Encarando a tempestade

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No dia seguinte enterraram Maria. Somente Edu, sua sogra e alguns poucos amigos foram se despedir dela. A família de ambos moravam em lugares muito distantes dali e não puderam dar o último adeus a Maria. Como foi difícil aquele momento. Edu não conseguia acreditar. Acabara de perder o amor de sua vida, e agora teria que criar sua filha sozinho. Mas o que mais doía era saber que tudo que Maria idealizará durante sua gravidez não se realizaria. Planos para toda uma eternidade, Maria esperou tanto por aquela criança e quando ela finalmente chegou Maria se quer pode ver os olhos de sua flor antes de falecer. Como era difícil aceitar tudo isso! Edu foi para casa. Luiza ainda estava no hospital sob observação. No dia seguinte Edu iria buscá-la. Mas agora ele precisava descansar, precisava tomar real consciência do que havia acontecido. A raiva agora começava a tomar conta de seu coração. Por que tinha que ser assim meu Deus?! Edu e Maria se dedicaram tanto a isso, sempre juntos, eram um exemplo para qualquer outro casal. O amor deles superava tudo. E agora era só Edu, não mais Maria. E agora era só solidão, não mais alegria. Edu desabou. Assim como uma criança quando recebe uma notícia triste. Seu pranto poderia ser ouvido do outro lado da cidade, não fossem os barulhos do trânsito e do mundo. Edu queria voltar no tempo, Edu queria Maria de volta, Edu por alguns segundos desejou inclusive que Luiza tivesse morrido, mas não sua amada. Quanto egoísmo... seria mesmo a vida de Maria mais valiosa que de Luiza? Edu percebeu seu erro, mas ainda não podia acreditar naquilo tudo. Na estante a foto do casamento, Maria sorrindo, sorrindo, sorrindo... Do outro lado a foto dos dois quando ainda eram adolescentes, e num terceiro porta-retrato uma foto de Maria grávida e Edu dando beijos em sua barriga. Tudo ali tinha um pedacinho dela. No quarto a cama ainda estava desarrumada, por causa da noite em que sairam às pressas para maternidade, onde passaram as últimas dezessete horas juntos. No guarda-roupas o cheiro de Maria impregnava. Seria mesmo humanamente possível um dia esquecer tudo aquilo. Edu sabia que não. Mas por Luiza ele teria que continuar aqui firme e forte, sendo Edu e sendo Maria.

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