Capítulo 1 - Quando homens o cercam.

500 74 12
                                    


 Geralt não se importava com todas as mulheres que olhavam para Jaskier, ou até com as que não olhavam, mas que o Bardo olhava, fazendo questão de produzir sonetos que, diga-se de passagem, eram terríveis.

Claro que não se importava.

No entanto, tal fator não isentava Geralt de se importar quando era a atenção de homens quem o bardo atraía...

Dizia para si mesmo que era só uma questão de proteção. Porque, veja bem, nunca dava para saber quando um homem estava prestes a tentar arrancar as bolas de Jaskier, por um motivo ou por outro, ou... Fazer outras coisas com as bolas dele. Entendem? Creio que sim.

Naquele momento, por exemplo. Onde se encontravam em uma das raras tabernas em que os clientes deviam ter algum tipo de demência porque aplaudiam e ovacionavam com entusiasmo para as apresentações de Jaskier. Era até bonitinho ver o bardo cheio de sorrisos, maçãs coradas e mexendo a mão com se estivesse tentando afastar os elogios e pedidos por mais uma.

Bonitinho?! Não, não. Geralt definitivamente não estava com um sorrisinho no rosto enquanto bebia e assistia. Claro que não. Quis dizer bonzinho. Afinal, enquanto estava recebendo elogios não estava na sua volta enchendo o saco.

Isto até os "fãs" começarem a pagar bebidas para o bardo, além do mar de moedas. Nunca tinha visto Jaskier ganhar tanta atenção. Aquela definitivamente era uma terra estranha – não dava para se confiar em homens que babassem daquele jeito por um bardo (porque Geralt definitivamente jamais faria algo do tipo).

Demorara um pouco mais para se dar conta do que vários daqueles homens realmente queriam de Jaskier...

Só estava lá, no seu canto. Já tinha terminado a refeição e bebido o suficiente para que pudesse findar por ali e ir para seus aposentos. Ainda assim, estava assistindo, sentindo algo fervente crescer dentro de si conforme um dos homens tornava-se mais ousado, pondo a mão no braço de Jaskier, aproximando o rosto com um sorrisinho cheio de segundas intenções, enquanto o bardo sorria alegre, com as maçãs do rosto coradas pela bebida.

Já odiava aqueles homens;

Aquela maldita cidade;

Aquele sorriso fácil e irritantemente adorável do bardo.

Até que o homem se inclinara e sussurrara algo no ouvido de Jaskier que fora a gota d'água. Na verdade, parando para analisar, fora mais acerca da expressão do bardo. Os olhos claros arregalados, destacando-se no rosto vermelho. A boca aberta em surpresa enquanto a mão do homem apossava-se da cintura dele e... Bem, talvez a gota d'água tenha sido exatamente quando o olhar de Jaskier passara por toda a taberna e recaíra nos seus.

Assustado; encurralado.

Tudo nele gritava por socorro.

Imediatamente levantara e acelerara seu passo até onde o bardo se encontrava, sentado com o alaúde ao lado enquanto aquele mesmo homem continuava a sussurrar alguma coisa, junto de um sorrisinho maldoso. Prendia Jaskier por uma mão na cintura e outra no braço do bardo. Definitivamente não era uma ameaça. Mesmo se quisesse mentir para si mesmo não poderia enganar-se.

Aquele homem queria levar Jaskier para a cama.

- Tire suas mãos dele – fora direto ao ponto, pondo a mão no ombro livre de Jaskier.

- Geralt! - ele exclamara em tom de alívio.

O homem, barbudo e musculoso, também tinha bebido o suficiente para estar com as bochechas coradas. Afastara-se de Jaskier o suficiente para lhe lançar um olhar de desagrado, embora as mãos dele ainda estivessem agarrando o bardo com firmeza.

- Não tá vendo que estamos tendo uma conversa privada aqui, não?

Geralt não era um homem de palavras. Não, não... Era mais de ação. E uma rápida olhada para aquelas mãos repulsivas encima das roupas que Jaskier fazia questão de manter arrumadinhas fora o suficiente para que tomasse a decisão de levar a mão até sua espada.

- Geralt, não precisa disso! - Jaskier sobressaltara-se, dando um pulo do banco e aproveitando o momento para livrar-se das mãos do homem. - Não precisa – ele repetira, desta vez com as mãos em seu braço.

Encarara Jaskier por um momento. Parecia haver uma névoa provocada pela bebedeira pairando ao redor dele, o deixando com uma aparência... Diferente (era o único adjetivo não-comprometedor que Geralt fora capaz de encontrar). Talvez fosse aquilo que fazia dos olhos claros do bardo parecerem tão convincentes e chamativos, o suficiente para que Geralt abandonasse a ideia de sacar a espada.

- Volte aqui gracinha!

O homem tentara agarrar o pulso de Jaskier, no evidente intuito de puxá-lo de volta ao banco. Geralt, entretanto, fora mais ágil, passando o braço pela cintura de Jaskier e o puxando para longe do homem – e, consequentemente, próximo do seu corpo.

Pego desprevenido – e agravado pelo álcool na corrente sanguínea – o bardo quase se desequilibrara, deixando um ruído lhe escapar os lábios e por reflexo apoiando as mãos no peito de Geralt.

O homem, quem assistira aquela cena, franzira as sobrancelhas grossas, crispando os lábios e espremendo os olhos.

- Ah, entendi tudo. Você quer ele só para você, bruxo!

Encarara o homem fixamente, tomando cuidado para não se perder novamente naqueles olhos azuis próximos que lhe encaravam em surpresa e admiração. Ainda estava digerindo a informação quando os outros bêbados que, até então, resignavam-se a assistir a cena, começaram a se pronunciar:

- Volta pro seu canto, bruxo! Ele não quer nada com alguém como você!

- É! Deixa ele!

- Na verdade, - Geralt começara a consertar quando fora interrompido por Jaskier:

- Na verdade...! – o bardo repetira um tom mais alto, as palavras tropeçadas umas nas outras por conta da bebedeira conforme ostentava um sorriso bobo. As mãos mantinham-se em seu peito, mesmo que já tivesse retirado o braço da cintura dele. – Eu agradeço por toda a atenção de vocês, gentis cavalheiros, mas este bardo aqui pertence a um só bruxo.

Encarara Jaskier em completa descrença e choque. A única coisa que sabia era o que queria fazer com as bolas dele: arrancá-las e servi-las junto do jantar para aquele salão de homens embriagados.

Inclusive, os homens estavam todos protestando, insatisfeitos. O salão todo explodindo nos mais diversos argumentos.

- Eu sabia!

- Não é justo!

- As canções já deixavam bem claro que eles tinham algo!

- Jaskier – chamara-o em um tom baixo e contido.

O bardo virara-se para si com um sorriso provocativo, a cabeça tombando para o lado conforme os dedos tamborilavam em seu abdômen.

- O que foi, querido?

- Vamos embora antes que eu mesmo mate você. 

Trouxa Por Você (Geralt/Jaskier)Onde histórias criam vida. Descubra agora