Capítulo 5

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Martina


Após uma semana que cheguei ao Brasil, já havia visitado todos os lugares dos quais me lembrava e sentia saudade

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Após uma semana que cheguei ao Brasil, já havia visitado todos os lugares dos quais me lembrava e sentia saudade. Quando estava na Inglaterra, lembrava com certa melancolia de todos os passeios que fazia com meus pais.

Confesso que sofri muito a princípio, é muito difícil infiltrar-se na cabeça de uma criança de apenas oito anos de idade para que entenda que está sendo enviada para longe para ser "curada". Na época, em minha inocência, achava mesmo que estava com alguma doença grave e que precisava de cuidados médicos, no entanto, pensava que seria acompanhada por meus pais, ao menos minha mãe, que, convenhamos, seria o mínimo que deveria fazer. Enganei-me, fui apenas enviada como uma mercadoria.

Você pode se perguntar qual a desculpa para não me acompanharem? Pasmem, meu pai estava se firmando como sócio no escritório em que trabalhava e jamais poderia se ausentar do país naquele momento porque sua filha "doente" precisava de acompanhamento psicólogo. Então, quando minha tia nos fez uma visita e propôs aos meus pais me levar para a Inglaterra e cuidar pessoalmente do meu "problema", foi como uma solução dos deuses. Claro que ele não poderia ter uma filha lhe fazendo passar vergonha em um momento tão promissor de sua tão importante vida.

Hoje, entendia que tinha sido a melhor decisão que tomaram, pois, distante deles, minha tia me amou e jamais se envergonhara do meu "dom", como ela dizia. Imaginava o quanto teria sofrido se continuasse com meus pais, mas até chegar a esse entendimento, chorei e sofri demais por estar em um lugar estranho e longe das pessoas que mais amava. Felizmente, isso já não me feria mais.

Ainda guardava algum ressentimento de meus pais, é claro, mas lutava constantemente para vencer esse sentimento que nada acrescentaria em minha vida. Logo pela manhã, liguei para a minha mãe, estava na hora de enfrentar a realidade e deixar o passado no seu devido lugar. Ela me convidou para um jantar em sua casa. Sim, sua casa, não minha. Aquela casa deixara de ser minha havia muito tempo. Quando soube que voltaria ao Brasil, mamãe tentou me convencer a voltar para casa. Recusei, óbvio. Estava muito bem no hotel que havia escolhido até encontrar um apartamento que coubesse em meu orçamento e que pudesse chamar de lar.

— Então, filha, às dezenove horas está bem para você? Oh, Martina! Não sei por que essa cerimônia, filha, você sabe que sua casa é aqui. Não vejo a necessidade de você ficar num hotel.

Já estava saturada desse assunto e de sua insistência, fui enfática:

— A hora está perfeita, mãe. Quanto ao hotel, é aqui que ficarei até encontrar meu próprio apartamento, não vai demorar. Olhei alguns hoje e confesso que me agrada a ideia de ter minha liberdade e privacidade.

A vida de médica não era o que meus pais esperaram que fosse a minha profissão. Quando optei pela especialidade de neurocirurgiã, eles não ficaram muito satisfeitos com minha escolha. Para mim não foi nenhuma surpresa, já que nunca tivera o apoio de ambos, como poderia esperar que me apoiassem na escolha de minha profissão?

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