906

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906.
Esse é o meu nome.
Bom, nem sempre esse foi o meu nome. Meu nome verdadeiro é Chloe, mas nesse lugar pouco importam os nomes.
Você deve estar se perguntando: que lugar é esse? Bom... Esse é o Reformátorio.
Não um reformatório comum, mas um lugar para onde trazem todas as crianças e adolescentes consideradas anormais.

Para você ser considerado um anormal é necessário fazer um teste de anormalidade. Isso se tornou comum após o término da terceira guerra mundial. Minha mãe sempre me dizia que algum dia eu teria que fazer esse teste. E que talvez eu seria obrigada a ir para um desses reformatórios. Mas quando ela disse "obrigada", eu não tinha levado tão a sério assim.
De acordo com o que eu via na televisão antes de vir para cá, toda criança após completar 12 anos de idade, precisa fazer um teste de anormalidade para ver se possuí algum tipo de mutação no código genético.
Se der positivo você vem, se der negativo você fica.
Simples não é?
Na verdade não. As crianças que dão positivo nesse teste são forçadas a se separarem de suas famílias e são obrigadas a viver neste lugar, como eu. Elas são muito "perigosas" e podem acabar oferecendo um risco muito grande a sociedade, de acordo com o governo.

Então somos todos trazidos para estes reformatórios, para que possamos ser estudados e isolados do resto da população.
Quando chegamos aqui ganhamos um número correspondente a nossa chegada, e esse número acaba se tornando seu nome. No meu caso eu fui a 906° a chegar aqui, por isso meu nome é 906. Estou aqui a mais ou menos dois ano, e não faço ideia de quando vou poder sair.

Eu sou uma anormal.
É, euzinha aqui tenho uma mutação genética.
Mais até agr eu não entendi que tal mutação é essa. Eu pareço bem normal pra mim. Sou uma menina comum ao meu ver. Mas mesmo assim eu continuo sendo obrigada a fazer uma série de exames a cada 15 dias.
Na verdade, todos os "anormais" daqui são obrigados a fazer este exame periódico, então eu não sou a única.
Este exame é como se fosse um compilado de outros exames normais que qualquer pessoa faz, mas aqui eles são adaptados pra gente.

Alguns fazem exame de vista, outros de audição e outros fazem algo similar a uma terapia. É como se cada pessoa tivesse um tratamento diferente. A única coisa que é igual para todas as pessoas é a coleta de sangue.
Mas no meu caso - claro que tinha que ser comigo - eu preciso fazer todos esses exames. Todos mesmo!
Já fazem dois anos que eu estou aqui, e até hoje meus exames não mudaram. Mas não é isso que me incomoda. O que me incomoda mesmo é o meu setor.

Cada anormal é separado em um setor diferente conforme o nível de sua mutação.
Eu não conheço todos os setores, nem mesmo sei quantos existem. Os únicos que eu conheço são o primeiro setor que também é o meu (setor azul), e o setor verde, que é o sucessor ao meu.
E como podemos perceber, eu estou no setor mais baixo. Ou seja, eu não represento ameaça alguma. O que é muito bom, e ao mesmo tempo confuso.

Já fazem 2 anos que eu estou neste lugar e até hoje nada de estranho aconteceu comigo. Nenhuma "anormalidadezinha", por isso eu continuo no mesmo setor.
Não que eu queira ir para outro setor, mas se não tem nada de estranho comigo, porque é que eu estou aqui? Eu não consigo entender.

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