PRÓLOGO.

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—O pior é quando sinto que estou me afogando completamente, quando sinto que respirar é algo que se aproxima ao impossível. —sussurro.

Posso sentir seu olhar sobre mim, ainda mesmo no escuro. Sempre consigo advertir esse brilho especial que somente seus olhos possuem.

—Há anos que respirar converteu-se em umas das coisas de se realizar pra mim, que besteira, não é? —solto uma risada pelo nariz, falsa. —É uma coisa automática, com zero complicações, e contudo, as vezes não consigo fazê-lo. —confesso, com a voz tremendo um pouco.

Odeio falar sobre isso. Com a únicas pessoas com a que eu me abri desse jeito foram Mery, minha psicóloga, e Olívia.

—Mas com você... com você respirar é simples, fácil. Ao teu lado sinto que nunca pararei de fazê-lo.

Sua mão pega a minha, estreitando-a com carinho. Esse pequeno gesto me faz sentir bem, segura.

—Isso é meio ridículo, podemos mudar de assunto? —suplico com voz resmungona. Odeio me sentir tão vulnerável diante dele, isso lhe dá o poder de poder me quebrar ainda mais. Ele está me reconstruindo pouco a pouco, nada o impede de me destruir com apenas piscar.

Ele puxa minha mão até juntar nossos corpos e me envolver em um abraço.

—Você não deveria sentir vergonha por expressar como está se sentindo, Rika —ronrona beijando o topo da minha cabeça. Fecho os olhos e desfruto do momento, sabendo que ele é efêmero. Quero vivê-lo enquanto posso. Aspiro seu maravilhoso cheiro dissimuladamente e pouso minha bochecha contra seu firme peito.

—Não posso evitar.

Aperto o abraço. Ele é tão reconfortante.

—Bom, eu amo o fato de você se sentir desse jeito comigo, porém eu iria amar mais ainda que se sentisse assim o tempo todo essa liberação, sem precisar da minha presença. E prometo que você vai consegui-lo, eu vou ajudá-la a consegui-lo.

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