Capítulo 3

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Renan

    A semana passa voando há muito trabalho requerendo minha atenção e não encontrei mais a Joana, mas hoje vou falar com ela, sinto que devo me desculpar por ter invadido sua privacidade no outro dia.

    Vou a sala que ela ensaia faltado cinco minutos para o fim do seu horário e espero até que a musica que sai da sala acabe e bato na porta.

    — Espere um momento — sua voz suave me alcança e respondo um com um ok, depois de um tempo a porta se abre.

    — Olá, deseja alguma coisa? — ela diz não parecendo muito feliz com a minha presença a hostilidade se faz presente no seu tom de voz.

    Sim eu vim me desculpar pelo outro dia, eu ainda não sabia das suas recomendações.

    — A Cris veio falar comigo depois, entendo que foi uma falha de comunicação.

    — Sim, mas eu não podia deixar de vir pessoalmente me desculpar.

    — Desculpas aceitas se me der licença, preciso arrumar minhas coisas — ela tenta me dispensa, mas eu tenho outros planos.

    — Você aceitaria tomar um café comigo?

    — Olha eu sinto muito, mas não.

    — Joana, por favor, aceite. Minha mãe e a Cris parecem gostar muito de você e eu gostaria de uma chance de acabar com esse clima ruim entre a gente quem sabe nos tornamos amigos. Só um café se depois você não quiser mais falar comigo respeitarei sua vontade.

     Ela me analisa um pouco e vejo que vai me dizer outro não, mas parece pensar melhor e fala:

    — Eu aceito tomar um café com você.

    É possível notar que ela fez um grande esforço para me dizer essas palavras, mas eu não posso evitar o sorriso de se formar em meus lábios.

     — Então ok, te encontro na recepção em cinco minutos — dito isso dou as costas e saio, não dando ela à oportunidade de desistir.

     *** 🩰 ***

J

OANA

    Chego para ensaiar, mas confesso que estou desanimada e sem foco. Um dos motivos foi meu fisioterapeuta que mudou os exercícios ontem e me adaptar a novas rotinas é sempre difícil, mas o motivo principal e minha odiada, ops quero dizer, amada terapeuta que na cessão de ontem de manhã decidiu que eu preciso sair da minha zona de conforto; nas palavras dela "estourar  minha bolha de proteção" coisa que eu não concordo, pois amo minha bolha e amo minha zona de conforto ela é confortável, mas a Doutora Rafaella acha que a acomodação pode trazer a depressão de volta.

    Enquanto me alongo lembro-me da nossa conversa durante a sessão:

    "Joana voltar para a dança foi um grande passo então esta na hora de dar o próximo"

    "É o que seria esse próximo passo?"

    "Voltar a sair, fazer amigos e quem sabe namorar".

    "Ainda não estou preparada para namorar talvez eu nunca fique preparada pra isso, mas eu tenho amigos tenho a Eva, tenho você a minha mãe".

    "Você não acha preocupante que das três amizades que você citou uma recebe seu dinheiro, outra é aquela que te pôs no mundo e a última se comunica através de latidos?"

    Suspiro resignada, entendendo onde ela quer chegar, mas a verdade é que ainda me sinto travada para falar com outras pessoas.

    "Pelo que me contou antes do ataque você era uma pessoa popular, ativa que gostava de sair e estar cercada de pessoas"

    "É, mas isso mudou, agora tenho medo até de sair na rua  e mais medo ainda da reação das pessoas, estou cansada de lidar com a pena que vejo nelas."

    "Você está  segura, aquela mulher não pode mais te fazer mal e quanto à reação das outras pessoas você não pode fazer nada a respeito, mas pode fortificar a sim mesma para lidar com essas situações e lembre- se nem sempre e pena na maiorias das vezes e solidariedade e esse é um bom sentimento" ela fica calada uns instante aguardando para que eu processe o que acabou de dizer.

    "Tenho una tarefa para você, até
a próxima sessão quero que você se esforce para fazer um novo amigo e para sair de casa".

     "Tudo bem vou tentar fazer isso, mas não prometo nada".

     "Só de você se esforçar verdadeiramente vou ficar satisfeita"

     Volto a me concentrar nos exercícios deixando um pouco de lado os meus problemas. Depois dos alongamentos escolho uma musica clássica e começo a treinar passos de balé. Quase duas horas depois meu corpo está dolorido, mas minha mente está bem mais relaxada dançar sempre teve esse efeito calmante na minha cabeça, quando a música acaba ouço uma batida na porta. Quem será? Ninguém nunca veio até aqui no momento do meu ensaio.

     — Só um minuto, por favor.

     Vou até minha bolsa e pego uma das minhas blusas de manga e uma calca comprida e visto rapidamente vou até o espelho e checo se nenhum pedaço de pele esta aparecendo e só depois disso abro a porta, para minha surpresa o filho da senhora Clair é quem esta parado do outro lado.

     Ele me pede desculpas pelo que aconteceu no dia em que nos conhecemos e me convida para tomar um café, eu não gosto de sai para lugares que tenham muitas pessoas é imagino que ele queira me levar a Doçarte, sempre que passo por lá posso ver que o movimento é sempre intenso, por isso recuso seu convite, mas ele não parece disposto a ouvir um não e insiste.

     Quando estou prestes a recusar novamente me lembro da tarefa da doutora Rafaella, pondero se é uma boa ideia, ele parece ser um cara legal veio aqui se desculpar eu conheço a mãe dele e se der errado alguma coisa nesse café eu posso ir embora e dizer pra doutora que minha reclusão vai continuar. Resolvo aceitar o convite.

     — Eu aceito tomar um café com você- digo, mas meu tom de voz sai mais ríspido do que gostaria, é acho que não sei mais viverem sociedade.

     Ele assente e vejo que sorri e por alguns segundos fico impactada com a beleza desse sorriso, acho que me distrai tempo demais porque não entendo o que ele fala antes de se virar e sair.

     Deus queira que essa tenha sido uma boa decisão.
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