Reis caídos

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 Hua Cheng sentiu a imensa felicidade do filho a distância e soube o que significava. O tritão, o consorte dele tinha finalmente conseguido vir a superfície o que significava que ele tinha exigido exílio.

Estava feito.

Sorriu e rolou na cama abraçando o homem que era dono de todo o seu universo, seu querido esposo Xie Lian. Beijou suavemente o seu rosto e ele despertou confuso...

— Majestade... Acabamos de dormir...

E ele se aconchegou mais nas cobertas ainda grogue de sono e Cheng riu. Seu consorte era tão manhoso... E não terminava aqueles hábitos que quando sonolento, voltavam imutáveis.

— Não sou mais rei, amor, assim pare com isso, agora venha, desperte, nosso filho conseguiu. Está feito.

— Wei Ying?

E ele se voltou para seu rosto de olhos arregalados. Hua Cheng assentiu divertido.

Depois da noite em que fugiu com sua família do palácio real, as únicas coisas que passaram a importar para ele era seu consorte, o filho recém-nascido e a serva fiel. E claro, tudo o que as duas bruxas madrinhas de Wei Ying disseram para ele enquanto seu Xie Lian dava à luz a criatura mais linda de todo o mundo, o filho deles.

Hua Cheng abraçou seu companheiro querido e relembrou da noite com todos os seus detalhes milagrosos e perigosos e a escolha que teve de fazer entre o amor e a coroa:

Era madrugada, os empregados e conselheiros estavam assustados com a proximidade do general inimigo, que exigia a coroa já que Hua Cheng não tinha esposa e consequentemente jamais teria um herdeiro para sucedê-lo. Ninguém sabia que seu amado Xie Lian era especial, seria muito perigoso por isso jamais, nem mesmo os servos, tinham conhecimento que seu marido e consorte era um filho da noite, para todos ele era apenas um vampiro transformado recentemente.

Filhos da noite eram os únicos homens que podiam conceber, e para a sociedade isso era uma afronta a baixa fertilidade das fêmeas em seu mundo. Filhos da noite de ambos os sexos foram caçados quase até a extinção, o mundo era perigoso para eles e Cheng protegia dois sob sua casa. Um deles era seu amado esposo.

E foi naquela madrugada perturbadora em que ele não sabia o que fazer, que as duas surgiram na torre de seu marido onde ele mesmo fazia o parto dele. Ele e Yanli, que era a serva que veio para si ainda bebê e que ele cuidou como sua filha embora para os olhos alheios fossem considerada sua concubina, ela também era uma filha da noite. Uma mulher forte e inteligente e sua única verdadeira amiga naquele palácio cheio de intrigas.

Yanli conhecia bem como cortar seu marido sem que o machucasse, ela entedia de ervas, de trazer vidas ao mundo. A filha da noite era especial.

Ele confiava plenamente na mulher que veio para si de uma terra distante trazida por um estranho que desapareceu desde então. A criança ia além do que se conheciam como filhos da noite, mas ele nunca questionou todos os seus poderes estranhos.

As bruxas surgiram na sacada da torre e para seus olhos era uma visão que jamais esperaria, uma toda coberta de negro e veludo, olhos arrogantes e sorriso impaciente enquanto a outra vestida toda de branco e véus suaves, tinha olhos pacíficos e suaves e um sorriso benevolente.

Ele tinha conhecido em sua longa vida poucas bruxas, mas definitivamente nenhuma que se comparassem com a dupla que vinha até ele.

— Não fique preocupado, majestade, viemos pela criança e pelo seu consorte, viemos ajudá-lo a fugir.

Disse a de branco dando dois passos a mais, a outra permaneceu uma sombra entre as cortinas pesadas.

— Quem são vocês?

Toca do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora