Capitulo 1

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Estou eu aqui, sentada no meu carro, olhando o mar batendo na areia e pensando: Como cheguei até aqui? Tudo que passei, e como sempre estive orgulhosa de tudo que consegui. Mas por que a dor no meu peito não passa?
Por que meus olhos não param de produzir tanta lágrima? Merda, nunca me senti tão fraca e sozinha. Tudo isso por causa de um cara? Quando fiquei idiota? Que raiva!
Digo pra mim mesma, sim, porque adoro falar sozinha:
- Aonde que eu abaixei a guarda? Quando deixei que meus sentimentos me atrapalhassem?
E fui recordando.
Tudo começou há anos atrás...
Meu nome é Carolina, tenho uma família linda e super bem de vida. Tenho dois irmãos homens e sou a única menina. Filhinha de papai e mamãe, protegida pelos irmãos. O que quero tenho, mas nunca fui babaca e metida, todo mundo gosta de mim e quem não gosta tem inveja. Simples assim.
Morava em São Paulo e realmente não posso me queixar da vida, estudei em bons colégios, viajava pelo menos uma vez por ano com a família, aos quinze fiz a sonhada viagem para a Disney. Passei no vestibular para Comunicação Social, ganhei um carro zero aos dezoito, adorava passear no shopping, fazer compras e sair em baladas. Ou seja, vida normal de uma garota de classe média alta em uma metrópole.
Minha vida amorosa, também sempre achei normal. Primeiro beijo aos treze, pegação aos quinze (sim na viagem à Disney), mas o sexo resolvi esperar e me entregar a um carinha especial. Um namorado aos dezessete anos foi o sortudo. Fiquei com ele por quase um ano. O sexo sempre foi mais ou menos, sempre me satisfiz melhor sozinha ou com os dedos dele.
Orgasmo vaginal nunca tive, mas também ele era tão inexperiente quanto eu. O nome dele era Fábio e depois que terminamos, ele se mudou com a família para Recife e nunca mais vi.
Há uns dois anos tenho uma quedinha, não eu tenho um tombo, pelo Guilherme, amigo do meu irmão mais velho, o Eduardo. Mas o Gui NUNCA olhava pra mim sem me ver como a pirralha irmã do amigo dele. Nossa diferença de idade era de quatro pra cinco anos.
Agora que tinha dezenove anos decidi que ia partir pra cima do Guilherme, pensei alto no meu quarto:
- Chega desse amor platônico, ele precisa saber que eu quero ficar com ele e vou dizer e vai ser hoje!!!
O "hoje" era uma festinha que o Eduardo ia fazer em casa, meus pais estavam viajando e ele só informou pra mim e pro Mauro, meu irmão do meio, que ele ia fazer uma festa. Legal, só porque era o mais velho se achava o dono da casa. E ainda falou que a gente podia chamar um amigo ou amiga, que ele deixava.
O Mauro chamou o Thiago e eu chamei a Dani minha melhor amiga e que era tarada pelo meu irmão do meio. Eles já tinham ficado e achei legal que eles se curtiam, não tinha ciúme dos meus irmãos e sabia que eles eram bonitos e acho que a vida deve ser vivida.
Liguei para a Dani depois do almoço e ela atendeu no primeiro toque. - Fala mulher!!!!
- Oi Dani, tem planos pra hoje?
- Sei lá Caroles, hoje é sábado e todo mundo vai sair, mas tô mais dura que pão da semana passada e essas baladas acabaram com minha mesada do século.
- E se eu te disser que você pode ir a uma festa hoje, sem gastar um puto, cheia de gatos e ainda por cima ter a companhia da sua amiga mais linda e fodástica? O que você diria?
- Diria que te amo!!!!!
Ahahhaha... a Dani é uma figura. Conheci ela na escola, era super bem de vida, mas dai seus pais de separaram e a mina secou. A mãe dela vivia da pensão e com todos os gastos, a Dani teve que se adaptar a viver de mesada. Mas a mesada sempre acabava antes do mês.
