Até a próxima morte

1.

- Se anima, vai ser legal. Olha como a noite está bonita hoje, o que pode dar errado? ─ A morena perguntou sorrindo para mim, enquanto descíamos do carro.

- Finalmente. Esperei tanto por essas festinhas de faculdade. ─ O garoto tatuado disse alegremente, enquanto passava seus braços pela minha nuca - É hoje que Dayane pega umas novinhas.

- Não viaja Vitão, só vou beber um pouco e tentar curtir. Sem beijos por hoje. ─ Falei e o garoto deu de ombros, me soltando e indo até sua namorada.

- Se você vai beijar eu não sei, mas eu e a Thay... ─ Sussurrou e levou um tapinha da mesma.

- Eaí seus otários. ─ Ouvimos uma voz bem familiar. A voz de Dreicon. E assim que nos viramos para conferir, demos de cara com ele. - Elana e Pâmela já estão lá na festa faz uns vinte minutos. ─ Nos avisou. - Pensei que não iriam me esperar. - Dreicon resmungou

- Obviamente não iríamos esperar você. ─ Respondi rindo, enquanto andávamos em direção a saída do estacionamento. - Porra, daqui dá para ver as luzes da festa. ─ Apontei para a enorme casa que estava a uns 150 metros de distância. A mesma era iluminada por luzes brilhantes e coloridas.

Após meu comentário, tudo ficou em silêncio.
A velha iluminação amarelada daquele estacionamento me deixava inquieta, mas por sorte as estrelas presentes no céu me faziam esquecer aquilo por alguns instantes.
Estávamos cada vez mais próximos da grande casa onde estava acontecendo a festa. E mesmo ainda estando longe, se eu me concentrasse consiguiria ouvir a música que estava tocando na festa.

Mas fui tirada de meus pensamentos quando um grande barulho de metal caindo no chão se fez presente na saída do estacionamento. E assim toda minha concentração foi pelo ar.

- Que porra foi essa? - Vitão perguntou enquanto todos nós olhávamos para trás.

A cerca de trás do estacionamento estava caída no chão. O que dava um pouco de medo.
Continuamos olhando durante mais alguns segundos para aquela imensa escuridão. E não demorou muito para que as luzes começassem até a falhar.

- Acho melhor a gente ir logo. ─ Dreicon sugeriu - Não gosto dessas coisas.

- Calma, tem alguém perto do carro do Víctor. ─ Thay apontou e logo as luzes pararam de piscar.

Me agachei e pude ver um par de tênis pretos por baixo do carro do meu amigo.
O tempo de eu me levantar foi o suficiente para uma pessoa de capuz preto e uma máscara acinzentada sair de trás do carro.
Forcei minha vista para ver o que a pessoa segurava, e logo cheguei a conclusão de que era um facão.

- EI SEU RETARDADO, NÃO ENCOSTA NO MEU CARRO. ─ Vitão gritou, se preparando para ir em direção a pessoa. E por sorte Thay e Dreicon o pararam.

- Não seja burro, ele tem um facão. ─ Nosso amigo chamou sua atenção - Vamos logo, deve ser apenas alguém da festa brincando com a gente.

Graças a Deus Víctor concordou e seguimos o caminho em direção a festa. Bom, claro que eu não esqueceria essa cena bizarra tão cedo, mas também não iria deixar uma brincadeira besta abalar minha noite.
Andei o resto do caminho pensando nisso, até que chegamos na casa.
Thay abriu a grande porta e assim que entramos ficamos surpresos.
Tinham jovens bebendo, fumando, dançando, beijando e até mesmo nadando sem roupa. Enquanto ecoava uma alta música eletrônica por todo o local.

- AGORA A FESTA COMEÇA. -Vitão gritou, enquanto puxava sua namorada para o meio da multidão.

Vi Elana e Pâmela se aproximando, enquanto Dreicon se afastava de mim.

- Vocês demoraram. ─ Elana falou me abraçando - Aconteceu algo? ─ Perguntou com um olhar de preocupação.

Pensei em contar sobre aquele momento sinistro, mas apenas deixei de lado. Neguei com a cabeça, e ela logo abriu um sorriso para mim, e eu obviamente fiz o mesmo.