golden snitch

segundo

Já fazia quase um mês que o plano tinha sido inventado, e por mais que Minho estivesse relutante, a partida de quadribol que tiveram pouco depois foi decisiva para o garoto. Jogaram contra a Lufa-Lufa, e para sua infelicidade tinham perdido de 130 a 210; Por mais que estivesse quase lá para pegar o bendito pomo de ouro, se distraiu com um balaço que passou próximo demais de sua cabeça, dando uma vantagem valiosa para a apanhadora lufana, que ergueu triunfante o pomo, dando fim a partida da vez.

A ação na verdade foi mais sutil do que Seungmin sugeriu e Hyunjin imaginava. Vez ou outra Minho se aproximava de Jisung, usando Changbin como desculpa, mesmo que o baixinho quase nunca estivesse presente. As vezes oferecia ajuda com Transfiguração, vendo que o Han tinha dificuldade com a matéria, ou pedia uma segunda opinião nas classes de Astrologia, ou mesmo oferecendo um amistoso de quadribol para aquece-los para os jogos que viriam pela frente.

-Jisung, entenda de uma vez que é Crinus Muto, e não Mudo. Desse jeito você nunca vai conseguir passar nessa matéria!

-Mas hyung, eu achei que essa matéria seria mais fácil, eu não tenho motivação nenhuma pra estudar...

-Ok, me escuta- Minho segurou as mãos do Han, e ficou de frente com o sonserino, próximo o suficiente para invadir o espaço pessoal do outro- Se você tirar mais do que B+ nessa prova, eu te levo no Três Vassouras e pago tudo que você pedir.

-Hyung, você sabe que não precisa disso...- Jisung desviou o olhar do mais velho, mas abriu um sorriso- E, além do mais, você não teria galeões o suficiente para me alimentar.

E, de fato, Jisung conseguiu sua nota e Minho teve que cumprir sua parte, levando o garoto para o restaurante. Lá, os dois beberam cerveja amanteigada e hidromel, enquanto conversavam sobre seu passado.

-Então quer dizer que você nunca desconfiou dos seus pais? Tipo, nunca?

-Olha, não é bem assim- Jisung explicava sob o olhar atento do Lee.- Eu via coisas que não podia explicar, mas eu achava que era impressão minha ou alguma coisa assim. E eu sempre fui muito tranquilo, nunca mandei nenhum primo pro telhado nem nada do tipo...

-Ah Jisung, eu tinha sete anos, para de me julgar!

E os dois riram até dar a hora de voltarem para o colégio, e caminharam sobre a neve, vez ou outra parando apenas para zoarem um com o outro, jogando bolas de neve ou lançando feitiços leves. Em um deles Jisung caiu na rua, para seu azar na parte áspera que não estava coberta de neve fofa, e acabou machucando a mão. O corte em sua palma sangrava de leve e, pela expressão dele, ardia. Minho imediatamente se ajoelhou e lançou Episkey, um feitiço leve de cura, mas que foi suficiente para que o machucado do Han se fechasse. E os dois ficaram no chão, sem desviar seus olhares e hipnotizados, foram se aproximando, até que Jisung quebrou a distância entre os dois beijando Minho, que imediatamente segurou o rosto do mais novo e se entregou ao selar que tanto desejava.

Os dois ficaram no chão ainda por um tempo, até que se levantaram e, envergonhados, seguiram caminho de volta para Hogwarts. E, ao chegarem no hall de entrada, voltaram a olhar um para o outro. Dessa vez foi Minho que iniciou o beijo, não se importando com quem pudesse ver, segurando Jisung pela cintura e se afastando quase tão abruptamente quando se aproximou, disse um tchau apressado e foi correndo até as escadarias, não sem antes olhar pra trás e ver como o sonserino não conseguia disfarçar a cara de bobo acenando para o corvino.

E assim as semanas se passaram, os dois se aproximavam cada vez mais, e Minho até torcia para o time da Sonserina de vez em quando, enquanto Jisung gritava a plenos pulmões em todas as partidas da Corvinal. Os amigos já tinham notado o quão próximos os dois estavam, e zombavam deles sempre que a oportunidade surgia. Vez ou outra se reuniam nas estufas de Herbologia para trocarem uns amassos, e conforme os NOMs chegavam perto de acontecer, Jisung ajudava Minho a estudar na biblioteca, seja perguntando a matéria ou simplesmente estando lá para segurar a mão do Lee e afirmar que ele tiraria as melhores notas, como sempre.

Tudo ia perfeitamente de acordo com os conformes, e Jisung tinha convidado Minho para ser seu acompanhante no baile de final de ano, e o garoto não tinha como negar. Os garotos tinham ido juntos comprar os trajes, e Minho percebeu que Changbin o evitava. Enquanto os garotos provavam as roupas, o Lee decidiu conversar com o outro.

-Bin, tá tudo bem?

-Tudo ótimo Minho, tudo ótimo.- ele respondeu seco, mas não levou mais do que alguns instantes para voltar a falar.- Não, na verdade não tá tudo bem. Eu não acredito que você está usando o Jisung nesse joguinho sujo de vocês.

Changbin estava possesso e Minho mal sabia o que dizer. Já tinha se esquecido completamente do plano dos garotos, e nem o havia posto em prática de fato.

-O Jisung é um dos meninos mais doces que eu conheço, mas vocês não hesitaram em magoá-lo não é? Porque vocês falam da minha casa, mas os egoístas aqui são vocês! Antes de vir pra Hogwarts ele mal tinha amigos, ele tinha medo se deixar vulnerável e vocês não estão nem ai pra isso, simplesmente fez o menino se apaixonar por ti pra ganhar um maldito jogo de quadribol.

Changbin estava vermelho de raiva, parecia a ponto de explodir, mas um barulho lhe chamou atenção na direção dos provadores. Era Jisung, que tropeçara num manequim, e tinha lágrimas nos olhos. Ele nem sequer hesitou em trocar o traje formal por suas roupas e sair daquela loja sem olhar para trás. Mas Minho o seguiu, e puxou seu braço antes que ele pudesse ir para longe demais.

-Jisung, por favor, deixa eu te explicar...

-Explica então Minho! Explica que história é essa de você me usar por um maldito jogo de quadribol!- o garoto gritava, o choro escorrendo por seu rosto.

-Os meninos, eu... a gente estava frustrado por estar perdendo todos os jogos pra Sonserina. E nós achamos que talvez vocês tivessem algum truque, uma poção ou algo assim pra sempre ganhar, e então o Seungmin disse pra eu me aproximar de você pra ver se eu descobria alguma coisa. Mas não foi por causa disso que eu te beijei, eu juro!

-Só isso? Vocês não planejaram mais nada?

-Bem...- a expressão de Jisung mudou de decepção para algo mais que raiva, mas Minho negava ser ódio. O sonserino não poderia odiá-lo certo?- Os meninos pensaram em te dar uma poção de Malagarra...

-Você realmente pensou em me dar uma poção do azar? Por um maldito jogo de quadribol? Você realmente não é quem eu pensei.- o Lee tentou segurá-lo, mas Jisung se esquivou.- Não encosta em mim! Não chega perto de mim!

E Minho observou o garoto ir embora, e ali ele soube que estava sem par pro baile, com culpa demais na cabeça e um coração partido para consertar.