Karla

74 25 121
                                    

        Eu passava novamente a mão em meu cabelo longo e liso, totalmente preocupada

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu passava novamente a mão em meu cabelo longo e liso, totalmente preocupada. Ele já estava criando cachos de tanta chuva que tomei até chegar aqui, terei que ligar novamente para minha cabeleireira e pedir uma nova prancha, já que essa já se foi. Ando rapidamente pelo corredor do prédio, que vai em direção ao meu trabalho, e decido sentar em um dos enormes bancos, até que, começo a chorar. Sento, mas vou ao chão com minha cabeça, levando as mãos até ela. Como pode ter ocorrido isso? Como pode o mundo hoje em dia ser tão mais prático? Quem imaginava antigamente, em qualquer volta repentina a algum período de trevas, estaria uma lésbica sentada em um banco, chorando com um teste de gravidez em mãos, já que a fertilização in vidro deu certo? Nem nos meus maiores sonhos, eu imaginei isso. Já tinha me dado por vencida pelo discurso de dois iguais não se reproduzem, mas aqui estou eu, uma espécie de resultado positivo desta experiência realizadora. Mas, como irei criá-lo sozinha no mundo? Já que meu amor (Que Deus a tenha) morreu em um acidente de carro a meses atrás? Família? Não posso contar com minha família, só se virar uma pessoa hetero, o que não possui a mínima chance de acontecer, ou, se eu me arrepender de todos os supostos pecados e for para uma igreja, de preferência evangélica.
O que farei agora?

Endireito minha coluna no banco, olho para o teto do corredor e minhas lágrimas descem pelo rosto inteiro, até terminarem o ciclo em meu vestido, o molhando. Por Deus, eu só queria que a Karla estivesse aqui! Queria ver seu rosto emotivo ao saber que iremos ter um filho, algo que sempre sonhamos acontecer, mas quando enfim a fertilização funciona, ela morre. Tomara que nosso filho tenha os cachos dela, tenha seu sorriso largo, tenha seus olhos enormes que me amavam em cada olhada dada. Karla, como me faz saudade, como é difícil não te ter por perto, porém sinto que está, agora no céu, orando para que eu consiga continuar firme e forte nesta vida, e, não mais sozinha,

Agora com nosso filho.

Lembro do dia da fertilização, da primeira fertilização, quando depois de muitos diálogos concluímos que queríamos ser mamães. Lembro-me como estávamos felizes e corajosas, porém não obteve resultado, veio a segunda e a mesma coisa, terceira, quarta e afins. Somente na sétima funcionou, mas digo isso com muito prazer, já que em cada fertilização, crescíamos muito mais juntas, chorávamos juntas, nossa alegria era junta, nossas brigas eram, obviamente, juntas, tudo o que aparecia em nosso caminho, nós resolvíamos da melhor forma: Juntas e sempre dialogando.

Passavam muitas pessoas correndo pelo corredor, apressadas para chegar em seus trabalhos, estou até mesmo atrasada para o meu, mas nesse exato momento minha vida não faz sentido sem ela. Penso em tudo novamente e a única conclusão que chego é que preciso trabalhar, trabalhar não só para uma e sim para dois agora. Espero que seja uma menina,e enfim, poderei continuar a chamar alguém de amor
e
também
de
Karla.

SiGA-ME NAS REDES SOCIAIS:
@Geovaanne no Instagram
@Geovannek56 no Twitter
@GeovanneJosé no facebook
GeovanneJ no wattpad

KyoukiOnde histórias criam vida. Descubra agora