003.

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-Bom dia, fofa - digo à S/N.

Estava encostado no armário dela, a esperando chegar. Nem a pau vou perder mil dólares!

-Tira seu corpo pegajoso do meu armário - diz.

Desencosto de seu armário, com as mãos para cima. Ela puxa a manga de seu casaco, cobrindo as mãos, e abre o armário.

-Isso é realmente necessário? - pergunto.

-Desde que eu não queira pegar alguma bactéria, sim. Eu sei lá por onde você andou, ou com quem andou.

-Nossa, assim você machuca meus sentimentos - disse, botando a mão sobre o peito.

-Desculpa, hetéro top - ela disse, debochada.

-Eu não sou hetéro top!

-É, é sim.

-Não sou não!

-Quanto mais nega, mais hetéro top você parece - S/N fala, fechando seu armário.

-Tá, tanto faz. Tem planos para hoje? - pergunto, andando ao seu lado.

-Sim. Te ignorar - ela disse, entrando na sala do senhor George.

Por sorte, também tinha matemática no primeiro tempo.

-Você não vai aguentar! - digo, sentando ao seu lado.

Ela não responde nada. Isso é sério?

-Não me ignora, eu não te fiz nada!

Silêncio.

-Ah, S/N, por favor!

Mais silêncio.

-Se você não me ignorar te dou um beijo. - Silêncio. - Uma barra de chocolate? - Silêncio. - Eu te deixo em paz?

-Feito - ela disse, esticando sua mão (ainda coberta pela manga do casaco), e aperta a minha minha.

O professor entro na sala, e da sua inútil aula.

[...]

-Eaí? Vai ser hoje à noite? - Krys questiona, quando sento ao seu lado.

Não o respondo, e mordo um pedaço da minha maçã.

-Você não conseguiu chamar ela pra sair! - Wang disse, rindo.

-Ah, cala a boca! Nem parece que levou um fora da Sabina Hidalgo - falei.

-Ela é intercâmbista, ok? É normal que ela não queira um relacionamento sério.

-Ah, e dizer "Eu não te tocaria nem com um graveto, babaca" não é um fora? Porque se não for, me diga o que é.

-Ela não arranjou forma melhor de terminar o nosso lance.

-Vocês só se beijaram! Num jogo de Verdade ou Desafio!

-Eu vou embora - falou Wang, pegando sua bandeija e saindo da mesa.

-Já vai tarde - murmuro.

-Noah - Heyoon diz, se sentando ao meu lado. Vejo que seus olhos estão marejados.

-Ei, Regina George, o que foi?

Sim, eu a chamo de Regina George. É um apelido que pus nela. Ela gosta, diz que ser comparado à uma diva a torna mais diva do que é. Convencida.

-Eu estou com um grande problema - ela diz, com a voz embargada.

-Me dá - disse, esticando a mão.

-O quê?

-A garrafa. Me dá a garrafa que eu abro pra você.

-Não é isso! - ela exclama. - Acho que...

-Acha que... - repito, no mesmo tom que ela, quando Heyoon para de falar.

-Eu acho que estou apaixonada - Heyoon fala rápido e fecha os olhos, como se aquilo fosse algo ruim de se dizer.

Bom, acho que era. Estar apaixonado é sinônimo de estar fudido segundo o dicionário eu.

-Meu Deus! - falo, rindo.

-Não ri, isso é sério!

-Ok, ok. Quem é ele?

-Não é ele - ela diz.

-É uma menina? - questiono.

-Sim... - ela diz, como se sentisse culpada.

-Está tudo bem, Heyoon, não há nenhum problema nisso - digo, segurando seu queixo e levantando seu rosto.

-Meus pais... Eles vão querer me matar, Noah.

-Mas eles te amam - digo.

-Mas eles nunca iriam aceitar isso!

-E quem disse que eles tem que aceitar? A vida é sua. Você pode se apaixonar por quem você quiser. E eu acho que ser bi em vez de "fake bi" te deixou mais magra - falo e ela sorri.

-Sério? - ela questiona, e eu assinto. - Te amo. - Ela me abraça.

-Também te amo, Regina George.

Uma coisa que essa conversa me mostrou foi que, mesmo existindo um amor forte, o ódio pode quebrá-lo. Os pais de Heyoon a amavam, mas deixariam de amá-la se descobrissem que ela estivesse apaixonada por uma garota. Entendem quando eu digo que o amor é o vilão?

LOVE AND HATE - IMAGINE NOAH X YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora