00| break my heart

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I would've stayed at home

'Cause I was doing better alone

— DUA LIPA, Break my heart

[💕]

Minha cabeça latejava com tanta força que eu até fiquei assustada. Era como se um elefante sapateasse bem em cima de meu crânio.

Céus, nunca mais eu beberia em toda minha vida.

Quem eu quero enganar? É claro que eu voltaria a beber. E, muito provavelmente, de maneira tão exagerada como na noite passada, e como consequência voltaria a acordar no dia seguinte com elefante sapateando sobre você. É melhor aceitar a realidade, parar de reclamar, levantar minha bunda dessa cama confortável e ir tomar um banho gelado para acordar pra vida.

Na teoria era muito fácil pensar nisso, difícil era levantar realmente e fazer tudo o que pensei.

Eu não lembrava da minha cama ser tão confortável assim. Parecia que eu estava deitada em uma nuvem, ou na ideia que temos sobre como seria uma nuvem, sabe? Aquela ideia de desenho animado de que a nuvem é como um algodão doce. Enfim... Parecia realmente como a ideia infantil e nenhum pouco científica de uma nuvem.

Me viro na cama, sentindo meu corpo afundar no processo, aliviando a dor que eu sentia em todo meu corpo. Caramba, como era possível minha cama ter ficado tão confortável? E tão quente também.

Eu não tinha percebido, mas estava quente ali. Como se eu estivesse grudada em outra pessoa, o que era impossível porque eu dormia sozinha.

Espera aí...

Abro meus olhos, mesmo com minha mente implorando para continuar com os olhos fechados, e demoro poucos instantes para perceber algumas coisas.

Primeira coisa: Aquele teto que eu encarava no momento era preto. Eu nunca tinha visto um teto preto antes.

Segunda coisa: Sendo aquele teto, preto, prova de que eu não estava no meu quarto. O que explicava a cama confortável. Não era minha cama. Por isso o colchão era tão confortável.

O que me levava a pergunta, se essa não era minha cama, nem meu quarto obviamente, onde, diabos, eu estava?

Me viro, para tentar observar melhor o local e tentar descobrir de quem era aquele quarto, quando acabo batendo de frente com umas costas. Larga, branca e cheia de pintinhas.

As costas de um homem. Um homem muito musculoso e provavelmente atleta. 

De quem eram aquelas costas? Onde eu tinha me enfiado, pelo amor de Deus?

Congelo, pren,dendo até mesmo a respiração, enquanto o dono das costas se mexia na cama, se virando para continuar dormindo seu sono profundo de barriga para baixo, anulando completamente qualquer chance que eu tinha de ver quem era o dono do quarto.

Teresa, dessa vez você passou do limite. Beber demais até trocar as pernas, tudo bem. Beber demais até acabar na cama de um desconhecido? Já é demais. Demais até mesmo para você.

Pelo amor de Deus. Cadê sua sensatez, mulher?

Me afasto lentamente do corpo dormente ao meu lado, até conseguir sair da cama, só para me dar conta de que estou vestindo apenas uma blusa.

Uma blusa que, com certeza, não era minha. 

Essa situação só tende a piorar, a tequila estava definitivamente abolida do meu cardápio.

Olho ao redor do quarto, grande e bagunçado, procurando por minhas roupas no meio de todos os troféus espalhados por prateleiras, estantes e até mesmo pelo chão. Caramba, era muito troféu, e muita medalha também.

De quem diabos era aquele quarto?

Ignoro essa pergunta quando encontro minha saia do outro lado do quarto, em cima da escrivaninha. Vou até lá, o mais rápido que posso na ponta dos pés, e não perco para vesti-la, mesmo ainda não tendo encontrado minha calcinha.

Volto a vasculhar os cantos do quarto a procura de minha blusa e minha calcinha, coisas essências para eu sair daqui o mais rápido possível. 

O cara na cama, que eu ainda não sei quem é, se remexe mais uma vez, mas continua dormindo, o que é ótimo porque evita o constrangimento que eu irei passar, caso ele acorde e me veja ali, mas me faz pensar, como eu consegui capotar do lado dele com ele se remexendo tanto?

Será que fui dopada? 

Não... Se eu tivesse sido dopada, o cara que me dopou não seria tão nojento e cretino e corajoso a ponto de continuar dormindo ao meu lado. 

A não ser que ele também tenha sido dopado.

Ai meu Deus, será que nós dois fomos dopados?

Quais seriam as chances?

Paro de pensar nisso quando vejo minha calcinha jogada ao lado do pé da cama, junto com o que parece ser minha blusa, para minha completa alegria. Quase grito animada e aliviada, mas lembro que preciso ser silenciosa para não acorda-lo.

Caramba, quando Alicia souber ela vai rir tanto da minha cara. Talvez seja melhor não contar nada para ela.

Pego primeiro minha calcinha e a visto rapidamente, pegando minha blusa para ir me trocar mais longe do cara dormindo, vai que ele acorda do nada e me vê do lado, trocando de blusa?

Não. Muito constrangedor.

Quando pego minha blusa percebo que eu não posso usa-la. Um rasgo enorme e selvagem a abriu no meio e a tornou completamente inútil, não completamente, já que poderia usa-la como pano de chão. Foco, Teresa.

Como você vai sair dali sem sua blusa?

Caramba, caramba, caramba.

Que selvagem é esse que eu passei a noite que destruiu a minha blusa desse jeito? Quer dizer, qual era a necessidade? Ela tinha um zíper na lateral, era muito fácil de tirar, por que teve que rasga-la no meio?

Quando percebo as marcas vermelhas ao longo de todo o comprimento das costas do desconhecido, eu paro de julga-lo. Aparentemente ele não tinha sido o único selvagem entre nós.

Resolvo que, já que foi ele que destruiu minha blusa, pelo menos eu acho já que não lembro de nada ainda, nada mais justo do que ficar com a blusa dele. 

Decidido isso, caminho até a porta do quarto, onde encontro meus saltos ao lado de um troféu, e me preparo para ir embora, enfiando a blusa enorme dentro da saia para ficar mais apresentável. 

Estou quase saindo, completando a missão de não fazer barulho nenhum, quando meu cotovelo bate sem querer em um troféu e eu sinto meu coração disparar enquanto me contorciono toda para deter a queda. Suspiro aliviada quando impeço o objeto de sofrer as consequências da gravidade e o ponho de volta lugar, mas a curiosidade é grande demais e eu aperto a visão para ler o que está escrito na plaquinha dourada em sua base.

MELHOR NADADOR DO ESTADO ILLINOIS - 2010

ALEX STEINFELD

Ai meu Deus.

Não, não, não, não, não, não, não, não, não.

Não pode ser.

Me viro na direção da cama sem querer acreditar no que está acontecendo. Infelizmente, o timing foi horrível já que no mesmo momento em que me viro, o corpo dormente vira de barriga para cima e arruma a cabeça em cima do travesseiro me dando a visão de perfil de Alex Steinfeld em sua mais perfeita beleza.

O sol resolveu colaborar com ele e prejudicar minha vida, enviando seus raios para dentro do quarto, iluminando seu rosto e transformando seu cabelo e sua barba rala em dourado. Também iluminou seu peitoral definido e cheio de marcas de unhas e chupões.

Caramba.

Nunca mais tomaria tequila em toda minha vida.

Eu estava alucinando.

Só podia ser isso.

Platônico - O pesadelo dos apaixonadosOnde histórias criam vida. Descubra agora