capitulo 1

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JOANA

    Acordo bem cedo, apesar da noite que mais uma vez foi agitada pelo pesadelo. Fico na cama uns instantes criando coragem para levantar e encarar o dia. Hoje vai ser importante, depois de três anos decidi voltar a dançar. Tomo banho, passo um creme de pele cheiroso  e protetor solar, visto uma das minhas dezenas de blusas de manga comprida, calça e tênis completam meu visual.

    Desço para tomar café e meus pais já estão na mesa.

    —Bom dia papai — dou um beijo no auto da sua careca.

    — Bom dia borboletinha como você está se sentindo hoje?

    — Ansiosa.

    — Eu estou feliz que você tomou essa decisão é um passo para ter sua vida de volta — minha mãe diz colocando café e pão a minha frente. Apenas balanço a cabeça em sinal de concordância, mesmo não concordando, pois há muito tempo deixei de falar com meus pais que nunca vou voltar a ser a mulher  que já fui um dia, eles sempre ficam tristes quando digo que aquela "eu" morreu, já não existe mais.

***🩰***

    Já passei por três escolas de dança e nenhuma me agrada. Deve ser um sinal dos céus pra não ir em frente com isso e aposentar de vez o sonho do balé. A última escola da minha lista  é a Academia de dança vivre la vie, entro no meu carro coloco o endereço no gps e me dirijo para lá torcendo para que esse seja o lugar ideal para que eu possa recomeçar a dançar, "viver a vida" é tudo que meus pais e minha psicóloga vivem dizendo que eu devo fazer, talvez o nome seja um sinal que lá será meu recomeço.

    O lugar é enorme, fica no fim de uma rua sem saída e parece ser bem legal. Consigo ver pelas janelas do primeiro andar algumas salas de aula, em uma delas crianças ouvem com atenção as instruções de uma linda professora e depois tentam imita-la, são tão fofas que fico alguns minutos assistindo da janela.

    Vou até  a recepção e cumprimento a recepcionista.

    — Bom dia eu tenho horário marcado com Vanessa Ribeiro. Meu nome é Joana Macedo.

    — Bom dia, Vanessa não vai poder atendê-la hoje, a filha dela está doente, mas a senhora Claire Benoit vai guiar você.

    — Espera um pouco — digo colocando a mão no peito — A Claire Benoit? Tipo a bailarina Claire Benoit?

     — Sim ela mesma — a recepcionista fala sorrindo — ela é a dona, como a Vanessa está indisponível hoje e os outros instrutores estão dando aula, ela que irá te guiar.

    Fico maravilhada com a notícia a Claire é uma lenda viva do balé clássico já dançou nas maiores companhias do mundo, seu legado é impressionante sem contar que ela é filha da cantora francesa Marie Benoit.

    — Olha ali ela já esta vindo — a recepcionista aponta para o corredor e então a vejo vindo em minha direção.

    — Olá, meu nome é Claire vou mostra a você nossa escola.

    — Bom dia senhora Benoit é uma honra conhece-la pessoalmente.

    — Para com isso querida me chame só de Claire, vamos começar?

    Por meia hora ela me guia pelas dependências da academia, as salas tem um maravilhoso piso de taco, grandes espelhos e tudo mais que é necessário para aulas de dança, ela me mostra os equipamentos de som ultra modernos e algumas salas tem até pianos e outros instrumentos para música  ao vivo.

    Falo para ela que meu objetivo e ensaiar sozinha e se há disponibilidade de salas para isso, ela então me mostra a salas para essa finalidade e só poso dizer que estou encantada com tudo que vi, me sinto pronta para confirmar que quero ficar com uma das salas, só tenho um probleminha que pode minar minha empolgação, então pergunto a ela:

    — Há câmeras na sala?

    — Você quer filmar os ensaios? Esse espelho - apontou para o espelho central que fazia divisa com outros dois na frente da sala. — É um espelho mágico você não vê, mas quem est6a atrás sim. Na sala ao lado temos equipamentos de filmagem é só você solicitar que um dos nossos técnicos deixam tudo arrumado pra você.

    — E câmeras de segurança?

    Ela me olha intrigada imagino que não é normal esse tipo de questionamento.

    — Sim aquilo — Ela mostra um pequeno aparelho localizado rente ao teto em uma das quinas da sala — é uma câmera de segurança.

    — É você monitora 24 horas?

    A expressão até agora agradável da mulher muda completamente para uma total desconfiança ela deve esta pensando que pretendo assalta- lá.

    — Sim senhorita ela filma 24 horas. Posso saber o motivo da pergunta?

    Acho justo que ela queira saber afinal é o estúdio dela e eu estou me comportando como uma maluca.

    — É que gostaria, por favor, que você desligasse todas as câmeras quando eu estiver aqui.

    — Creio que isso será impossível.

    Suspiro e vou até a porta a fecho e passo a chave, percebo que ela imediatamente tira o celular do bolso com a intenção de chamar alguém.

    — Espera, eu não sou uma criminosa ou uma maluca quero te mostrar uma coisa e não quero que ninguém veja.

    Percebo a curiosidade tomar conta da feição dela que faz um faz um gesto para que eu prossiga.

    — Faz 3 anos que eu não danço pois sofri um... vamos dizer "acidente"- começo a retirar minha blusa de mangas longas enquanto falo — eu fiquei seriamente ferida e todo esse tempo estava em tratamento, realizei varias cirurgias plásticas, mas as sequelas foram inevitáveis.

    Tiro totalmente a blusa e olho pra ela e percebo  as emoções  que passam em seu rosto: primeiro a surpresa,  depois a curiosidade e por fim o pesar. Me encolho um pouco com o exame dela sobre mim, mas isso durou pouco, pois rapidamente ela coloca a máscara de profissionalismo no lugar.

    — Voltar a dançar é importante para mim e não quero fazer isso usando essas roupas e proteções, preciso ser livre enquanto danço, mas não quero que ninguém mais veja.

    — A sim, Você não quer imagens.

    — Isso mesmo não me sentiria verdadeiramente confortável se souber que tem alguém assistindo mesmo que seja por algum segurança.

    — Entendi perfeitamente. É da minha sala que é feito o monitoramento das câmeras eu e minha secretária que olhamos todo o movimento. Cada câmera tem seu próprio sinal apesar de ser um circuito interligado.

    Eu gostei muito do espaço e da energia do lugar, mas essa questão das câmeras é  importante para mim, desde que tudo me aconteceu não tirei mais fotos e a não ser meus pais e os médicos quase ninguém viu os meus ferimentos. Se ela me disser que não pode fazer isso por mim dificilmente vou ficar com essa escola, quero me sentir totalmente livre para dançar, quero a chance de me sentir como antes.

    —Olha achei você uma garota super legal.... — ela começa e eu já desanimo

    —Mas? Tem sempre um mas.

    — Mas nada, não vai ser um incômodo  fazer esse favor a você. Como eu dizia achei você uma garota super legal e minha intuição me diz que aqui é o seu lugar, seja bem vinda a vivre la vie!
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