- Então vem pra cá, o Edu está dando uma festinha aqui em casa. Vi que ele comprou varias tequilas e vodcas então o negócio promete.
- Mas Carol, o Mauro vai estar?
- Sim, ele vai chamar o Thi pra fazer companhia pra ele.
- Mas eu quero fazer companhia pra ele!
- Só companhia Dani?
- Não, mas você é a irmã dele e falar que quero fazer um boquete nele
não me deixa a vontade.
- Hahahahah... tô vendo. Vai, vem logo pra cá, a gente se arruma aqui no
quarto e desce quando a festa estiver bombando. Tenho um plano e quero sua opinião.
- Que plano?
- Vem pra cá logo!
- Estou indo e deixa o closet aberto porque estou indo sem nada, pois
pretendo usar tudo seu... hahahaha. - Isso não é novidade! Beijo, até.
Dani e eu tínhamos o mesmo biotipo. Tenho um metro e sessenta e cinco, corpo magro mas com curvas, meu cabelo é castanho e tenho olhos verdes. Já Dani é loira e um pouco mais baixa que eu e tem olhos azuis.
Sempre quando saímos nunca tivemos dificuldade de arrumar companhia.
Dani chegou quase cinco horas e entrou no meu quarto com um sorriso de lado a lado.
- Demorou, e que cara é essa?
- Ai amiga, desculpa a demora, esperei minha mãe sair pra me dar carona e ela enrolou um monte. Mauro abriu a porta pra mim.
- Por isso essa cara de boba? Aff
- Ah, Caroles ele é lindo e estava só de bermuda com aquele corpo todo me chamando.
Mauro realmente é um cara bonito, somos muito parecidos em cor de cabelo e olho, mas ele é bem mais alto e malha bastante, tem um corpo lindo. Está fazendo Veterinária e já trabalha na Hípica, pois sempre foi apaixonado por cavalos. Ele é o que mais se aproxima de um melhor amigo pra mim. Por isso acho fofo esse flerte dele com a Dani.
- Te chamando? Ele estava sozinho? - Aham
- Te agarrou
- Infelizmente não! Hahahaha
Toc Toc Toc, - bateram na minha porta.
- Entraaaaaaaaaaa!!! - era o Edu meu irmão mais velho.
Edu era o oposto de mim e do Mauro. Era moreno, olhos escuros e
cabelo bem escuro. Tinha puxado o papai. Já eu e Mauro tínhamos tudo do lado da mamãe. Edu está terminando administração e trabalha com meu pai.
- Fala Du!
- Carol, ah oi Dani! - ela retribuiu com um sorriso - Você vai sair?
- Não pretendo. Por quê?
- Vou com o Mauro buscar uns energéticos, refrigerantes e mais copos
descartáveis e queria te pedir pra atender ao telefone e a campainha. Pode ser?
- Sem problemas.
- Valeu maninha.
Assim que ele saiu a Dani falou:
- Desembucha Carol!
- O quê?
- Seu plano.
- Hahaha... curiosa????
- Pra caralho, fala logo.
- Vou partir pra cima do Gui. - falei na lata - Tô de saco cheio de ficar
babando e ele nada, vou chegar junto e agarrar.
- Carol, eu não quero te magoar, mas ele nunca deu a entender que tem
algum interesse em você, e como você sabe que ele não vai estar com alguma menina.
Sempre quando encontro o Guilherme ele me trata como irmã mais nova, nas festas e baladas, ele nunca está sozinho. Sempre acompanhado de umas mulheres bem espalhafatosas. Isso não é de estranhar ele é uma DELÍCIA, alto, cabelo cor de cobre, olhos azuis, ombro largo, sempre cheiroso e bem vestido, tem um papo legal, lindo de viver.
Cansei de ficar olhando ele beijar outras meninas e sonhar com aquela mão enorme pegando no meu rosto como ele faz com elas ao mesmo tempo em que a outra mão agarra pela cintura forte. Aff... só de pensar me dá água na boca.
