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terça-feira

Uma noite tranquila havia passado, assim foi despertado pelo relumbrar do Sol em seu rosto, trazendo a cor cintilante e específica da pele de Park e o reluzir calmo de seus olhos.

Já era dia e Jimin deveria se arrumar para mais um dia bom em sua faculdade.

Ele, que escolheu a faculdade de Artes Cênicas pra seguir. Esse desejo de levar um hobby à sua vida profissional fora despertado por tantas pessoas que passavam minutos com Jimin e já diziam "é tão sua cara!" e por ele mesmo, que prezava sua vontade desmesurada de dançar e cantar à todo instante.

Jimin adorava se expressar, se sentir observado e saber que seu certeiro talento na dança e na voz seriam enfim apreciados. De um sucinto ao mais completo movimento que Park prestava, formava-se ali rastros de uma vistosa apresentação.

Ele que sempre doou tudo de si à cada treinamento e apresentações quando pequeno, ver seu aprimoramento e sua evolução atual era mais que gratificante.

Ele se sentia ainda mais vivo à cada passo e nota de voz. A voz que facilmente seria comparada à de um anjo.
As melodias que deixavam a boca de Park eram inacreditáveis ao ver de uma pessoa normal, e também de sujeitos superiores ao lado do canto.

Exibir seus movimentos retidos e exóticos juntamente com seu timbre prazeroso para todos os ouvidos era arte.
E sempre que havia Jimin em cena, ele se sentia arte, sabia que tinha poder e precisão em cada passo, em cada sucinto sonido.

Ele era harmonioso, ele nitidamente fazia tudo com amor.

Mas especificamente hoje na faculdade apenas foram horas de escrita em uma aula teórica. Ele sabia que suas primeiras semanas em uma nova rotina acadêmica seria de muita preparação e cansaço, mas em lembrar que no final tudo daria certo, suas energias se repõem automaticamente.

Ao chegar em casa, surpreendeu-se com um bilhete preso na geladeira com um pinguim, todo enfeitado de corações, flores azuis e tentativas falhas de passarinhos com nada menos que um recado de seus pais, que haviam saído para jantar e não era previsível a hora de chegar, mas a comida de Jimin estaria no microondas, pronta para ser aquecida em alguns minutos.

O esgotamento de Jimin era tanto que mesmo ao saber que sua comida já estava encaminhada não se preocupou se estava com fome ou não, correu ao quarto desesperado para encontrar sua cama.

E lá entrou, jogou sua mochila ao chão coberto com um tapete preto fofinho e se entregou inteiramente à sua cama.

Murmurou alguns gemidos de dor nas costas e então teve a ideia de tomar um banho quente assim que conseguisse vencer o imã que o puxava para seu aconchego.

E ao olhar para o teto, lembrou da noite passada.

Lembrou da burrada que tinha feito com o contato novo de um vizinho, e se perguntando incessantemente por que tinha feito aquilo sem nem pensar.

Até fez um breve esforço ao olhar de leve na direção de um outro prédio na esperança de encontrar um perfil, mas sem sucesso.

Aproveitou o embalo de força fugaz e levantou de sua cama já tirando sua blusa preta em gola u que deixava exposta a clavícula de Jimin, suas calças jeans que não eram tão apertadas mas marcavam em linhas suas coxas que eram tão bem definidas.

Jimin gostava de se arrumar, mesmo que fosse apenas para ir estudar na faculdade.

Tomou um banho nem tão longo, mas tão necessário e aprazível que ele poderia ficar horas em baixo daquele fluxo de água quente.

Ainda sentia uma inquieta dor em sua lombar e em suma decidiu ir diretamente na cozinha fazer um chá na expectativa de que aquilo que sentia desaparecesse de vez.

Seria rápido até por que Park estava apenas com a toalha, se não tivesse perdido a noção do tempo navegando de seu Twitter ao Instagram e pro WhatsApp em ciclo vicioso, e quando percebeu havia passado quase uma hora.

Indo ao seu quarto, foi surpreendido com um vento frio que havia entrado arrepiando todos os seus pelos, impulsionando Jimin à fechar a janelas que estavam escancaradas.

E ao ver o céu, percebeu que não estava tão belo quanto ontem por culpa de nuvens que inibiam a vasta beleza dele, mas ele estava tão belo quanto ontem.

O de cabelos castanhos foi novamente surpreendido com os olhares distantes e fortes de Jimin, que com seu peitoral nu apenas iria fechar o espaço aberto da janela para prevenir um resfriado.

Existiu uma troca de olhares lisonjeira e razoavelmente longa, naquele dia Jimin estava completamente perdido no tempo e era perceptível que o outro garoto também.

Mas ao notar a duração daquele momento afetuoso, o de camisa branca abriu um sorriso grande, ― expondo para a noite nublada, para a Lua que mesmo escondida conseguia ver tudo claramente, e para Jimin ― com seus dentes de coelho que eram ridiculamente fofos e combinavam tão bem à aparência deste.

Park sentiu novamente sua espinha arrepiar e chacoalhar dentro de si, mas não havia mais ventos frios.

E teve a sua tentativa de retribui-lo, mas mesmo meio incerto e inseguro abriu o mais belo e carinhoso sorriso, e com a ajuda das suas bochechas, o suficiente para fechar automaticamente parte de seu olho.

Estáticos, infelizmente foram cortados ali com o barulho da porta do apartamento do garoto do corpo nu na tentativa de ser aberta.

Jimin ligeiro, fechou as janelas e as cortinas em movimento único. Correu a porta de seu quarto e passou 2 voltas com a chave e almejou não ter feito barulho nenhum que seria captado por seus pais.
Queria fingir que estava dormindo para não ter que ouvir relatos da noite desses dois no jantar.

Ao por uma roupa leve e parar de ler várias vezes seu livro preferido sendo pego lembrando do sorriso tão encantador do garoto, também percebeu que a casa estava sem nenhum movimento e teve a certeza que seus pais estavam dormindo.

Com a mente cansada, largou o livro em cima de sua mesa e sentou sobre sua cama olhando acentuadamente ao outro lado do condomínio, que havia uma cortina fechada e uma silhueta dançante marcada por conta das luzes led fortes e coloridas, Jimin pode ter a certeza por um instante que o garoro estava dançando algum som famoso de uma diva pop e ao pensar nisso, gargalhou sozinho encarando o céu.

E por ser impedido novamente de avistar a Lua como todas as vezes, disse:

"Tanto tempo que não te vejo tão ofuscada assim minha pequena, até diria que as luzes do quarto do garoto estão mais fortes que você."

Sorriu, mas sorriu triste por uma noite que seria incompleta sem a presença dela.

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The moon shines brightly like your eyes. | pjm + jjk.Onde histórias criam vida. Descubra agora