamente) em dizer ou ouvir algo do tipo vindo de hinata. Mas ouvir de repente, e como se não fosse nada lá tão novo, era um tantinho assustador.

O fato de saber que borboletas eram essas que Hinata falava deixava a situação um pouco mais assustadora. E um alívio, afinal, acreditava sentir tudo isso sozinho como se em um barquinho à deriva, perdido no oceano.

Tá, não é pra tanto. Kageyama só é incrivelmente dramático quando quer ser.

⎯ Claro que sim. E você não precisa agir como se fosse uma novidade.

⎯ Bom, o fato é que, sim, é uma novidade.

Dessa vez, Hinata que parecia surpreso. Acreditava que seus sentimentos por Tobio fossem óbvios (e eram, mas não para o próprio, que acreditava sofrer com um amor unilateral).

O baixinho sorri para Kageyama antes de encará-lo e dizer:

⎯ Agora já não é mais.

E com isso, o sorriso e o costumeiro bom humor de Hinata, Tobio deixa de lado toda a surpresa e qualquer outro sentimento que possa sentir no momento que não felicidade. Finalmente descobrira que as borboletas no fundo do estômago e as madrugadas planejando uma maneira de falar sobre seus sentimentos, eram recíprocas.

Assim, temos um Kageyama Tobio feliz da vida e sorrindo. Exatamente: sorrindo.

Hinata Shoyo tem tal efeito.

Estavam tão pertinho um do outro que haviam duas opções sobre o que fazer à seguir: fugir para longe, não apenas na questão de espaço, ou, então, acabar com o mesmo.

A segunda era a mais agradável para ambos, é claro.

Foi Kageyama quem inclinou-se na direção de Hinata, tendo que abaixar-se minimamente por conta da estatura pequena de Shoyo. As respirações juntas, quase em sincronia, as mãos apoiadas no chão e os dedos entrelaçados. Hinata levantou seu rosto um tanto, e selou seus lábios aos de Kageyama. Ambos fecharam os olhos e a borboleta no cabelo de Hinata voou para longe.

Já haviam borboletas o suficiente no estômago de cada um os fazendo companhia.

a borboleta no seu cabeloOnde histórias criam vida. Descubra agora