Você ainda quer estar aqui?

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O vento da madrugada aumenta o tremor do corpo, e através dele, disfarçou o nervosismo. No momento se encontra em frente à última casa da rua, sem saída e vazia. Não há uma única alma ao redor, provavelmente todos estão dormindo naquele horário. 

A luz da varanda de Chae está acesa, então deduziu ser um bom sinal. Ele se aproximou do portão e observou a fachada azul entre as pequenas barras. Não parece um local assustador, há vasos de orquídeas espalhados pelos cantos, além de outras mudas que não pôde identificar.

Quando encontrou a campainha, permaneceu com o dedo sobre o botão por um tempo. A impulsividade não vem sozinha, ela é um sentimento traiçoeiro que carrega no bolso o nervosismo com pitadas de medo. Nem ao menos se sente apresentável, mas não conseguiu se preparar melhor por causa da excitação. Por sorte mantém sua higiene em dia, principalmente em relação aos pêlos, detalhe que odeia encontrar em seu corpo.

Em um surto de coragem, pressionou o botão. O silêncio ao redor era tanto que pôde ouvir o som da campainha do lado de fora junto às batidas aceleradas em seu peito.

Enfiou as mãos dentro dos bolsos do sobretudo macio enquanto aguarda. Em instantes, passos captaram sua atenção para a porta. Ela foi aberta o suficiente para apenas a cabeça de um homem surgir.

— Posso ajudá-lo? — sua voz é rouca, combina bem com os olhos arredondados.

Hoseok não soube como explicar a situação, então ergueu o passe em sua frente.

— Um amigo me deu…

— Quer entrar? — a pergunta surgiu tão rápida quanto ao gesto de abrir a porta — Eu sou Chae Hyungwon, caso tenha dúvidas.

Não imaginou que ele fosse tão esguio, seus ombros largos combinam com a camisa longa e fina. Além disso, quando o viu se aproximar pôde notar a grossura de seus lábios, cheios a ponto de parecer um pequeno coração.

O portão destrancado trouxe consigo a fragrância suave de um perfume masculino, ele parece ter acabado de sair do banho.

— Acordei você? — desejou confirmar, por mais que não haja uma única gota de sono em seu rosto.

— Na verdade não. Hoje eu dormi cedo e acabei acordando no meio da noite por falta de sono. — ele respondeu, gesticulando para adentrar a varanda.

Hoseok o observou fechar o portão sem deixar de admirar o movimento suave de suas costas.

— Raramente tenho visitas nesse horário, você me surpreendeu.

Hyungwon passou ao seu lado, dando-lhe um pequeno sorriso. Hyunwoo estava certo ao descrevê-lo, ele é encantador e parece ainda mais belo do que imaginou.

Do lado de dentro a temperatura ajuda seus dedos a aquecerem. Há uma pequena sala composta por estantes de livros e uma única poltrona, parece solitário, porém aconchegante.

Eles cruzaram o local, indo em direção ao corredor dos fundos, repleto por portas.

— O que seu amigo te contou?

Ponderou antes de responder, não sabe ao certo se deve ou não ser sincero sobre aquilo.

— Nada além do seu horário.

— Apenas isso? — ele insistiu, parando em frente a uma das portas.

— E sobre ter sido… bom.

— Qual o seu nome?

— Hoseok.

— Você é passivo?

Sobressaiu com a pergunta repentina, é difícil se manter calmo com órbitas escuras cravadas em sua direção. Receoso, apenas assentiu. 

— Não precisa ter vergonha, quero te conhecer.

Fetiche (2Won)Onde histórias criam vida. Descubra agora