— A-Cheng?
Ele estava diante da mesma árvore de sempre dos seus sonhos e a bruxa estava ali, sentada no galho alto envolta dos inúmeros pássaros de sempre. Ela sorriu e saltou, ele se curvou profundamente:
— Minha senhora...
— Você está longe de sua matilha agora, não? – Ela perguntou serena, ele assentiu, foram dados a um lobo que sabiam, iam devorá-los. Ele tentou lutar contra, porém apanhou, como sempre. O alfa adorava vê-lo sofrer quieto... Ela veio para ele e tocou seu rosto – Sua dor terminou, como eu disse que aconteceria, agora irá ser amado, e cuidado, seus dias de dor findaram...
— Eu vou morrer, não é?
E ela riu baixo negando.
— Não meu querido ômega feroz, sua vida está começando...
E ela deu alguns passos para o lado dando espaço para ele ver a floresta mais a frente, nela um cervo vinha silencioso para ele e montado nele o homem cego que sempre vinha para si em sonhos. Ele jamais abria os olhos e as vezes a face singela e tão bonita como uma aparição vinha vendada por uma faixa negra. Nunca se falaram, mas ele sentia uma enorme paz e segurança ao redor do estranho familiar. E a bruxa sabia, a bruxa dos seus sonhos, ela sabia...
— Minha senhora...?
— Ele está vindo para você, A-Cheng, a felicidade está vindo... Seja feliz, meu querido.
Ela sumiu da árvore e Jiang Cheng acordou do sonho inacreditável.
Jingyi o sacudia pouco delicado como sempre.
Suspirou e abriu os olhos ainda envolto nas brumas dos sonhos... Jingyi fez bico e rolou os olhos:
— A-Cheng, acorde, não estamos mortos, não vê?
Ele olhou ao redor e viu um aposento confortável e quente. Diferente de tudo o que esperava...
"A felicidade está vindo..."
O que significava? Para ele dormir em paz, com uma lareira e sem estômago vazio era felicidade. Sacudiu a cabeça e focou nos olhos arregalados no amigo:
— Seja mais claro, A-Yi.
— Estamos na toca do alfa que aquele monstro nos entregou para morrer, ele disse que irá cuidar de nós agora. E é isso.
Jin Ling explicou sério enquanto tentava acordar o Zizhen, coisa sempre complicada porque o amigo tinha sono pesado mesmo e com aquele monte de ervas que foram obrigados a ingerir, o sono era definitivamente mais profundo. A-Cheng percebeu que estavam os quatro sobre uma cama macia e vestidos... Alguém os vestiu, porque eles foram para o lobo em forma lupina e claro, depois da transformação eles voltavam nus.
Cheirou as roupas e sentiu um perfume tênue que definitivamente não era nem humano, nem lycan. Jin Ling desistiu de acordar Zizhen e veio para si sorrindo de canto.
— É vampiro, esse cheiro é de vampiro. O alfa disse que tem um amigo vampiro e que é para sermos bons para ele. Somos ovelhas por acaso para sairmos correndo atrás das pessoas para mordê-las?
A-Ling resmungou e Jingyi riu baixinho.
— Eu gosto de morder. A-Ling...
— Estamos vestindo roupas de um vampiro?
Podia ficar mais louco? Ele nunca tinha visto um, mas tia Yang treinou o A-Ling para reconhecer tudo, e se Jin Ling disse que era, então era.
— Lembra que ela nos disse que havia um casal de vampiros que moravam na praia? Talvez sejam eles, não sei – O mais novo deles puxou Jingyi que tremia de repente, ele tinha medo de vampiros desde filhote, e colocou a cabeça dele no colo fazendo carinho nos cabelos longos do maior, A-Yi estava nervoso, era muito óbvio, mas ele relaxou sob as mãos suaves do ômega que embora jovem, era o líder deles – Eu vi o olhar do lobo, A-Cheng, ele não vai nos machucar, mas o que ele quer de nós, ainda é uma incógnita. Vamos apenas observar por enquanto, ele pediu para não fazermos barulho e não sairmos da caverna porque a floresta é perigosa, eu não duvido, tia Yang sempre dizia para não virmos para esse lugar, lembra? Acho que no máximo seremos servos aqui, talvez, mas ainda é um destino melhor do que imaginávamos... Esse alfa não é agressivo, você verá, talvez ele viva isolado aqui porque foi expulso também, não sei, mas ele não nos daria cama, roupa e comida se quisesse nos machucar...
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Toca do Lobo
FantasíaUm lobo descontrolado e uma aldeia em pânico. Sem saída eles enviam quatro ômegas para o lobo em troca de que ele nunca mais ataque o gado e única fonte de sustento da população. Yuan ansiava por companhia e mal sabia os ômegas que a invés de devora...