- Pode ser amiga, mas tenho que tentar, e se levar toco levei, fazer o quê? Não dá mais pra ficar nesse tesão enrustido que tenho nele. Preciso cagar ou sair da moita.
- Você que sabe. Mas não vá com muita expectativa assim, se não der certo, o tombo não é tão grande.
- Chega de papo e vamos escolher as roupas.
Entramos no meu closet e a Dani escolheu uma mini minha de cetim preto e uma blusinha de seda azul royal, saltão preto e fechou. Eu escolhi um vestido verde tomara que caia que servia como uma luva e combinava com meus olhos. Peguei um salto meu enorme e algumas bijuterias.
Tomei banho e coloquei meu roupão branco. Comecei a fazer minha maquiagem enquanto a Dani entrou no banho. Escutei a campainha e desci para atender.
Era o Thiago, o melhor amigo do meu irmão Mauro, e meus pais eram seus padrinhos de batismo. Conheço ele desde sempre, na realidade. Ele é um carinha bem bonito, mas normal, sem nada de mais e nunca me chamou atenção, super gente boa, mas normal.
- Oi Thi, os meninos saíram pra comprar coisas pra festa, entra.
- Oi Carol.
Nessa hora ele me deu uma medida que me senti pelada. Ops, isso nunca
tinha acontecido.
- Pode esperar aqui na sala ou no quarto do Mauro. Você que sabe.
- Você está sozinha?
- Não, a Dani está no banho. Vou subir, fique a vontade.
E subi correndo. Entrei no quarto e a Dani estava secando o cabelo.
- Dani, era o Thiago. Ele parecia me comer como os olhos. Aff... me
deixou até com vergonha. Ela ficou me olhando, olhando e falou:
- Ok, tinha prometido pra seu irmão não abrir minha boca, mas lá vai.
Amiga ele tá doido por você. Fiquei paralisada, por essa eu não esperava.
- Dani não quero saber, hoje vou me concentrar no Guilherme. Mas desde quando isso?
- Não sei, fiquei sabendo na semana passada, quando você ficou com aquele loiro azedo na balada e ele ficou todo borocochô, e o Mauro acabou me falando que ele estava a fim de você.
- Mas ele nunca tentou nada e o Lucas não era loiro azedo, era loiro claro.
- Claro de Blondor, né amiga? Você e vodca juntas não dão certo, fica até daltônica.
Caímos na risada e continuamos nos trocando, ouvindo música e bebericando uma vodca com energético. Depois de um tempo o Mauro entra no meu quarto, pula na minha cama agarrando minha amiga.
- Por favor, vocês dois, arrumem um quarto para vocês.
- Ah irmãzinha já estamos em um quarto. Vocês vão demorar pra descer? - Daqui a pouco descemos.
- Já tem bastante gente lá embaixo, não enrolem. Falou dando um
selinho na Dani e desceu.
- Carol, posso te perguntar uma coisa?
- Fala.
- Se eu não dormir no seu quarto hoje, você vai ficar muito chateada?
- Sério que você quer transar com meu irmão no quarto do lado do meu?
Ah meu, vão pra um motel!
- Ai amiga, a gente vai beber pra sair de carro depois, posso voltar pra
seu quarto depois.
- Argh, que nojo! Não, fica lá com ele, mas pelo amor de Deus, sem
gritinhos e gemidos altos. Me poupem disso. Ela riu e afirmou com a cabeça.
Quando descemos a música rolava solta, devia ter umas 30 pessoas na sala, a porta de vidro que dava pra piscina estava aberta e encostada nela estava ele.... Guilherme!
Apertei a mão da Dani e apontei com a cabeça, ela disse:
- Boa sorte amiga, infelizmente acho que você vai precisar.

QUANDO MENOS SE ESPERAOnde histórias criam vida. Descubra agora