Entre amor e ódio

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Haviam se passado alguns anos desde que Macarena Ferreiro passou a cumprir sua pena na Cruz do Sul. A jovem mulher loira, ingênua, que foi enganada por seu chefe passou por altos e baixos ali, junto das diversas mulheres da prisão; entre elas Cachinhos, assim que Macarena pôs os pés na prisão, sempre foi alvo de cantadas dela. No final das contas, Macarena cedeu a suas provações e descobriu que era bissexual, foi um relacionamento que não deu certo, mas se tornaram grandes amigas.

Em um extremo em relação a Maca e Cachinhos, tinha Zulema, a mulher mais temida da prisão, inclusive pelos próprios funcionários. As duas se odiaram desde que a loira, em seu primeira dia na prisão, havia sido designada para a mesma cela que a mulher árabe.

Não tiveram uma boa primeira impressão por nenhuma das parte.

A mulher loira tinha um semblante abatido, estava um pouco encolhida, com medo, que recebeu um olhar fuzilante da árabe por se atrever a entrar na cela, intercala seu olhar entre a nova presidiária e a carcereira que acompanhava. Macarena não tinha a mínima vontade de ficar junto da figura raivosa, iria para outra cela sem pestanjelar se pudesse. Por fim, Zulema saiu vitoriosa, ameaçou a carcereira e pediu que levasse a mulher para outra cela.

Macarena sempre foi um pouco azarada, sempre aparecia na hora e momento errado, o que a deixa pouco encrencada nas mãos da árabe. Conforme Maca foi lidando com a realidade da prisão, foi se moldando, deixando de ser uma mulher ingênua, tinha mais atitudes, aprendeu a se defender e jogar o jogo da Zulema.

Essas duas eram como cão e gato, brigavam mais que tudo, as vezes a loira tinha a impressão de que era tudo de propósito, digo, é óbvio que Zulema por suas próprias razões se formatava de maneira intimidante com as coisas pessoas, gostava de um jogo de ofensas, ameaças... sentia que ganhava um atenção especial nesse quesito, como se gostasse de ter uma rixa com ela? Até porque Zulema poderia ter tirado Maca de seu caminho como se fosse tirar doce de uma criança. Era um tanto estranho, as presidiárias comentavam por qual motivo a mulher loira de certa forma conseguia sair ilesa das mãos da mulher mais temida dali.

Foi construída uma relação curiosa entre essas duas mulheres, já quase mataram uma a outra tantas vezes, em outras se alinhavam por ter interesses em comum. Estavam longe de ser amigas, mas também não eram inimigas. Com o passar dos anos essa relação for deixando de ser perigosa e for se tornando mais... amena? Era algo indescritível, parecia quase como que uma espécie de amor doentio e incumbado. Eram orgulhosas de mais pra dizer que o ódio que sentiam foi transformado por uma amizade não muito usual.

No íntimo de Macarena, sentia um pouco de falta de comos as coisas eram, tirando a parte que tinha medo de dormir e nunca mais acordar por influência da árabe, gostava das... discussões? Estar olho a olho dela, ver que o negro e opaco de seus olhos poderiam se tornar hipnóticos se fitasse por muito tempo, o ar que susperior a todos que emanava de seu portar. A achava um tipo de mulher muito séria e com seu sorriso de sociopata, mas também estranhava que de alguma forma muito peculir gostasse de olhar pra ela, ver o sorriso diabólico, sentir seu olhar matador penetrar em suas entranhas.

Por ironia do destino, a mulher árabe, aquela que todos se sentem intimidados, a sociopata e narcisista, Zulema Zahir, passara a nutrir a um bom tempo um sentimento diferente de ódio. Jamais disse ou tentou demonstrar.

Após quatro anos, a detena que tinha medo de sua própria sombra na prisão, se tornou uma mulher sagaz, adquiriu muita sabedoria e experiências com diversas coisas que nenhum instituto de ensino pode oferecer. Fez a faculdade da vida, em alguns momentos da pior maneira mas aprendeu a lidar com tudo e hoje é uma mulher madura e que sabe lidar com tudo que vida pode lhe trazer.

Em algumas horas abraçaria a libertade, estaria livre. Para cada passo que dava recebia um abraço e fala de despedidas das mulheres com quem criou uma certa afinidade.

One Shot's ZurenaOnde histórias criam vida. Descubra agora