A noite estava escura com somente a lua para iluminar a densa floresta. Eu corria por entre as árvores, sem nunca me aventurar pelas clareiras como algumas faziam. Meu corpo já gritava de exaustão, cambaleava e até caia, mas nunca deixava de correr.
Ouvia gritos e pedidos de socorro que logo minguavam , mesmo sendo tentada a ir ajudá-las, sabia que somente encontraria a morte e isso jamais. Desde que cheguei aqui abandonei toda a bondade que em mim existia e só liguei para a minha sobrevivência.
Olhei para o alto, havia um breve espaço entre as densas árvores. O que me permitiu enchegar a lua, clara e reluzente. Há quanto tempo eu não parava para observá-la? Era o meu passatempo preferido não era? Respiro fundo, tentando esquecer a dor e o sofrimento pelo qual venho passado dia após dia. Paz é tudo que eu anseio. Será que eu me entrego? Poderei, enfim, descansar?
Mesmo cansada começo a lembrar dos sacrifícios a qual as pessoas que mais amava se submeteram para que eu pudesse estar viva. Morrer não é uma opção.
Ouço um barulho, passaria despercebido se eu não estivesse atenta. Me preparo para correr. De repente passa por mim uma menina, aparentemente um pouco mais velha que eu uns dois anos, correndo ofegante. Estavam atrás dela, não de mim...Ainda tenho esperanças, me permito um suspiro.
Um vulto negro, responsável pelo barulho causado anteriormente , a segue. Minha chance.
Todos que me rodeavam diziam que eu era uma exímia corredora, hora de provar se isso é verdade.
Após correr o que eu suponho ser horas, avisto uma clareia que é cruzada por um riacho. Água.
Me prosto sobre o raso riacho tentando sorve o máximo possível e recuperar minhas forças. Sinto meu corpo pesar e minha consciência ir me deixando. Me esbofeto , o mais forte que podia dar com as poucas forças que restavam. Não podia perder a adrenalina que percorria meu corpo, minha última esperança.
Me levanto, procurando apoio numa árvore, suspiro, só aguente mais um pouco.
Olhei mais uma vez para o céu e percebo uma leve clareada. O amanhecer se aproxima e com ele minha chance de sobreviver cresce ainda mais.
Não possuo mais forças para correr, então continuo andando por entre as árvores atenta a cada barulho e me permito ser levada às minhas memórias de quando o desespero e a angústia não eram tão presentes na minha vida.
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Não Olhe
Mystery / Thriller"Não deixe que te peguem..." Isso era o que eu mais ouvia e o que passei a temer.