Um "A" escrito num papel

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Estava um dia frio de outono e Holmes estava ligeiramente conversador. Falávamos, então, e lía-mos o jornal quando, repentinamente, um homem (que rapidamente reconhecemos como Lorde Jamesson) adentrou a nossa sala de estar.
-Boa tarde, cavalheiros.- disse o Lorde, cordialmente, mas demonstrando-se muito preocupado.
-Boa tarde. Queira sentar-se.-respondeu o meu amigo, no mesmo tom.- Deseja chá ou biscoitos? Não? Muito bem, então, conte-nos o motivo da sua preocupação.
- A minha filha, Sir Holmes, ela desapareceu!
-Explique-se melhor, cavalheiro. Qual o nome dela?- perguntou Holmes, calmamente.
- Anne Jamesson.
- Pode ter fugido...- propus.
- Talvez, Watson. Mas deixe-me acabar. Que idade tem a jovem?
- Dezassete anos, Sr. Holmes. E ela jamais fugiria, Doutor, pois não teria para onde ir.
Certamente, qualquer leitor poderia pensar que, efetivamente, a jovem Anne fugira. No entanto o Lorde explicou que, devido a problemas de saúde, a sua filha era mantida em casa, portanto não tinha ninguém de fora conhecido.
Continuando o interrogatório, Holmes disse:
- Muito bem, então. Notou algo de estranhona sua filha, ultimamente?
- Não, senhor. No entanto, hoje de manhã, quando reparamos que Anne desaparecera, a sua cama estava arrumada, como se ninguém lá tivesse dormido. Em cima dos lençóis, havia um colar de pérolas, que a minha filha usava sempre, e um papel.
- E o que dizia o papel?- perguntou o meu colega, visivelmente interessado no caso.
- Isso é o mais estranho, Sr. Holmes. O papel tinha, nada mais, nada menos, que um "A" no centro.
- Um "A"? Tem a certeza que não dizia mais nada?- perguntou Holmes, confuso.
- Apenas um "A". Mas trouxe-lhe o papel, se o quiser analizar.
- Se fizer a gentileza...- respondeu o meu colega, enquanto um brilho de animação, por ter de resolver um novo caso bizarro, lhe trespaçava os olhos cinzentos e géldos. Também estendia a mão para agarrar o papel que o Lorde lhe estendia.- Obrigado.
Analisou o papel, virou-o de um lado para o outro e pegou numa lupa para tentar encontrar pequenos detalhes. Alguns minutos depois, talvez dez, Sherlock Holmes voltou a falar:
- Ficarei com o papel e, dentro de dois dias, irei investigar a sua casa. Peço-lhe que tudo se mantenha no mesmo localem que se encontra. Espero dar-lhe boas notícia em breve. Até mais.
- Até mais.- despediu-se o Lorde. Seguidamente, ouvimos a porta que dava para a rua fechar e o ruído de uma carruagem a partir, já que, naquele dia, a rua estava particularmente silenciosa.
Holmes pronunciou-se:
- Este é um caso muito interessante, meu caro Watson. No entanto, e infelizmente, não espero encontrar a jovem viva. Temos um raptor e um possível assassino experiente no nosso enlaço.
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Até ao próximo capítulo!

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