Capítulo 1

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"E se nós reescrevermos as estrelas?
Diga que você foi feita pra ser minha
Nada poderia nos separar
Você seria a única que eu deveria encontrar
É você que decide, e sou eu que decido
Ninguém pode dizer o que nós podemos ser
Então, por que não reescrevemos as estrelas?
Talvez o mundo possa ser nosso hoje à noite"

- Rewrite The stars / James Arthur

Talvez você lembre do dia em que nos conhecemos. Era um fim de tarde que de tão chuvoso o céu chegava a ficar rosa. Aquele dia havia sido um tanto cansativo pra mim, pra ser mais claro, todos os dias haviam sido cansativos naquele inverno. Eu trabalhei em uma biblioteca à 4 quadras de casa todos os dias durante as férias, era um trabalho que apesar de bom me deixava exausto. Meus olhos estavam pesados e minhas pernas pediam por um assento devido ao longo tempo que eu ficava em pé. Eu estava cansado demais, e o cansaço físico era apenas uma parte. Desde pequeno eu ouvia do meu pai que eu deveria me expressar mais, que eu deveria falar sobre oque me incomoda, que não devia deixar o orgulho me tomar por inteiro, mas era complicado. Ele falava isso porquê se arrependia amargamente de não ter dito a minha mãe que a amava e que queria que ela ficasse. Ele  se expressou tarde demais, ela não arriscaria deixar seu novo começo para ficar com um homem que a perdeu e talvez a perdesse novamente por causa do maldito orgulho.
E eu era exatamente como meu pai, mas você, bom, talvez com você eu fosse diferente, não dava pra saber.
Eu caminhava rumo a minha casa quando a chuva deu sinais de que ficaria mais forte, então entrei na cafeteria que por puro acaso ficava em frente a escola. Era um lugar charmoso, até nos mínimos detalhes, haviam bancos acolchoados ao redor das mesas e  paredes em tons pastéis. Sentei na mesa que ficava próximo a porta, na parte perto da  janela de vidro. Eu observava a chuva que insistia em ficar cada vez mais forte quando os sinos da porta de entrada chamaram (não só a minha) atenção para a garota de cabelos molhados e olhos azuis emperolados que entrava, era você, e toda aquela revolta por está tão molhada só te deixava ainda mais linda. Você mordia o canto inferior da boca, sempre fazia isso quando estava nervosa.

- droga, droga, droga - você dizia para si mesma enquanto tentava secar o cabelo com as mãos, tentativa falha. - você não vai surtar, você não vai surtar - continuava falando sozinha, para mim era sempre muito engraçado te ver tentando manter a calma.
- Mas que merda - você bufava enquanto olhava seu tênis que provavelmente depois daquela chuva não ia prestar mais.

Não me lembro de você ter sido vulgar pelo menos uma vez, esse com certeza não era um traço seu, pelo contrário, você era dona de uma beleza que de tão pura parecia mais um anjo do que uma garota (sem exageros anjo). Você nunca precisou de roupas sensuais para ser atraente, prova disso é que todos os caras ali presentes observavam atentamente a garota de cabelos molhados que estava quase chorando por causa de um par de tênis.
Você deve saber que não sou bom em segurar a risada anjo, e foi exatamente isso que fiz, dei uma leve risada do seu jeito preocupado, convenhamos, você sempre se preocupava demais com oque as pessoas pensavam de você.

- Me promete que vai fingir que nunca viu isso? - você me disse enquanto colocava os cabelos negros delicadamente para trás das orelhas, me dando assim um sorriso de canto, aquele sorriso, como eu queria vê-lo mais vezes.

- Prometo que vou tentar, está com problemas?

- Ahhh - você colocou o guarda chuva-azul claro encostado na mesa - um maldito carro passou e me molhou toda e para a minha felicidade deu um vento forte bem na hora e acabou quebrando meu guarda-chuva novo - suspirou enquanto se sentava.

- Que história, meus pêsames.- eu disse divertido.

- Dá pra ver no seu rosto que está gostando de me ver assim - você disse mais divertida ainda, meu olhar congelou em você, agora eu fico me perguntando quantas inúmeras vezes isso aconteceu. Você me conhecia tão bem, como isso se perdeu?
Seu olhar confuso, e até frio talvez, me entregavam de bandeja tudo oque você não queria que ninguém soubesse, nós sabíamos ler um ao outro, e como sabíamos.

- Faremos assim anjo, você fica com o meu guarda-chuva, minha casa é perto daqui e eu vou esperar a chuva passar. - eu estava mentindo, minha casa era longe e eu iria logo embora pois tinha combinado de jantar com meu pai, mas eu não deixaria você ir na chuva.

- É muito gentil da sua parte mas eu não quero ser a culpada pelo seu nada impossível resfriado.

- Minha imunidade é ótima, é sério, aqui está - eu disse  enquanto te entregava o guarda-chuva preto.

- Não não mas obrigada - dizia você na tentativa falha de ir embora mas eu por impulso segurei sua mão, oque confesso fez meu coração saltar e suas bochechas corarem - leva.

Você me olhou nos olhos, sorriu, pegou das minhas mãos o guarda-chuva e antes de ir embora me agradeceu com sinceridade. O jeito como você se comportava era intrigante, era dona de uma educação impecável.
E foi ali que todo o nosso problema começou. Voltei pra casa na chuva naquela noite, mas quero que saiba que seu sorriso foi a melhor recompensa que já recebi. Anjo, acho que sabe também que desde esse dia eu faria qualquer coisa por você.

Votem bastante anjos ✨

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