Cap. V

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"Soube tocar o coração do seu amigo até atingir as cordas mais profundas e suscitar nele a primeira sensação, ainda indefinida, daquela melancolia eterna e sagrada que uma alma escolhida, uma vez tendo-a experimentado e conhecido, nunca mais trocaria por uma satisfação barata"
Dostoiévski

Nascidos e criados em Apatradina Gabriel e Lorena sempre compartilharam o desejo de fazer uma viagem de carro por todo o Brasil com o propósito de fotografar pessoas desconhecidas no momento mais íntimo do banho.

A ideia havia nascido enquanto bebiam cervejas em um bar próximo a universidade. E sempre que se encontravam a conversa que havia surgido entre umas e outras, ressurgia cada vez com mais intensidade. Com isso a ideia foi tomando forma até que virasse um projeto profissional e de vida.

Eles pretendiam fazer a viagem após a formatura, mas o senhor destino se fez presente mudando radicalmente os planos e a vida de Lorena. E somente depois de doze anos e enquanto brindavam a chegada de um novo ano na Praia dos Desejos e que finalemte decidiram que era hora de realizar o antigo sonho. A viagem teria inicio na primeira semana de dezembro de 2009.

Era final de tarde de seginda-feira de uma primavera gelada, quando Lorena retornou pata seu apartamento após uma longa corrida na praia e assim que entrou em seu apartamento colocou para tocar a coletânea The very best of Edith Piaf e tão logo começou a tocar Milord. Ela seguiu dançando para o banho.

Como morava sozinha, Lorena havia se acostumado a fazer suas refeições em horáros alternados, mas sempre seguindo un ritual: independente do que iria comer ou do horário ela sempre preparava a mesa com esmero. Gostava de usar toalha branca de linho, um prato oval, talheres , guardanapo de linho taças com vinho tinto ou branco e uma taça com água. Sempre seguia esse ritual, mesmo que a refeição fosse pães ou lasanha congelada.

Seu apartamento expressava o seu jeito de ser e do que mais gostava, era aconchegante e acolhedor, por isso ela gostava de ficar em casa.

Influenciada por seus pais, criou desde pequena o hábito da leitura e com o passar dos anos o hábito tornou-se um vício e quando não lia nem que fosse um único capítulo ela não se sentia bem, tinga a sensação de que lhe faltava algo. Era uma sensação de abstinência de leitura.

Seu gosto era eclético e lia de tudo, não tinga frescuras e tampouco julgava que os livros eram apenas fontes de conhecimento, pata ela os licros também eram entretenimento. E no topo de sua lista dos melhores de todos os tempos estavam, Dostoéviski, Mia Couto, Milan Kundera, Jô Soares e Carpinejar.

Após o jantar ela sentou-se na poltrona tendo em suas mãos o livro Antes de nascer o mundo e uma taça de Malbec. Coforme foi se aprofundando na estória de Mwanito, foi se desligando da música, dos ruídos vindos da ruas. Lorena caminhava pelas paragens olhando o céu azul. Seus pés tocavam a terra árida o vento quente trazia consigo partículas de ateia que batiam em sua pele, ela via e sentia como se fosse o narrador, sentia suas angústias, medos, certezas e incertezas, e naquele momento de conexão com a leitura, Lorena havia se transformado no pequeno Mwanito.

De tão concentrada que estava na leitura, levou alguns segundos para se dar por conta de que seu celular estava tocando.
- Olá. Amiga! Disse Flora em um tom de voz alto.

- Oi Florinha! Como você está?
- Nervosa, roendo as unhas e de tão nervosa estou enjoada! Disse com a voz arrastada.
- Sério? Poxa quem diria hein, a rainha do auto controle esta nervosa e ansiosa! Estou impresionada! Disse Lorena rindo.

- Você acabou de ser rebaixada para a pior melhor amiga! Flora estava rindo, pois Lotena sempre dava um jeito de fazer com que ela ficasse mais tranquila, leve.

- Ok ok era brincadeira, disse Lorena, e Flora, continuou, - honestamente tenho certeza de que você se sairá bem na dinâmica você nasceu para isso então não se preocupe!
- O que setria de mim sem você? Perguntou rindo.

- Seria Flora!
- Mas confesso que também estou ansiosa! Sempre quis conhecer o Rio, meus sempre iam mas nunca cheguei a ir junto! Disse com a voz melancólica.

- Mas agora irá! Flora sabia que precisava mudar de assunto, pois aquele era um terro perigoso.
- Obrigada por me ouvir? Disse Flora
- Obrigada por ligar e se abrir comigo!
- Se tudo der certo, ficaremis um tempo sem nos vermos.
- Sempre soubemos que seria assim Flora, como também sabemis que é por um bom motivo!

A última GrecoOnde histórias criam vida. Descubra agora