ACOMPANHANTE DE LUXO | +18 🍓 AUTORAL [REESCREVENDO]🍓

🍓CAPÍTULO 1 - EU E VOCÊ🍓

O som dos carros movimentando a grande capital, os risos de crianças a caminho da escola e o barulho dos trens, Seul acabava de dar boas-vindas à primavera e junto dela, o fim das férias de Hana. A secretaria vivia em um pequeno apartamento nas proximidades do centro, alugado pela própria empresa para que seus funcionários não precisassem pagar pelo transporte ou se atrasasse parar chegar ao trabalho. Entretanto de mesmo modo, faltava pouco para que Hana cometesse esse erro.

Por mais que suas ações estivessem cada vez mais antecipadas, Hana não conseguiria fazer mais de três coisas ao mesmo tempo. Enquanto se embolava para calçar seus saltos, o pão preso entre seus dentes quase se desmanchava pelo tempo em que estava preso ali, aguardando suas mãos pararem de puxar cada vez mais seu longo cabelo para mais uma volta na buchinha. Quando acabou, terminou de devorar o pão às pressas voltando para seu quarto. Ela parou em frente ao espelho observando sua imagem mais uma vez. Por mais que seu reflexo não a agradasse, estava bom para quem passaria o dia todo em frente ao computador, não correndo risco de sua saia subir ou as coxas suarem de mais.

Seus seios enormes eram apertados pela camisa social causando certo desconforto, o corpo rechonchudo mal cabia no uniforme antigo e mesmo assim, ela preferia mantê-lo do que trocá-lo por um número maior. Hana era muito teimosa e sua insegurança com o corpo redondinho era sempre evitada quando se olhava no espelho com aquela mesma roupa. O tecido preto da saia social dava grande destaque para o seu quadril largo e a camisa social sempre dava um ar mais belo - em sua visão, para a cintura pouco acentuada. Seu relógio tilintou. Faltava pouco para seu horário de trabalho e o atraso passou a ser inevitável, ela puxou a cabeleira um pouco mais antes de ajeitar seu uniforme de secretaria.

O fino miado vindo da porta não precisou se quer de seu olhar para saber se poderia entrar, o gato preto saltou sobre a cama rosa-claro balançando as planilhas na beirada da mesma.

— Cookie! Meu relatório! — Reclamou se virando e pegando a pequena pilha de papéis sobre o colchão. — Eu vou sair por algumas horas, mas o Tayler vai vir cuidar de você. — Gritou para seu bichinho de estimação enquanto saía do quarto passando para o corredor. Seu gato miou rolando na cama até ficar de barriga para cima, todo esparramado e preguiçoso. — Não faça bagunça e nem fique miando muito alto. — Hana caminhou até a mesinha perto da porta de entrada pegando suas chaves e saindo de casa no maior receio do mundo. Odiava passar muito tempo longe de seu bichinho.

O clima ameno da primavera aconchegava a agitada cidade, balançando as árvores de um lado para o outro de forma lenta. Por baixo de seus galhos, um corpo rechonchudo se movia rapidamente contra o tempo, imaginando perfeitamente o homem engravatado com olhar sério analisando suas palavras com cautela, oscilando entre fingir que acreditava na desculpa esfarrapada ou simplesmente deixar o atraso de lado. Para Hana, somente o fato de que seu patrão se quer cogitar alguma dessas opções, já a deixava angustiada. Não queria de maneira alguma ser mal vista por ele.

Seus passos se apressavam cada vez mais tornando a visão ampla do enorme edifício cada vez mais clara. Parou uma rua antes aguardando a abertura do sinal para os pedestres, aproveitando para admirar as folhas verdes de uma fina árvore que dançavam lentamente junto ao vento, alegrando-se por ver uma vida crescendo em meio ao cimento rígido da metrópole. Quero poder crescer como ela algum dia, pensou. Antes que pudesse perceber, a multidão atrás de si colocou-se a caminhar para a outra calçada, esbarrando bruscamente em seu ombro vez ou outra. Hana bufou por fim os acompanhando.

Ela adentrou o andar de seu setor passando pela recepção ofegante, tentava ao máximo andar um pouco mais rápido para estar na sala do presidente o quanto antes para entregar a sua planilha. Sem ela a reunião de agendamento da viagem da empresa não poderia acontecer. Ela parou em frente à porta de emergência e respirou fundo pegando o celular para conferir o horário, se arrependendo de imediato ao ver os números na tela.