— Nossa. Eu tenho tantas perguntas. — digo enquanto estamos sentados na areia da praia.
— Pode fazer todas. Não vou a lugar algum. — novamente toca meu rosto, a palma de sua mão é quente e me faz fechar os olhos para captar melhor aquele gesto.
— Senti tanta falta sua, Paulinho. — digo e ele ri, então abro os olhos e ele tira sua mão de meu rosto.
— Você e sua mãe são as únicas que me chamam assim. Mas eu gosto. Principalmente sendo você.
Sorrio envergonhada com seu comentário que veio acompanhado de um olhar bem intenso. É incrível como, mesmo passando tantos anos, meus sentimentos permanecem intactos.
— O que faz aqui na Paraíba?
— Um lugar para, enfim, repousar. Mainha e Artur cansaram de viajar por enquanto.
— Por enquanto? Quanto tempo pretende ficar?
— Sinceramente? Até o fim da vida. Se for pra sair daqui, só vou para um lugar. Nossa casa, no Ceará.
— É egoísta de minha parte, mas me sinto sortuda por te ter de novo. — rimos.
— Sortudo sou eu. Digo, abençoado. Eu pretendia ir para o Ceará semana que vem para te procurar, mas sua mãe disse que você estava aqui e eu fiquei louco para te encontrar.
— Pois é. Passei para Escola de Artes da Paraíba.
— Fico muito feliz. Você é talentosa desde que se entende por gente.
— Obrigada. — sinto o rosto corar — Então minha mãe te contou tudo.
— Sim. — riu.
— Por que você não posta nada nas redes sociais? Já pensou se eu não te reconheço por não ter nenhuma foto sua?
— Olha quem fala! Só posta fotos dos seus desenhos, eu louco de vontade de saber o que mudou em você. Mas pelo visto, você só ficou mais bela.
Momento corada, parte dois.
— Eu não sou fotogenica e nem vidrada nas redes.
— Sei disso.
Enquanto conversamos, Paulo não tira os olhos de mim. Isso me deixa sem ação quando ficamos um pouco em silêncio, mas gosto do jeito que ele me olha, como se também sentisse algo. Mas eu não quero criar expectativas e me quebrar por dentro, então penso que é tudo fruto da minha imaginação.
— Quero te apresentar uma pessoa. Ela é especial demais para mim e sempre quis que vocês se conhecessem.
Ela?
— Ah, claro.
— Vem comigo?
— Para onde?
— Minha casa. Anda! — diz já se levantando e me ajudando a fazer o mesmo.
— Tudo bem.
Então Paulo já tinha alguém. Alguém especial e ainda quer que eu conheça, para infelicidade do meu pobre coração que se manteve apaixonado todo esse tempo e confiante na promessa que fizemos.
Boba, boba! Giovanna Barbosa, a rainha das trouxas.
— É muito longe? — pergunto ao notar que estamos caminhando um bocado.
— Não. É logo ali. — aponta para uma casa não muito distante de nós.
Logo chegamos no portão da residência e ele o abre, deixando que eu entre primeiro. Um poodle vem correndo na nossa direção e estranha minha presença, mas só até eu fazer muito carinho em seu pelo recém aparado. Isto o deixa mais confortável comigo.
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Lembra-te de Mim - Degustação
Short StoryGiovanna e Paulo eram melhores amigos, a paixão um do outro na infância e cresceram juntos numa fazenda no Ceará. Porém os dois se separam quando a mãe de Paulo se casa e vai morar na cidade grande, enquanto Giovanna fica na fazenda. 10 anos depois...