Epílogo

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Townsville, 22 de julho – 10 d.E (depois de Ele)

Era um final de tarde comum para quem visse de fora. Um jovem de cabelos louros por cortar estava parado em frente ao espelho com um tédio latente enquanto tentava dar o nó em sua gravata azul marinho.

Boomer até gostava de festas, porém nada chique ou formal. Diferente de Brick que parecia fazer parte de toda a decoração de gala, ele se sentia melhor em uma discoteca, onde pudesse dançar e beber a vontade sem que se sentisse sufocado por uma etiqueta forçada.

Porém, diferente de Butch que deixava transparecer sua inquietação com tudo que fosse contra a sua vontade, ele era bom em manter a fachada de bom moço e o sorriso cortes no rosto pelo tempo que fosse necessário.

Saiu do quarto a contra gosto, levitando até a sala onde seu irmão gêmeo se encontrava – de costas para ele e olhando a cidade em ruínas ao lado de fora com ambas as mãos no bolso da calça social.

Quem não conhecesse jamais diriam que eram gêmeos, ao contrário de Boomer que tinha os cabelos de fio dourado e olhos azuis elétricos, Brick tinha longos cabelos ruivos que prendia sempre em um coque mal feito. Seus olhos eram de um vermelho paranormal, sanguinários e frios.

- Vamos? – Boomer questionou analisando as costas largas do irmão.

- Mojo quer nos ver – respondeu Brick sem virar-se.

A vontade de Boomer era de revirar os olhos, mas se segurou.

- E ele informou exatamente para que precisa nos ver?

Brick então virou-se, sem nenhuma expressão realmente transparente e andou passando por Boomer.

- Não, vamos logo. – disse enquanto saía do apartamento e Boomer o seguia.

Queria apenas acabar com aquilo.

Torre do Mojo Jojo

Por mais que estivesse quente naquela época do ano, o laboratório de Mojo sempre fora gélido. Gostava daquela temperatura, ainda mais quando se tratava de manter seus elementos químicos dentro de uma validade.

Estava nervoso como jamais estivera. Não lembrava-se de ter se sentido dessa forma nem quando lutava contra as Powerpuff Girls, ou quando seu pai morreu quando elas caíram, e nem mesmo pelas tantas vezes que acabou indo para a prisão.

Mojo, apesar de tudo o que sempre disseram, possuía sentimentos pueris dentro dele. Sempre soube que tudo o que fez contra as garotinhas perfeitas havia sido única e exclusivamente por ciúmes do pai que o esquecera. Sabia que tinha essa dor latente dentro dele que formava uma falta e buraco de uma família que um dia tivera.

Após o nascimento dos The Rowdyruff Boys ele sentiu-se pertencente a algo, por mais que distante e com pouco afeto da parte dos garotos, era algo para se apegar em meio ao caos solitário que tinha dentro de si.

E agora...

Seus olhos velhos e cansados encheram-se de água, não conseguiria suportar outra dor.

Tomava uma xícara de chá quando ouviu os garotos chegarem sem cerimônia em seu "esconderijo".

Brick e Boomer aproximaram-se do pai macaco e o observaram sentado naquela poltrona velha e mofada de seu laboratório. Todo o ambiente cheirava a cravo e canela, e fazia com que o estômago de Boomer embrulha-se.

- Onde está o menino verde? – perguntou o macaco ainda segurando sua xícara.

- Está na festa – respondeu Brick sério – o que quer conosco?

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