"Você, meu amigo, é um bruxo"

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* * *


- Eu não fiz nada! - O pequeno Josh esfregou a bochecha onde a professora tinha lhe batido, e Marina aninhou o filho em seus braços.

- Você fez, filho - Ela disse gentilmente, afagando os cabelos dele - Foi um acidente, mas vamos esquecer isso por agora, sim? - Marina sentiu o coração apertar - Seu pai era muito parecido com você.

- Sério? - A voz dele saiu como um sussurro, e a mulher hesitou na resposta. Tantos anos se passaram e mesmo assim, era difícil falar sobre aquilo.

- Você tem os olhos dele - Marina beijou a bochecha do menino, e se levantou - Venha, vamos brincar em seu quarto.

Josh piscou novamente, encarando o teto, fazendo a memória desaparecer. Ele passou a mão na bochecha, como se pudesse sentir o tapa da professora do Jardim de infância, tantos anos antes.
Tudo por causa de um acidente.

Levantou-se, encarando a parede azul mais uma vez, e seus olhos pousaram sobre a roupa que tinha usado no dia anterior. Teria colocado para lavar, mas queria ter certeza que a mãe não visse ele usando as coisas de seu pai, muito menos que soubesse que ele havia abrido o baú do sótão.

Correndo os dedos pelo tecido, ele se lembrou de não sentir raiva de seu pai. Ele tinha, sim, direito de sentir raiva, mas não se via no direito de sentir raiva de quem sua mãe um dia havia amado.

Sua atenção se desviou até o porta-retrato que descansava ao lado da sua cama, uma foto dele e de seus melhores amigos, Annabeth e Teddy. Um sorriso involuntário apareceu em seus lábios, mas ouviu sua mãe lhe chamar, então largou a imagem e foi até a cozinha no andar de baixo, sem antes dar uma espiada na janela para ver se Anna já estava acordada, como sempre fazia.

- Josh, pode pegar o correio para mim, por favor? - Marina pediu, e o garoto obedeceu. Não havia muitas cartas. A maioria era de contas para pagar e de outros assuntos que não eram muito interessantes, até que...

Uma carta levemente grossa e robusta, selada com algo vermelho que mais lembrava giz de cera e escrita com tinta verde lhe chamou a atenção.

Bennet, Joshua
O segundo quarto no 2° andar
Rua Pennywood N° 24
Redditch

Um turbilhão de pensamentos invadiram sua mente. Não podia ser a carta de que Teddy e Anna tinham falado, podia? Josh nunca tinha recebido uma carta na vida, mas sentia que tinha algo errado com aquela em específico.

Foi para a cozinha, onde sua mãe estava preparando o almoço, quando seus olhos pousaram em seu filho, que segurava uma carta familiar em mãos. A expressão facial de Marina mudou, como se estivesse em choque, mas Josh estava ocupado examinando o lado de fora da carta para notar.

- Eu recebi essa carta, mas - Josh encarou a mãe - O que isso significa? Annabeth e Teddy disseram que talvez eles me mandassem uma, mas eu não acreditei.

Marina se assustou com aquela informação e arregalou os olhos, antes de estender a mão para pegar a carta, e Josh entregou. Os dedos finos e delicados dela acariciaram o papel, antes de olhar para ele com urgência no olhar.

- Temos que falar com os Weasley - Ela parou e encarou o filho nos olhos, seus olhos azuis com um brilho misterioso e preocupado - E está na hora de você saber mais sobre seu pai.

* * *


- Eu sou o quê? - Perguntou ele novamente, não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

- Você, meu amigo, é um bruxo - Teddy disse, com um sorrisinho, e Josh se virou para sua mãe, que tinha as mãos no rosto, sentada ao lado de Ellen no outro lado da sala.

- Você sabia disso?

Marina não respondeu, seus olhos azuis encarando vagamente um ponto na mesa. Ele olhou em volta, esfregou as têmporas, estressado, e levantou ambas as mãos.

- Quem aqui é um bruxo levanta a mão, por favor?

Todos menos Marina levantaram as mãos, e Josh levantou as sobrancelhas, surpreso, e encarou Annabeth e Teddy, e esse mudou os cabelos de cor, e ele quase caiu da cadeira.

- Como você fez isso?? - Josh perguntou, confuso, e Teddy apenas sorriu de canto.

- Metamorfomagia - Ele explicou, e Josh tentava processar aquilo tudo, enquanto Anna continuava calada, apreensiva. Sentia o estômago embrulhar, sem saber exatamente o motivo. Sentiu o olhar dele recair sobre si, mas não olhou para cima.

- Hogwarts é uma ótima escola - Disse Carlinhos, tentando tranquilizar o garoto - E você não estará mais sozinho, certo Teddy?

- Vai ser muito legal!! - Teddy levantou da mesa, os cabelos castanhos agora estavam amarelos - Vamos aprender a fazer feitiços!! A gente também vai ter aula de Transfiguração, a professora McGonnagal é legal, pelo menos é o que meu padrinho diz...

Aliviado, Josh encarou Annabeth. Percebendo que ela estava tensa, sorriu. E a morena sorriu de volta. Teddy pediu licença aos adultos e arrastou os dois até o quarto de Anna, onde poderiam conversar sobre Hogwarts e tudo que tem lá.

Ellen ainda segurava a mão da vizinha, que ainda se mostrava muito abatida. Carlinhos pegou Helena e Oliver e subiu as escadas, deixando as duas mulheres á sós.

- Ele vai ficar bem - Disse a ruiva, e ela suspirou.

- Tem certeza?

Ellen Weasley olhou Marina nos olhos, e a balançou na altura dos ombros, como se quisesse que ela confiasse no que estava dizendo.

- Certeza absoluta - A ruiva disse, gentil, abraçando-a, e sentiu algo molhado cair em seu ombro.



* * *

A MORENA POTTEROnde histórias criam vida. Descubra agora