Humor Negro

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Escrito por:  Alef Zero

Não estou conseguindo por emails aqui, eles evaporam, então coloquem uma hashtag antes do nome que eu citar para acharem o autor aqui na plataforma:

Alex-zero


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Abutre

Foi em uma tarde qualquer que um grande número de carroças chegou em minha cidade, eles vieram das terras alagadas do Sul, fugindo de uma doença desconhecida. Era apenas um fazendeiro comum na época, mas logo vi a oportunidade de riquezas.

Iriam mandar logo um médico para investigar o lugar, contudo o único requisito é querer ir para uma área infestada. Nem questionaram o que fazia apenas me indicaram a direção e me deram os pertences do antigo médico que pereceu poucas semanas antes.

Um traje completamente negro, com um manto cobrindo da minha cabeça aos pés, as mãos eram cobertas por algumas luvas de couro com uma proteção de cera mais grossa do que o resto da roupa. Recebi também um chapéu, uma máscara branca estranha de pássaro, além de uma bengala de madeira e uma maleta com as ferramentas.

O cheiro dentro dela era nauseante, era pra ser posto ervas e aromatizantes dentro da máscara para não pegar a doença pelo ar. – Seu trabalho é conter a doença. Colete os corpos e faça o possível para que ninguém saia da vila. – Enfiei algumas flores do jardim de minha mãe, e logo procurei uma carroça para me levar até lá.

- De onde vieram? – Tentei perguntar para um dos que chegara nas estradas.

Eles não conseguiam me entender, a máscara abafava muito minha voz. – Um médico... – Falou incrédulo. – Você vai ajudar a vila do Sul? – Acenei com a máscara, o bico era mais pesado do que pensei.

Eles não eram da vila, quando souberam da doença saíram às pressas. Precisavam fazer duas viagens para moverem tudo, então pude pegar carona até uma estrada perto. Enquanto viajava vasculhei a maleta que recebi, um conjunto de navalhas, alguns vidros com sanguessugas já mortas, e um livro que parecia ser um diário de anotações.

O Folheei para aprender um pouco de humores, e o que deveria tentar fazer para os balancear, aparentemente o antigo dono morreu de desinteria. Não creio que serei o médico mais efetivo, mas não quero que alguém morra em minhas mãos.

Chegamos durante a madrugada na fazenda, após me desejarem sorte, segui para a vila em uma estrada de terra.

- Tente avistar um sino se estiver perdido. – Recomendou-me o homem.

Já estava ficando irritado quando amanheceu e ainda não havia chegado na vila, passei por diversas casas abandonadas pelo caminho, mas sequer um animal restava. Depois de subir em ladeira a fôlegos, com a bengala sendo útil pela primeira vez, avistei do alto as construções.

Sem quaisquer tipos de muro, sem lugar para vigias ou sequer iluminação. Todas as casas possuíam quase o mesmo tamanho com exceção a um prédio no centro da cidade, uma única torre com um sino enferrujado no topo.

À medida que me aproximava, achei que conseguia ouvi-lo cada vez mais, contudo não me concentrei no som por muito tempo o cheiro tornou-se insuportável. Logo de cara vi alguns corpos já largados no meio da rua em decomposição. As pessoas também não se importavam, parecia que miravam neles quando iam jogar seus dejetos pelas janelas.

Até tentei pedir informação, mas fica meio difícil aproximar-me de alguém com esse tipo de roupa. Já estava ficando desconfortável quando parei para me situar, olhei novamente para o campanário distante. Vi que me espiavam de cima com algum tipo de binóculo.

Competição dos Criadores (Março - 2020)Where stories live. Discover now