"Ele é selvagem, tem que ser. Não é possivel que um lobo cinzento esteja escondendo sua natureza para se encaixar em um grupo do qual ele não pertence. Ele me da nos nervos.. Legosi é selvagem, intenso.. Suas garras.. Me assustam..? Seus dentes quan...
Achei estranho o fato de Louis me chamando para sua sala no clube de teatro, ainda mais quando os atores estão ensaiando para a peça que é daqui 3 semanas. Eu apenas sou da área da produção, se ele quisesse falar algo de luzes ou som ele poderia ir falar com o grupo todo, mas Louis me chamou em particular.
Posso dizer que estou com medo, nunca é normal ele chamar alguém para conversar na sua sala sem ser algum tipo de bronca ou sei la. Vou aproveitar esse momento para conversar sobre a iluminação da peça, eu e o pessoal da produção estamos com umas ideias boas e achamos que Louis vai gostar, bem eu poderei falar isso se ele não me expulsar do clube de teatro ou coisa do tipo.
Chego na porta de seu escritorio, esta silencioso, a porta de madeira avermelhada estava fechada com um símbolo dos Beastars da escola. Por baixo da fresta da porta é possivel enxergar o sol da tarde passando pela sala e fazendo sua trajetoria até fora da fresta. O ar esta ameno, mas parece que não é o suficiente, minhas mãos estão suadas e minhas garras parecem que estão maiores, sinais de que minha ansiedade esta alta. Hesito em bater a porta, não sei se ele pode estar ocupado ou não, mas o mesmo me chamou então deve estar me esperando.
Eu fecho minha mão em um punho e direciono a de costas e a encosto na porta de madeira, porem um jacaré vem correndo e me empurra de leve me fazendo ficar do lado da porta enquanto o mesmo abre e entra gritando:
- Como assim eu não vou mais atuar na peça principal? - O jacaré grita
- Você não sabe bater? - Louis fala sentado com as mãos juntas em frente o rosto apoiadas na mesa de madeira escura com papeis e um notebook cinza, olhando entediadamente para o jacaré que esta alterado. O veado vermelho não se sente ameaçado com o predador de sangue frio totalmente irritado, ele parece tão.. Hipnotizante? Eu não sei se essa palavra é a ideal para descreve-lo, porem é o que chega mais perto.
- A questão é que eu ensaiei por dias e você me coloca no grupo da produção, por que isso agora?
- Recebemos denuncias de varias das nossas garotas do clube, - O veado levanta lentamente sem quebrar o contato visual com o réptil, andando lentamente sem mostrar sinais de alteração emocional, parando em sua frente olhando um pouco pra cima, o predador era maior que si - algumas delas estão incomodadas com a sua presença, digamos, explosiva. Então por bem da nossa convivência no grupo eu decidi remover você da peça. Não irei mais discutir esse assunto. - Ele termina a fala e foca o olhar em mim me fazendo engolir seco.
- Elas são um bando de putas, não entendem minha real natureza. Eu preciso estar nessa peça, eu preciso! - O predador lança um olhar violento para Louis
- Se você continuar com essa atitude, terei o prazer de te dizer que pode se considerar fora do clube de teatro, porem se aceitar minhas ordens como o lider do clube, poderei lhe dar uma segunda chance - Ele volta a olhar o predador sem se intimidar. Eles estão tão proximos, parece que a qualquer momento o predador pode atacar sua presa, mas Louis não parece intimidado com isso. Ele é intrigante. - Peço que se retire. Legosi preciso falar com você, entre
Assinto quieto e adentro a sala de tamanho médio enquanto Louis se senta novamente na cadeira de madeira com um estofado em vinho e um pano que poderia ser veludo, o réptil sai bufando da sala batendo a porta com força nos deixando sozinhos na sala. Sinto o olhar penetrante de Louis em minha direção, me fazendo suar frio, os olhares dele sempre foram arrepiantes, profundos, e assustadores, o fato do mesmo não falar nada me assusta mais ainda. Ele volta a sua posição com as mãos em frente o rosto e os cotovelos encostados na madeira escura da mesa. Engulo seco, o silencio me faz perder a noção do tempo, estamos quietos somente por alguns segundos, mas se parece horas.
- Preciso que pegue umas flores para mim Legosi - Ele inicia - com o clube de jardinagem, preciso de rosas para a entrada da peça. Preciso de muitas.
- Ah, era só isso? - Respondo aliviado, pensei que ele ia me espancar, sei la.
- Não. - Louis levanta lentamente e fixa o olhar de novo em mim. O olhar penetrante parecia diferente, um canto de sua boca estava levemente inclinado para cima, ele estava dando um sorriso de canto. - Por que faz isso Legosi?
- I-Isso o que? - Porra, eu gaguejei..
- Olhe pra você, estamos sozinhos numa sala pequena e você nem sequer pensa em me atacar. Por que Legosi? - O veado anda em minha direção em passos lentos chegando bem proximo do meu rosto - Você não sente vontade de me atacar?
- N-Não, por que eu faria isso? - Ele esta muito perto, eu consigo sentir sua respiração quente batendo contra o pescoço ja que o mesmo é mais baixo que eu
- Por que se segura desse jeito Legosi? - Louis puxa minha gravata me fazendo ficar com o rosto em frente ao seu, consigo sentir nossas respirações se misturando.
- Q-Que jeito?
- Eu estou bem na sua frente, vamos Legosi, me ataque. - Ele coloca uma das mãos no meu rosto passando pela minha boca fazendo alguns dos meus dentes ficarem a mostra. - Me mostre como você é selvagem, me mostre como esses dentes são pontudos.
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- L-Louis, - Seguro os braços dele tentando o afastar - vo-você esta muito perto.
- Suas garras estão afiadas. - Ele comenta
- Me desculpe, eu cortei ontem, mas hoje de manhã elas ja estão assim de novo
- Me arranhe.. - Louis sussurra no meu ouvido
- O-O que? - O veado me solta e arruma suas roupas
- Pegue as flores por favor, o clube de jardinagem fica no ultimo andar. - Ele se senta novamente na cadeira e foca sua atenção no notebook. - Feche a porta quando sair.
Eu assinto, e saio quieto fechando a porta atras de mim. O que foi isso? Ele nunca fez isso antes, por que do nada e por que comigo? Qual é o problema dele? Qual é o meu problema?
