"Eles são meus amigos, eles só não gostam de você...você é estranho Finn"
Dando passos mais rápidos e um pouco mais a frente que eu, você me detonava e falava coisas sem sentido para mim mas eu gostava de ouvir sua voz tagarelando e preenchendo todo o vazio da minha parte que soltava apenas barulhos concordando.
"Finn, por que me trouxe até em casa?"
Sua pergunta me fez gelar e ativar a adrenalina do meu corpo.
"Seus amigos não são seus amigos, até mais"
Virei a esquina de sua casa e cheguei na minha, vazia porquê minha mãe trabalhava a noite em um hospital e pela manhã ela servia cafés em uma lanchonete, enquanto isso meu pai estava por aí em algum lugar no mundo.
Sentado na escada era onde via minha mãe ser chutada e esmurrada, eu gritava mas acabava sobrando para mim o resto da raiva, são cortes da alma que são feitos por uma criatura tão minúscula com o poder enorme de me machucar permanentemente, e o pior é que quando eu implorava para irmos embora minha mãe dizia que o amava, aquela pessoa horrível não merecia amor.
O pesadelo acabou por causa da polícia que passava perto e escutou os gritos, se não fosse por isso, nós ainda estaríamos afundados nesse ciclo.
Nesse tempo eu tinha raiva acumulada dentro de mim, quebrava tudo e não me importava até conhecer ela.
Uma garota do conselho estudantil, com suas sardas e cabelos ruivos, lembro de quando se aproximou e eu estava ignorando qualquer coisa mas ela exalava seu cheiro doce e o jeito que falava era mais ainda.
Ela era perfeita, com a vida perfeita.
O único erro que ela cometeu foi ter dito que me amava, eu não vi o porquê disso, não tinha sentido ou motivo palpável, foi um descuido em uma noite de apenas beijos.
Eu não merecia seu amor, eu te machuquei enquato seu coração ainda pulsava mas te salvei quando derramou teu sangue no chão de sua casa.
Ela desapareceu e eu abracei a mãe dela dando qualquer apoio, mas foi para o seu bem.
Acendi um cigarro e me joguei na cama, a cabeça explodindo de dor, quando menos esperava uma notificação.
"Vai ter uma festa na Lilia me encontra perto do estacionamento as nove"
Cliquei na foto de perfil e era a mesma morena que me encarava hoje mais cedo, se ela precisava me ver então que seja.
Uma camisa vermelha escura, uma calça preta, comprimidos fazendo efeito e a inalação da fumaça do cigarro na corrente sanguínea.
Essa era minha roupa, o de sempre em várias ocasiões.
Caminhando pelo centro do estacionamento escuro uma mão gelada segurou meu braço.
"Buh!" Nenhuma reação.
Ela rio sozinha enquanto eu tragava mais um.
Me puxou pela camisa e depositou um selinho demorado, aquela garota que me olhava tão obcecada e parecia ser cheia de estratégias glorificou em sua face a pior emoção, um sorriso bobo e um olhar apaixonado.
"Eu gosto de você, desde muito tempo" Seu toque fazia meu corpo se arrepiar e querer expulsar o mais rápido possível.
"Você me ama?"
"Amo"
