Entre a Luz e a Escuridão | KNJ

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Na vida aprendemos a diferença entre o vilão e o herói, entre o bem e o mal, um salvador e uma causa perdida. Mas e se a única diferença entre eles for quem está contando a historia!

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Acordo assustada depois de ter o mesmo sonho. Eu venho escutando essas palavras a algumas semanas, apenas palavras e nenhuma imagem, quer dizer eu consigo ver o olho de um homem, um olhar que é a própria escuridão, carregado de ódio e bem no fundo consigo ver tristeza e solidão, e eu não sei por que isso me incomoda tanto.

Me levanto da cama e depois de fazer minhas higienes, coloco um vestido branco como o das outras Deusas do Olimpo, por mais que eu odeie esse vestido. Eu apenas o uso quando tenho que subir até o monte Olimpo e eu não suporto estar lá, estar no mesmo lugar que Jimin — ou como os mortais o chamam, Zeus — é insuportável.

Jimin assim como os outros dois deuses primordiais, não usam mais seus nomes verdadeiros e sim seus nomes dados pelos humanos através de rumores pelo mundo mortal.

Jimin o Deus dos céus deixou suas origens e agora tomou para si o nome de Zeus.

Jungkook o Deus dos Mares e dos Terremotos agora responde por Poseidon.

Namjoon o Imperador do Sub-Mundo agora se tornou Hades.

Entre todos Hades é o que mais me intriga, em duzentos anos eu apenas o vi duas vezes e todas elas apenas de longe. Ele passa a maior parte do seu tempo no Sub-Mundo e apenas sobe para as reuniões dos Deuses.

— Perséfone querida, temos que ir, Zeus não gosta de atrasos. — Mamãe aparece na porta do meu quarto e não posso deixar de notar seu deboche ao citar o nome de Zeus.

— Estou pronta mamãe.

— Você está tão linda quanto as flores na primavera. — Mamãe acaricia meu rosto e um sorriso aparece no canto de seus lábios. E lá vamos nos novamente. — Certo agora vamos relembrar as regras. — Reviro os olhos e antes que ela chame minha atenção eu falo.

— Não se aproxime de nenhum homem, eu sou pura e devo continuar assim.

— Principalmente daqueles ratos nojentos do Olimpo. Fuja se qualquer um deles tentar falar com você.

— Certo mamãe, eu prometo. — Ela sorri e beija meus cabelos.

Eu a amo e por isso a obedeço, mas também sei que aqueles homens não são flores que se cheirem e eu não vou me deixar ser usada, ainda tenho minha dignidade. Com toda a força que eu não tenho em mim saio de casa.

A caminhada até o monte olimpo é longa.

A única coisa que eu amo nesse lugar são os jardins, eles são simplesmente meu lugar favorito e com certeza eu vou fugir para cá sem que minha mãe perceba. Ao entrar no grande palácio já é possível ver alguns dos Deuses, como Atena e Poseidon que estão brigando como sempre.

É até engraçado de ver, na verdade eu amo ver Poseidon perdendo para Atena. Ela nem tenta vencer e simplesmente sempre vence, bom ela é a Deusa da sabedoria.

Pouco a pouco os lugar é inundado pelos Deuses e como sempre, Zeus não perde tempo e tem sua entrada triunfante, ridículo.

A música toca alto e várias mulheres dançam no centro do salão, tudo parece na mais perfeita paz, tudo no seu lugar. Perfeito até de mais, estranho.

Aqui nada nunca é tranquilo e sei que algo vai dar errado. Sorrio com meus pensamentos olhando ao redor da mesa cheia de Deuses mesquinhos, com poucas exceções.

De repente o ar fica pesado, é com se a vida estivesse incomodada com algo, ou melhor com alguém. Do meio da escuridão surge um homem de cabelos pretos e olhar ameaçador, ele veste uma camisa preta, calças escuras e uma bota que vai até os joelhos. 

É o homem mais lindo que já vi.

Seus olhos varrem o lugar e todos se mechem incomodados com sua presença, nossos olhares se encontram e por um instante perco todo o meu ar, ele solta um sorriso de canto voltando a olhar ao redor, até que seus olhos se cravam em Jimin, ou melhor Zeus.

— Irmão preciso falar com você. — Sua voz sai como um rosnado furioso, Zeus apenas sorri mostrando que não sairá do lugar. — Agora! — Ele grita como se todos os seres do Sub-Mundo falassem com ele.

— Certo. — Zeus muda sua expressão drasticamente ficando tão serio como eu nunca virá em toda a minha vida e segue Hades.

Os dois somem entre os corredores do Olimpo e logo todos começam a cochichar com desgosto, eu contenho minha curiosidade dentro de mim, afinal não quero problemas. Aproveito a distração de mamãe que discute com Afrodite e fujo silenciosamente para o jardim, assim que vejo as flores não perco tempo e corro até elas me jogando em meio aquela imensidão colorida. 

Me sento e começo a fazer uma coroa de flores como eu costumava fazer quando criança, ver as flores crescerem é a melhor parte de ser a Deusa da primavera. Imagino como deve ser triste viver em um lugar que onde não existam flores, eu não suportaria.

Termino de fazer a coroa e a levo até a cabeça, a coroa combina perfeitamente com meu cabelos marrons como a terra. Sorrio quando uma borboleta pousa em meu nariz, mas antes que eu possa admirar os detalhes de suas asas ela voa para longe ao se assustar com as sombras que começam a me cercar.

Me levanto quase tropeçando e me viro rápido de mais fazendo com que eu me desequilibre, e antes que eu caia em meio as flores sinto seus braços me puxarem para mais perto de si, quebrando a distancia que nos separava. 

Eu não imaginava que precisava tanto do toque de alguém, até nossos corpos se juntarem tão perfeitamente como se as próprias Moiras tecessem nosso encontro. 

Meu coração se acelera dentro de meu peito assim que olho no fundo de seus olhos, e de repente como se algo dentro de mim despertasse, eu finalmente reconheço esse olhar. Ele é o homem que aparece em meus sonhos, eu tenho certeza.

"Um salvador e uma causa perdida."

É ele.

"Talvez a única diferença entre eles, seja quem está contando a historia."

— É você. — Antes que ele possa responder sinto algo acertar minhas costas e ao mesmo tempo ouço ele resmungar alguma coisa parecida com um "Ai!"

Quando volto a olhar para seu rosto meu coração queima de uma forma que todo meu corpo parece pegar fogo. Seus olhos queimam em mim e eu não quero que isso acabe.

Estou totalmente rendida a ele.