Prólogo
~ooOoo~
Ao adentrar o prédio com aspecto sujo, na saída da cidade, Luísa sentiu náuseas e respirou fundo em busca de coragem, aquele era o seu sonho e não seria agora que teria dúvidas, certo? Estava tudo perfeitamente combinado e este seria o primeiro passo para o sucesso, mal podia esperar para alcançar a fama, ver seu rosto em Outdoors espalhados pelas grandes cidades, atraindo olhares e inveja, todas as entrevistas que serviriam apenas para deixar as pessoas mais curiosas sobre sua pessoa, representar as grandes marcas e estrelar a capa das mais cobiçadas revistas. Merecia o melhor e teria o melhor! Foi com esse pensamento que sorriu, firmando os passos e seguindo para o lance de escadas – por conta do estado de conservação do prédio, não sentia segurança no elevador e optou por subir ao sexto andar pela escadaria -, subindo degrau por degrau com uma expectativa vibrante, seu peito se enchia de esperanças e sentiu vontade de chorar. A vida sorria para si pela primeira vez.Após três anos tentando, tirando fotos e enviando para todas as agências que conhecia, fazendo o possível para chamar a atenção e buscando contrato com importantes empresários do ramo da moda, agora estava sendo reconhecida e faria uma campanha onde seria a modelo principal. Riu, contente, e um tanto amargurada ao lembrar do pai que a expulsou de casa aos quinze anos, ele dizia que não aceitava uma filha se expondo assim, que não a havia criado para isso e uma série de outras coisas, até que descobriu sobre os ensaios mais ousados feitos por ela e a expulsou de casa, alegando vergonha e desgosto. Cidade de interior, não demorou muito para a notícia se espalhar e a jovem experimentou o amargo gosto da humilhação... Até conseguir uma carona para a cidade vizinha, mudou-se para a casa de uma tia e recomeçou, foi quando Gustavo surgiu.
Distribuindo seus currículos pelas lojas do centro, mal acreditou ao ser abordada por um olheiro que apresentou-se com muita educação, mostrando identificação e entregando o cartão da agência na qual trabalhava e buscava rostos desconhecidos para uma nova campanha, algo sobre beleza em lugares feios, não prestou muita atenção tamanha a empolgação que sentia e quando voltou para casa, contou para a tia que vibrou junto consigo, mas a fez prometer que iria confirmar e averiguar tudo certo porque existe muita gente ruim no mundo, palavras da mais velha. Ao ligar para o escritório descrito no cartão, Luísa confirmou as falas de Gustavo e ainda se informou melhor sobre tudo. A reviravolta ocorrera há cerca de um mês e meio e já havia recebido uma parte do cachê – o que serviu de grande ajuda –, agora estava ali, no local indicado pela agência e ouvindo ao longe o barulho do táxi que a trouxe indo embora, parou em determinado degrau, sentindo um arrepio com o vento frio que passou. Bobagem! E o calafrio que sentiu só podia ser coisa de sua cabeça, um medo bobo, estava tão perto de realizar seus sonhos que o corpo reagia de modo estranho...
Concentrou seu pensamento no sonho que a acompanhava desde menina e seguiu, sentindo cansaço nas pernas em alguns pontos bem como a falta de fôlego. Já fazia planos futuros, natação e academia para melhorar o condicionamento físico, talvez até ballet caso tivesse tempo livre e, daqui a alguns anos, sua faculdade de Psicologia porque não queria ser modelo a vida inteira, tinha ainda muito chão pela frente e desejava conquistar todos os seus objetivos. Um degrau de cada vez e assim chegou ao andar indicado na última ligação onde tratou dos pormenores, levemente ofegante e tentando conferir em qualquer superfície com reflexo se estava apresentável ou não. Estava linda e... Inquieta?
– Luísa, certo? - um homem indagou, estava parado no portal de entrada para um cômodo. Ele percebeu assustá-la e sorriu – Desculpa, não foi a intenção. - disse, caminhando até a jovem e estendeu a mão para um cumprimento – Sou Pedro, o fotógrafo que vai trabalhar com você hoje.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Todas as Razões para Recuar
عاطفية[Romance Dark] Brutal. Joana não precisava de palavras doces ou olhares repletos de promessas, tampouco pediria licença para conquistar o mundo - mesmo que precisasse adentrar o submundo e despir-se de qualquer conceito de moralidade. Jornalista ou...