A Thousand Years • jhs + myg

A Thousand Years

O sol ardia em seu rosto, a brisa marinha enchia seus pulmões. Yoongi devia admitir, até que não era tão ruim assim. Essa já era sua segunda expedição marítima desde que havia chegado naquelas terras - ou melhor dizendo, naquela época.

Devido a algum erro de origem desconhecida, Yoongi, que planejava visitar uma época diferente da sua, havia sido transportado para bem mais longe do que esperava: cerca de 1000 anos no passado. Se encontrava agora bem no meio do século XVI, e sem qualquer previsão de retorno ao ano de 2510. Tudo que lhe havia restado fora se adaptar e tentar manter-se vivo até que alguém o levasse de volta ao futuro.

Essa adaptação incluiu trabalhar no porto até que fosse possível arranjar um local seguro para dormir. Ao ver a oportunidade, Yoongi se ofereceu para trabalhar em navios durante as expedições. Foi aceito de imediato, mas, é claro, tendo como função a limpeza do convés. A tarefa não era exatamente agradável, mas tampouco era difícil - tudo o que tinha que fazer era não deixar o navio ficar imundo, varrendo e passando panos. Não precisava deixá-lo impecável, mas era o que fazia - sempre havia sido perfeccionista ao máximo. Além disso, ajudava-o a se manter ocupado e não enlouquecer, o que era relativamente importante numa situação estressante como aquelas, e a companhia era até agradável, na medida do possível, então ele estava feliz. Yoongi não se preocupava muito, sabia que cedo ou tarde a equipe de viagem no tempo daria um jeito de levá-lo de volta. Ao menos era o que ele esperava.

Mas é óbvio que não seria tudo assim tão pacífico, do contrário, de nada valeria contar esta história.

Ao cair da noite, uma tempestade se aproximava, coisa que preocupou o capitão do navio e, consequentemente, seus tripulantes. Depois que a chuva começou a cair, tudo aconteceu muito rápido. A última coisa da qual Yoongi se lembrava eram gritos, pessoas correndo para todo os lados, ondas imensas quebrando no convés, e escuridão. Agora Yoongi sentia o sol quente em seu rosto, brilhando forte no céu; abriu os olhos lentamente, o céu azul brilhante o cegava, levou alguns segundos até seus olhos se acostumarem com a claridade. Lentamente se colocou sentado - ele estava na praia, mas qual praia, Yoongi se perguntava. Aos poucos, as memórias do naufrágio voltaram à sua mente, mas após aquilo era tudo apenas um borrão, não lembrava de nada que havia acontecido desde a escuridão que o havia atingido logo após a quebra das ondas. Ele levantou lentamente. Como havia chegado ali? Que lugar era aquele, afinal? Yoongi olhou a sua volta: não havia absolutamente nada, apenas areia branca e macia, águas turquesas cristalinas e um barulho calmo de ondas quebrando. Parecia até que estava imerso em uma pintura impecável, ou em um sonho. Ao se virar viu uma imensa floresta - a vegetação começava rala e ia, aos poucos, se intensificando até resultar numa floresta escura e densa.

Yoongi frequentemente pensava na sorte que havia tido - era praticamente um milagre ele estar vivo, quer dizer, aquelas não eram as melhores condições para se estar, mas devia admitir - era melhor do que nada. Decidiu andar um pouco pela praia, tentar achar comida ou talvez alguma outra pessoa. Por menor que fosse sua esperança, Yoongi torcia para que talvez, por um milagre, algum de seus colegas também tivesse parado ali, naquela praia. Para o seu desapontamento, mas não surpresa, não havia mais ninguém pelas redondezas.

Yoongi passou alguns dias explorando a praia e a entrada da floresta, sem arriscar ir para muito longe, até porque, não sabia o que havia pelas redondezas. Sua alimentação era à base de frutas que encontrava ao se aventurar na floresta; alguns pequenos peixes que, eventualmente, conseguia pegar na beira da praia; e água doce, que havia encontrado por pura sorte, num riacho não muito longe, que desaguava na praia. No momento, estava dormindo em uma cama de folhas que havia improvisado entre a praia e a floresta. Não era luxuoso e nem muito confortável, mas ele havia de se contentar com o que tinha - que já era muito. Não fazia frio para que ele precisasse tentar fazer fogueiras todas as noites, muito pelo contrário, fazia calor até demais. Tampouco havia chovido até o momento para precisar de um teto. Mesmo assim, perfeccionista que era, havia montado uma pequena cabana da melhor forma que podia, para não ser pego de surpresa. Podia-se dizer que estava aperfeiçoando a arte de viver na ilha deserta, mas seu emocional estava uma droga. Se sentia cada dia mais sozinho e isso o fazia se sentir horrível. Todas as noites ia dormir com a esperança de acordar sendo resgatado.