Capítulo 1

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Bom dia, em que posso ajudar? – fui retirada dos meus devaneios por uma atendente da loja em que eu me encontrava parada.
- Bom dia, você teria desse macacão azul? – perguntei, apontando pra uma roupinha de neném da vitrine.
- Temos azul, verde, amarelo, branco e rosa, senhora. É pra seu filho? – ela perguntou casualmente.
- Hum, não, pra meu sobrinho recém-nascido. – respondi sorridente.
- Gostaria de me acompanhar? Posso te mostrar esse e vários outros modelos...
- Tudo bem.

Acabei levando várias roupinhas e outros apetrechos de criança. A verdade é que sou apaixonada por crianças, e agora que minha irmã deu a luz a um lindo menino, eu me sinto a própria mãe do bebê. Bruna, minha irmã, vive reclamando dos meus presentinhos, diz que vou estragar o menino. O que eu posso fazer se não resisto? Se não tenho um, pelo menos tenho que mimar o meu sobrinho, né?
Se o idiota do meu namorado não fosse tão medroso eu já teria o meu filhote...

Flashback on:

Estávamos deitados de conchinha na minha cama, quando resolvi retomar aquele velho assunto.

- Querido você já pensou naquela nossa conversa?
- De novo com isso? Não tem nem duas semanas que conversamos sobre isso, Babi!
- Duas semanas que você ficou de pensar no assunto e até agora nada...
- Babi, - ele se sentou e suspirou profundamente – Sinceramente, não acho uma boa ideia...
- Hunf... – bufei e me sentei da mesma forma – Não entendo qual o problema com isso! – resmunguei indignada.
- Qual o problema?! Não é só um problema, são vários problemas!!! – ele berrou exasperado.
- Como o que?
- Como você ficando imensa feito um balão, você vomitando em tudo que é lugar, você tendo crises de humor, você tendo desejos malucos, você não querendo fazer sexo quando estiver com barrigão, você de resguardo, a criança chorando de noite, a criança fazendo xixi toda hora, fazendo côcô, gofando, etc, etc e etc! Tá bom ou quer mais?!
- Quem vai ficar grávida sou eu e não você, francamente, você está se incomodando com uma coisa tão boba! Se eu vou ficar gorda o problema é meu, e você fala como se isso fosse durar pra sempre, são só nove meses!
- E a criança? Não é só nove meses e você sabe disso. Eu não estou preparado pra ser pai.
- Ninguém está preparado. Ninguém nasce pronto pra ser pai nem mãe. Mas nós já temos responsabilidade e condições o suficiente pra criar nosso filho...
- Se você se sente preparada problema seu, eu não me sinto bem com isso, sério, Babi, eu não quero isso pra mim, não agora...

Meu namorado era um cabeça dura, fato. Não dava pra ter uma conversa racional com ele. Queria saber de onde vinha esse medo idiota, deve ser mal do sexo masculino, parece que todos eles têm medo de ser pai. Ridículo. Se fossem eles a sofrer com as dores do parto, mas eles não passam por nada que a gente passa, e são eles a reclamar com a gestação. Eu só queria um filho poxa! Não há nada demais nisso, né?
Sabe o que é mais chato do que isso? Ele nem confia em mim, acha que vou dar o golpe da barriga a qualquer instante. Eu tomava aquela porcaria de pílula anticoncepcional há 4 anos, religiosamente, e ele ainda insiste em fazer sexo com camisinha. Não é ridículo? Foi por essas e outras que parei de me preocupar com isso, parei de tomar a pílula, e se ocorresse algum problema com os preservativos, azar! Quem manda ele ser um chato?

Flashback off.

Andava pelas calçadas de Londres, apressada devido ao temporal que ameaçava cair. Aqui era sempre um perigo andar desprevenida em pleno inverno.
Parei num ponto de táxi, mas não havia nenhum. Os que passavam, estavam cheios, ou simplesmente não paravam. Estava começando a me preocupar, as primeiras gotas de chuva já molhavam meus cabelos.
Esperei mais um tempo e nada de táxi. Me pergunto, por que diabos deixei meu carro na garagem? Ah é, eu detesto dirigir. Fato este que está me fazendo passar por esse transtorno. E olha que maravilha, começou uma ventania horrorosa e milhares de papéis e poeira eram arrastados pra todos os lados. A tempestade de poeira e água estavam tão forte que precisei me segurar no poste pra não ser arrastada. As pessoas passavam correndo, desesperadas; carros começaram a congestionar e buzinas acionaram freneticamente. Tudo virou um pandemônio e eu estava perdidinha sem saber o que fazer.

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⏰ Última atualização: Apr 10, 2020 ⏰

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