MR. PINGUIM: Por favor, não me leve a mal. Nós somos o que somos.GOTHAM
EVER
Sede: Localização confidencial
O silêncio gritante ensurdecia nossos ouvidos. Sem precisar olhar eu sabia que estávamos todos desesperados. Nosso chão havia desabado. Em um dia você não tem nada e não é nada, e então se torna alguém e quando começa a se acostumar com a ideia de que talvez faça parte de algo, a algum lugar e alguma coisa, ela também é arrancada de você.
Eu não conhecia as pessoas sentadas lá embaixo, não eram muitas. Eu podia contá-las. Eram doze. Preferi não manter contato visual com nenhuma delas, eu só queria voltar para casa e senti um golpe no coração ao me dar conta novamente que não tinha mais uma. Então fixei meus olhos no chão recusando-me a ouvir qualquer palavra de qualquer pessoa. Não percebi que o anúncio da nossa ruína havia terminado até Walter tocar no meu braço me tirando de um transe mental.
_ Vamos! Já está tudo terminado.
Levantei-me e sai. Não olhei para as pessoas em nenhum momento, segui reto junto com Walter até a nossa porta privada, tive a sensação de que se olhasse para eles, eles poderiam me alfinetar com adagas afiadas, como se eu fosse um enorme alvo colorido.
_ E então?
Finalmente falei alguma coisa, depois de muito cogitar o que deveria ou não falar.
_ Vamos todos tirar umas férias por algum tempo.
Respondeu ele,tentando tornar seu sorriso o mais natural possível.
_ Isso me parece muito otimista da sua parte.
Talvez eu estivesse exagerando, pela pressão do momento, mas me parecia que aquilo não iria acabar tão rápido. Eu conheci o lugar, mas não sabia onde ficava, e até agora não fazia ideia. E se alguém descobriu onde era e carbonizou todos que estavam lá, com certeza não era uma brincadeira de gato e rato. Se Cai estava nos escondendo, a coisa estava muito feia. Em todo o período que lidei com Cai nunca o vira recuar por uma ameaça ou ataque. Se ele tinha medo, então estávamos todos destinados à catástrofe.
_ Isso me parece uma possibilidade. Uma possibilidade muito promissora.
_ É bom ouvir isso.
Realmente soava bem aquelas palavras, pois quase se parecia com a verdade.
_ É bom dizer isso.
Passamos nosso cartão de identificação e fizemos reconhecimento ocular após digitarmos nosso número no elevador.
Walter estava inquieto, passando as mãos pelas sombrancelhas constantemente e sem perceber comecei a observar como ao longo dos anos seus traços haviam sido modificados. Ele estava mais forte do que eu me lembrava quando pequena. Sua pele estava mais bronzeada e agora seu cabelo estava loiro escuro em um corte prático. Ele havia extrapolado o limite de pegar sol, mas ainda era ele. Ainda era alguém com quem passei muito tempo.
Descemos no nosso departamento, mas não fomos para nossos quartos. Procurando qualquer motivo para não ter que fazer as malas.
_ Os alojamentos foram proporcionados. Cai não colocou seu nome. Você tem um lugar parar ir?
_ Suponho que ele tenha para mim.
_ Ele tem.
_ Ele te mandou fazer isso também? Não pode dar as caras... Como sempre.
_ Ele quer que você volte para mansão.
_ Como...?
_ Ninguém sabe de você. Ele sempre cuidou em te deixar na surdina. E você demonstrou fazer o que tinha que fazer bem discretamente, afinal você fez muita coisa. Mas ninguém sabe quem você realmente é e o que realmente faz. Nem mesmo todas aquelas pessoas que sempre estiveram aqui, sabiam da sua existência. Você sempre foi a arma secreta dele. Você não tem que se esconder em nenhum alojamento. Já passou tempo demais escondida nas sombras.
Toda aquela conversa estava ficando óbvia para mim.
_ Ele quer que eu retome o negócio da família?
_ Também.
_ Ok.
_ Uau, milagrosamente isso foi muito fácil... mas, tem mais uma coisa.
_ Seja lá o que for, não quero saber.
Uma vontade súbita de andar sem rumo, seguindo o vento, me veio ao espírito. Eu não queria estar ali, ouvindo um monte de formalidades sobre o que queriam que eu fizesse e o que não. O que eu deveria ou não. Quais condições e favores eu teria que cumprir. Eu queria engolir a rua sem destino e sumir na noite.
_ Estão todos separados em duplas, mas sem contato algum com os outros assassinos. Um cuidando do outro.
_ Isso tudo para dizer que quer dormir na suíte da minha casa?
_ Não sou eu que vou, Ever.
_ Ok, a suíte é minha então.
_ Ele vai passar por seu guarda-costa, o que será um bom disfarce, já que vai se tornar uma figura importante em seja lá qual for a sua cidade.
_ Não preciso que cuidem de mim.
_ Não estamos fazendo isso por você. Estamos fazendo isso por ele, vai ter que cuidar dele.
_ Ele é mudo e paraplégico?
_ Não, mas pode controlar seus passos. E ele não se atreveria a ser uma pessoa amigável e falar com você.
_ Sem chance, Walter. Eu posso até voltar para o fim de mundo se é o que ele quer, mas não vou ser babá de ninguém.
_ Você viu... Você viu o que fizeram no internato. Você era a única que conhecia aquele lugar. Você não sentiu nada?
_ A vida deles iria acabar em desastre de qualquer forma.
Tinha saído mais ríspido do que eu imaginara.
Não era exatamente uma mentira. Mas tinha saído grosseiramente insensível dizendo daquela maneira, naquele momento.
Que tipo de vida um adolescente tinha para aceitar ser torturado e treinado com o bjetivo de se tornar um assassino? Provavelmente uma vida deteriorada para cair numa enrascada como aquela. E eu bem sabia que vida tínhamos após o objetivo ser alcançado e apesar de não desejar em hipótese alguma que eles morreressem da forma e motivo que morreram, também não desejava a eles o que eu tinha. A vida que eu tinha.
_ E o lema de proteger os seus? Onde isso fica?
_ Na boca de quem disse.
Eu me perguntava quem iria me proteger se tudo piorasse e a bomba viesse em minha direção. Apesar da honra e orgulho que OS ASSASSINOS possuíam, o medo é sempre um sentimento inesperado que nos faz tomar atitudes inesperadas.
_ Você disse isso. Quando realmente decidiu ficar.
Muitas vezes me arrependo do que digo, mas raramente volto atrás. Eu negocio.
_ Seis meses Walter, seis meses.
_ Acho que nossas "férias" termina muito antes disso.
_ Como pode saber disso?
_ Antes de dar o bote a cobra se enrola... Você não acha que as coisas vão ficar assim como estão, acha? Te garanto... Não por muito tempo.
_ Vou esperar deitada, literalmente. Aquela casa tem uma cama muito boa.
_ Não vai fazer as malas?
_ Tudo que preciso está no Porsche.
_ No porshe só tem gasolina.
_ E daí, eu sou uma milionária agora.
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Sanguinários
ActionApós uma explosão em um internato para adolescentes que ingressariam no forte dos assassinos, o patriarca se sente ameaçado e recua, esperando a poeira baixar. O restante dos seus assassinos, em destaque uma das protagonistas, Yuno, irão sucumbir à...