Capítulo Único - Mentira tem perna curta.

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Park Chanyeol é um fodido de um romântico brega, do tipo que almeja ter a primeira vez a luz de velas, um tapete vermelho quando se casar, um casal de filhos antes dos 40, um jogo de panelas de cerâmica e os clichês de todos os livros que continha na estante de sua casa. Mas, como na vida nem tudo são flores ― mesmo que ele trabalhasse em meio período dentro de um lugar lotado delas ―, ele teve que se apaixonar justamente pelo garoto mais encrenqueiro do bairro, aquele cujo tal era conhecido como Pulga.

Pulga era um jovem de altura baixa, olhos sagazes, sorriso de canto, chicletes estralados na boca, coleção de CD'S dos anos 80 e dezenove anos com um histórico lotado de confusões. Tinha esse apelido, pois vivia grudado em cachorros, não os comuns de quatro patas, mas sim, roubando corações de muitos garotos que se afirmavam héteros até experimentar as mãos bobas de um rapaz com hormônios estourando.

Era uma manhã de sexta-feira bastante chuvosa quando Pulga entrou na floricultura com mais três amigos. Chanyeol estava limpando o pó do balcão quando aconteceu e o tilintar do sino o tirou de seus devaneios onde ele fantasiava beijos escondidos e noites de conchinha.

No mesmo instante, o pano caiu da mão de Chanyeol e ele sentiu seus dedos balançarem nervosamente igual o gatinho da sorte que tinha numa loja japonesa vizinha da floricultura dele.

Byun Baekhyun entrou rindo, os dentes tão alinhados e precisos na graça que o dono da loja pareceu uma barata tonta na tentativa de ajeitar os fios desalinhados da franja, alisar o amassado do avental em seu corpo e averiguar se tinha algo desarrumado ao seu redor, e isso tudo ao mesmo tempo.

Os jovens entraram no local rindo, como se algum deles tivesse contado uma piada realmente boa, mas Pulga sabia que se tratava apenas de mais uma das histórias mirabolantes de seu amigo Kim Jongin, este que sempre bebia demais e confundia postes com ex-namoradas.

Quando notaram onde estavam, as risadas diminuíram e instantaneamente o ambiente pareceu sugá-los para uma aura mais séria e silenciosa. Chanyeol estranhou que estivessem atentos as flores que encontravam, apontando e se cutucando enquanto o dono tentava disfarçar, limpando um vaso qualquer já brilhante o suficiente.

O que eles estavam fazendo ali? Aqueles caras não tinham pinta de namorados poéticos. Chanyeol tentou raciocinar uma boa conclusão, mas quando percebeu o estereótipo que predominava em seus questionamentos, suspirou pesado. Talvez apenas estivessem brincando. De qualquer forma, quando saiu do balcão e caminhou até eles, para atendê-los, o coração batia tão forte contra as costelas que ele precisou respirar durante a ida só para ter certeza que não acabaria gaguejando quando desse as boas-vindas.

― Bom dia!

Todos se olharam como se Chanyeol fosse um juíz. O floricultor piscou sem jeito ao ver que todos o encararam ao mesmo tempo.

― Então, senhor, estamos procurando por... flores. ― Era Pulga falando. Chanyeol admitiu que a voz era mais bonita do que ele imaginava.

― Claro que são flores, por que entraríamos aqui? ― Jongin zombou. ― Para comprar um hambúrguer que não é.

― Cala a boca, idiota! ― Pulga resmungou baixo para o amigo, notavelmente sem graça com a inconveniência.

― Que tipo de flores? Temos de todos os tipos, e claro, se não houver um de seu gosto, temos uma lista de opções para que possamos providenciar uma em até dois dias úteis. ― Chanyeol adorava repetir aquela frase para seus clientes, afinal, ela continha uma forma bastante autoritária e nada modesta de dizer "eu tenho empregados e sou eficiente no que faço", quando na verdade, ele sozinho lidava com todas as compras e por esforço próprio, conseguia se sair muito bem, um verdadeiro empreendedor e homão da porra.

APRIL FOOLS' DAY | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora