six

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Hey.

"Regrets collect like old friends, here to relive your darkest moments, I can see no way, I can see no way. [...] And I've been a fool and I've been blind, I can never leave the past behind, I can see no way, I can see no way. [...] Shake it out, shake it out, shake it out, shake it out, ooh whoa, and it's hard to dance with a devil on your back. [...] Cause looking for heaven, found the devil in me, looking for heaven, for the devil in me well what the hell I'm gonna let it happen to me. [...] Shake it out."

Florence and the machine.

Louis.

A semana que precede aos jogos é sempre terrível, com o treinador nos pressionando mais do que nunca, os treinos acabando cada vez mais tarde e a ansiedade que deixa a todos estressados e agitados, mas a semana anterior ao primeiro jogo do campeonato de outono do meu último ano na escola foi a própria definição de inferno.

Assim que abri os olhos no sábado de manhã, eu soube que havia feito a maior idiotice da minha vida. Harry ainda dormia ao meu lado com os cachos bagunçados caindo sobre o rosto, a respiração lenta e ritmada, os lábios vermelhinhos entreabertos, os cílios longos descansando no alto de suas bochechas, as feições do rosto suaves e calmas como a de um anjo.

Eu sempre me surpreendia com a dualidade dele, com o quão rápido conseguia ir de uma de suas feições sérias e duras para uma suave e gentil, com como ele poderia ser lindo como um anjo, ou belo como um demônio, no melhor sentido da palavra.

Ceder a essa tentação foi um erro, um erro que eu estava me convencendo de que não cometeria mais. Que não deixaria as coisas irem mais longe do que já tinham ido.

Se de alguma maneira eu machucasse esse garoto bonito como um demônio e gentil como um anjo tenho certeza de que não poderia me perdoar, que até meu próprios amigos não poderiam me perdoar, não dessa vez.

Principalmente Lottie. Lottie que tantas vezes me aconselhou a mudar, a parar de quebrar corações alheios, a para de brincar com as pessoas para em seguida me cansar delas, como se fossem brinquedos. Mas eu não conseguia! Era como se eu destruísse tudo o que eu tocava, mesmo quando não queria.

Haviam vários motivos pelos quais os meus amigos ficavam do meu lado mesmo quando eu estava sendo um idiota com alguém, mas a principal delas era que a pessoa nunca era próxima de nós, eu só me permitia ter interesse por pessoas distantes, que tivessem trocado no máximo uma conversa casual com meus amigos, assim quando eu fizesse alguma merda e as machucasse, não nos afetaria tanto. Mas sempre me afetava, sempre.

Era uma sensação estranha, eu os permitia entrar até certo ponto, quando eu sentia que estava demais, que eu estava começando a sentir algo, eu simplesmente ia embora. Assim eu criei um ciclo de pessoas que eu cativava e depois afastava. Um ciclo de pessoas que acabavam me odiando.

Louis Tomlinson, o babaca sem responsabilidade emocional, yeah.

Eu me sentia quebrado de certo modo, como se eu nunca fosse conseguir amar alguém dessa forma sem causar dor a pessoa, simplesmente pelo fato de que eu sentia que eu amava errado, amava pouco, amava demais, amava mal, nunca certo, nunca.

As vezes eu culpava meus pais biológicos por isso, quando as pessoas que mais deveriam ter amar no mundo não amam isso deixa um buraco em você, uma ferida que nunca sara. O que deveria ser meu maior exemplo de amor foi violento, abusivo e no final me abandonou como se eu não fosse nada.

Isso era o que me consolava, eu amava errado por causa deles, eles eram os culpados, eles me deixaram assim, eles me quebraram.

E eu repito isso para mim todas as vezes em que olho para Harry na escola. Todas as vezes durante as aulas quando ele se vira para mim e sorri e eu não sorrio de volta, todas as vezes que eu desvio o olhar do dele no corredor, todas as vezes que durante o almoço eu me sento com as pessoas do time ao invés de sentar com os meus próprios amigos.

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