Criado-mudo, não!

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Quando mergulhamos em uma história nova, apreciamos a ambientação, cenário, características e a visão de mundo dos personagens

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Quando mergulhamos em uma história nova, apreciamos a ambientação, cenário, características e a visão de mundo dos personagens. Enquanto a história é revelada, nos deparamos com o uso de termos que se referem a determinados objetos tão comuns no mundo contemporâneo. Uma dessas palavras é "criado-mudo", que apesar do móvel ter toda uma característica moderna, a palavra que o denomina é muito mais antiga e que carrega uma história de peso muito significativa.

Que a História do Brasil é marcada e construída pelo período escravista todo mundo já sabe, mas o que nem todos tem conhecimento é de que, nesse momento, nos deparamos com a origem da palavra "criado-mudo".

Povos africanos foram escravizados de forma massiva, perdendo sua identidade e humanização, tornando-se coisa no Novo Mundo. Aqueles que foram designados aos serviços domésticos só possuíam o direito de permanecer calado e obediente ao senhor branco, sendo classificado como parte da criadagem.

Em virtude disso, aqueles que foram escravizados nos ambientes domésticos, passaram a ser chamados de criados e alguns deles permaneciam em silêncio segurando objetos para o seu senhor, como copo d'água, enquanto este dormia no conforto de seu leito.

O criado era um mero móvel estático para ser usado da forma como o seu senhor desejasse. Suas figuras deveriam permanecer sempre estáticas e caladas, seus corpos eram violentados e seus membros, como a língua, eram muitas vezes arrancados como métodos de obediência e repreensão. Outros utilizavam-se de instrumentos que eram inseridos em suas bocas, de forma que proibissem a criadagem de falar e comer.

Após os anos de luta e resistência, o povo preto conquistou sua liberdade e retomou a posição de humanidade, no âmbito social. Todavia, o criado africano foi substituído por um móvel nos tempos atuais, mas a mobília ainda carrega o termo e toda a herança racista do nosso país, quando nossos ancestrais tinham seus corpos explorados de forma violenta.

Mas aí você se pergunta: mas que palavra eu poderia usar ao invés de "criado-mudo"?

A palavra que mais vem sendo usada para substituir "criado-mudo" em livros, publicidades e em lojas de moveis é a mesa de cabeceira. É uma das melhores opções para você, escritor ou escritora, deixar de usar uma palavra tão racista e com uma história de dor.

Não é tão difícil você deixar de usar "criado-mudo" no seu vocabulário, hein? Quando se escutar dizendo essa palavra, não há vergonha alguma de se corrigir e falar a palavra certa: mesa de cabeceira.

E vale lembrar que deixar de usar "criado-mudo" não é apenas para você sair bem na fita. É para exercer uma palavrinha mais importante ainda: empatia.

Espero que vocês tenham gostado da dica de hoje.

Deixem suas estrelinhas e marque alguém que você conhece e que precisa saber dessa dica.

Ah, aproveitando se tiverem curiosidade na história de alguma palavra que vocês acham que é racista, é só deixar nos comentários.

Beijos da Equipe Coisa de Preto e até mais 💛

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